Junho é o mês do Orgulho LGBTQ+. E foi precisamente durante este mês, que está agora a acabar, que se deu uma sucessão de acontecimentos: a Hungria aprovou uma lei que proíbe que se fale a menores de 18 anos sobre a homossexualidade nas escolas e na imprensa; A UEFA rejeitou o pedido do município de Munique para iluminar o estádio Alianz com as cores do arco-íris, símbolo da comunidade LGBT; a UEFA emendou a mão, iluminou-se nas redes sociais com o arco-íris, a Federação Portuguesa de Futebol seguiu o exemplo e, assim, ainda que de forma simbólica, se fez História. Pelo meio, Portugal colocou-se em campo neutro, não assinando uma carta aberta de 17 países da União Europeia contra a recém-aprovada lei húngara.

Isto foi o que aconteceu no Mundo. Agora, quero contar-vos o que aconteceu com o meu amigo Miguel este fim-de-semana, na pacata cidade de Aveiro. O Miguel é um homem adulto, homossexual, que andava a fazer a sua vida a um sábado de manhã.

Portugal não assina carta sobre direitos LGBT na Hungria e justifica por "dever de neutralidade"
Portugal não assina carta sobre direitos LGBT na Hungria e justifica por "dever de neutralidade"
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"Fui ao supermercado, aqui ao lado de casa. Era cedíssimo, aquilo tinha mesmo acabado de abrir. Estou a entrar e está uma família a sair de um carro, um casal e uma criança. Por acaso conheço o gajo. Ele olha para mim, dá uma cotovelada na mulher. Eu estava de óculos de sol e consegui ver sem eles perceberem. Ele dá uma cotovelada na mulher e diz: 'foda-se, olha-me para esta merda! Que paneleiro!'. Depois foi o caminho todo a olhar para mim, a rir-se. Dentro do supermercado, quando passava por mim, ficava assim parado, a rir-se, a olhar para mim de cima abaixo".

Situações como esta acontecem todos os dias. Todos os dias, num país que até é evoluído no que toca a direitos da comunidade LGBTQ. Se esta situação não é esclarecedora o suficiente para vos fazer entender a importância de haver uma bandeira com as cores do arco-íris, então não tenho o que vos faça.

Falar sobre questões relacionadas com os direitos de pessoas homossexuais, bissexuais e transgénero não transforma um heterossexual em homossexual. Educar as crianças sobre igualdade, respeito e senso comum básico não é encher-lhes a cabeça com "propaganda", como leio tantas vezes em milhares de comentários nas redes sociais. É ensiná-las o básico: a serem seres humanos decentes.

E pronto, com este perfaz a meia dúzia de parágrafos.