A tendência do athleisure já dava sinais de vir para ficar, mas com a pandemia e o teletrabalho instalou-se definitivamente. As roupas desconfortáveis ficaram em 2019 e agora aquilo que se quer é o conforto e descontração.

Mas, atenção, isso não significa ter de prescindir do brio ou da qualidade. Esqueça os camisolões de andar por casa, não é disso que estamos a falar. Roupa confortável, descontraída e prática convive em perfeita harmonia com o estilo — é, na realidade, uma belíssima sinergia. E há uma nova marca que prova isso mesmo: a Majatu.Studio descreve-se como a primeira marca de luxo portuguesa a focar-se no conforto e intemporalidade, garantindo a produção de peças de "excelência" de inspiração urbana.

dupla
dupla Sara Peixoto e Jorge Ribeiro, fundadores da marca

Foi trabalhada durante a pandemia e lançada em dezembro por dois amigos de infância, naturais de Viana do Castelo: Sara Peixoto, formada em Economia e Gestão de Moda e Luxo, e Jorge Ribeiro, com formação em Arquitetura.

Contempla no seu compromisso exigências sociais cada vez mais acentuadas: a sustentabilidade, a inclusão e a diversidade, aqui refletidas em peças de fabrico 100% nacional, em opções para homens, para mulheres, para os dois, e para todo o tipo de corpo.

"A diversidade e a inclusão no universo da moda continuará a ser um assunto cada vez mais importante na sociedade e que exige uma reavaliação das imagens tradicionalmente sexualizadas na indústria", explicam à MAGG os fundadores.

É por isso que na colecção, disponível online, além das malhas orgânicas, observam-se peças minimalistas, que fogem ao padrão cliché daquilo que se consideram modelos tipicamente masculinos e femininos — existindo, inclusivamente, uma categoria "genderless" (sem género).

Foram construídas com linhas intemporais, tons neutros e ausentes de padrões, estando, assim, livres de quaisquer atributos com prazo de validade, que respondem às conhecidas tendências do momento — que num dia valem e no outro já não. De camisas, a camisolas, casacos ou calças, aqui trabalham-se peças chave, umas mais formais outras mais desportivas, que ficam bem em toda a gente.

O consumo consciente e a sustentabilidade do universo da moda — universo esse que é responsável por uma enorme percentagem da pegada ecológica — foi sempre uma preocupação da dupla: "Esta busca pela sustentabilidade ambiental, necessita urgentemente de um consumo consciente de produtos, que devem ser desenvolvidos para um ciclo de vida mais longo, sendo o oposto do que acontece atualmente em grande parte das marcas."

Entrando na categoria de "luxo", as peças têm assim um valor superior (a partir dos 90€) às que habitualmente se encontram nas fast fashion. "Tentámos apostar ao máximo materiais de qualidade para criar peças intemporais, que possam ser usadas hoje e daqui a cinco anos", explicam. "A nossa mensagem é mesmo essa. Apelar ao consumo consciente, em que é preferível gastar mais numa peça que dura muito tempo do que em muitas que se esgotam rapidamente."

A marca ainda não é 100% sustentável. Não por falta de vontade, mas antes pela existência de vários obstáculos na própria indústria: "A nossa gama de básicos só usa malhas orgânicas. Mas temos, por exemplo, um sobretudos feito de 80% de lã e de 20% elastano, que é um fibra sintética. Mesmo o processo de tingir as peças envolve processos químicos", explicam. Mas estão cientes do que querem: "Queremos caminhar sempre no sentido de sermos mais sustentáveis. Uma das coisas que queremos é ter uma malha com certificado de sustentabilidade. É para aí que nos queremos dirigir."

A longo prazo, Sara e Jorge planeiam criar parcerias com designers, escultores, pintores, artesãos e fotógrafos, de forma a diversificar os produtos e a torná-los exclusivos, concedendo um maior destaque e dinamismo aos produtos e à marca."

Além disso, o caminho passa também por exportar: até 2021, esperam que cerca de 90% do seu produto chegue lá fora, "realçando assim o seu valor no mercado internacional de luxo."