1. Amanhecer (Martim Moniz, Lisboa): há vários anos que tenho este ritual. É uma espécie de self care / passeio solitário em dias em que não quero conversar com ninguém nem que me chateiem a cabeça. Saio de casa, vou a pé até ao Martim Moniz, entro no supermercado Amanhecer e viro à esquerda. Mesmo antes da entrada do supermercado, há um balcão. Um snack bar. Mas ali, em vez de galões ou tostas mistas, há noodles feito no momento e à mão, uma panela de caldo a fumegar e as mais variadas opções de sopas com sumarentas fatias de carne, ovo cozido, folhas aromáticas frescas e o imprescindível picante para os mais resistentes.

Uma das sopas com carne de vaca do Amanhecer
Uma das sopas com carne de vaca do Amanhecer

Este supermercado Amanhecer é quase exclusivamente de venda de produtos orientais (e aqui o termo oriental é mesmo abrangente, porque há desde pastas de caril até 59573 tipos de massa para usar em ramen, phô, pad thai e todo o tipo de confeções deliciosas de várias nacionalidades daquele continente). No primeiro andar existe um food court com vários restaurantes de comida asiática mas, para mim, nenhum chega aos pés do snack bar do andar de baixo. E o preço? Com 10€ fazem a festa. (Localização aqui).

Supermercado Amanhecer (Martim Moniz, Lisboa)
Supermercado Amanhecer (Martim Moniz, Lisboa)

2.Frankie Hotdogs: "o quê, ir a sítios de estudantes comer? Mas eu sou fino, não me misturo com miudagem!", disse alguém de meia idade, profundamente amargurado com a vida. O Frankie, que é efetivamente ponto de paragem obrigatória de muitos estudantes universitários em Lisboa (tem dois espaços, um numa lateral da Avenida da República, próximo da Cidade Universitária, e outro perto do Instituto Superior Técnico), é um dos sítios mais honestos onde se pode comer em Lisboa. São cachorros que prometem, é cachorros que há. E há batatas fritas (não são caseiras mas ninguém está à espera disso num sítio de fast food) com toppings como cobertas com queijo cheddar e bacon, há onion rings, corndogs, e há a salada menos saudável do mundo, que é também uma das mais deliciosas, a salada Frankie, que mete queijo cheddar, alface, rúcula, cebola e bacon crocantes ao barulho. E cachorros, já falámos dos cachorros cheios de toppings como mac & cheese, aros de cebola, guacamole? Só experimentando mesmo. Preço médio: 10€ - 12€ (Localizações aqui)

3.Adega Soares (Vale de Cambra): Churrasco. Essa palavra tão abrangente que, para mim, só significa uma coisa: frango. Frango assado. Frango suculento, com a pele bem tostada, a fumegar, acabado de sair da grelha, de preferência do carvão. Pode vir quem quiser dizer que na Guia (Algarve) é que é bom, mas não há terra com melhores casas com frango no churrasco do que Vale de Cambra. Porquê? Não sei. O que eu sei é que desde que me conheço que vou à Adega Soares, quanto este icónico restaurante ainda tinha portas de batente estilo saloon, mesas raquíticas e desconchavadas, toalhas de papel e, quando o vento era mais forte, o fumo da churrasqueira entrava sala dentro. Que saudades. As décadas passaram, o espaço sofreu obras, remodelações e ampliações mas mantém-se a qualidade do produto. Uma visita à Adega Soares tem de seguir o menu degustação em dois momentos: começa com arroz de miúdos (ou, como se diz na gíria dos entendidos, arroz de estilhaços), que é um arroz caldoso, fumegante, apurado e ligeiramente picante, onde boiam as miudezas da ave.

Depois, frango no churrasco, ainda a fumegar, batata frita caseira e a imprescindível salada mista, com rodelas gordas de cebola, temperada com aquele vinagrete feito com óleo, a antítese dos vinagretes finórios, e que torna esta salada a melhor salada para comer com frango no churrasco. Cerveja? Pode ser, mas bom bom é fazer pairing com um jarrinho de vinho branco da casa. Daquele à pressão. Até estala. A Adega Soares encerra às terças-feiras e está aberta para almoços e jantares. Preço médio: 15€ (Localização aqui)

Frango no churrasco da Adega Soares (Vale de Cambra)
Frango no churrasco da Adega Soares (Vale de Cambra)

Amandius (Santa Maria da Feira): Qual é o melhor sítio para comer francesinha no Porto? Eu sei lá, meninos, não sou do Porto. O que eu sei é que a francesinha do Amandius é a melhor de Entre Douro e Vouga e este restaurante de Santa Maria da Feira uma verdadeira instituição. Passar por lá é quase um ritual iniciático, o ponto de partida para saber apreciar a arte de comer ao balcão de francesinha no prato (com batata frita caseira acabada de fazer, tão quente que escalda o céu da boca) e fino na mão (agora armem-se em espertos e vão para lá pedir imperiais. Depois não se queixem). Além da francesinha, o prato pelo qual é conhecido na região, o Amandius funciona como ponto de paragem obrigatório ao almoço, com aqueles clássicos como feijoada, rojões, bacalhau frito ou filetes de pescada com salada russa (alerta, memórias de infância!). O Amandius reabre a 15 de agosto, depois de umas merecidas férias. Está fechado às segundas-feiras e aos domingos e funciona das 8h00 às 23h30. Preço médio: 12€ - 15€ (Localização aqui)

A francesinha do Amandius, em Santa Maria da Feira
A francesinha do Amandius, em Santa Maria da Feira
Em agosto, Raquel Costa, diretora-executiva da MAGG, escreve 4 parágrafos sobre os temas do dia (e os intemporais)