Sempre que surge uma nova tendência, gostamos de ficar a par e, no caso de nos identificarmos, começar a usá-la. Quer seja uma nova cor, um novo vestido, uns novos brincos, uma nova mala ou qualquer outra novidade.
Mas há uma parte que não nos devemos esquecer, que é a de “no caso de nos identificarmos”. Não é porque a revista X diz que é tendência, ou porque a marca Y lança esse produto, que temos que começar a usar no próprio dia, mesmo que não seja o nosso género ou que nos fique pessimamente.
Por exemplo, há uns meses começámos a ver algumas gurus de beleza a partilharem nas suas redes sociais (que têm milhões de seguidores) imagens de sobrancelhas em forma de sapatos de salto alto ou de narizes com pelo, e não é por isso que vou começar a colocar extensões de pestanas dentro das minhas narinas, certo?
É o mesmo com a última obsessão de duas das maiores digital influencers do mundo, Kim Kardashian e Chiara Ferragni: os biker shorts.
Sabem aqueles calções que os ciclistas usam quando estão em cima de uma bicicleta? Sim, são esses mesmos, mas usados por pessoas que não se chamam Lance Armstrong.
Bem sei que o Athleisure está na moda e que transportar a roupa do ginásio para a rua e para o dia a dia é trendy, e eu sou adepta, mas há limites. E parece-me que andar na rua de soutien e calções de licra já os ultrapassa. E não é por serem uma Kim Kardashian ou uma Chiara Ferragni que podem usar qualquer coisa.
Ainda por cima, uma peça tão reveladora como esta. E reveladora é a palavra simpática para descrever estes calções que são tão colados ao corpo, que mostram demasiada informação.
Tal como noutras tendências bizarras que vão aparecendo, ainda não consegui perceber o fenómeno. Será que acham que ficam sexy com uns calções de licra colados ao corpo e tão subidos que quase tocam no soutien? Flash news: não ficam.
No caso de Chiara Ferragni, os calções com que já apareceu duas vezes na sua página de Instagram (e com os quais até foi ao notário com o noivo para se casarem), são da Intimissimi, uma marca de roupa interior e de dormir. O que já diz alguma coisa. Mas o problema é que são quase quatro milhões e meio de seguidores que estão a tomar conhecimento desta peça e a deixar comentários estranhamente positivos.
Será que isso significa que qualquer dia vamos começar a ver algumas pessoas assim vestidas na rua? Espero sinceramente que não, a não ser que estejam na Volta a Portugal em Bicicleta, que por acaso está quase a começar.
Sei que nunca devemos dizer nunca ou que desta água não beberei, mas desta vez posso afirmar com toda a certeza: nunca me vão ver com uns biker shorts, a não ser numa destas três hipóteses. A) estar a fazer ciclismo (altamente improvável), B) ser obrigada pelos meus diretores a vestir uns para algum trabalho com o risco de ser despedida se não o fizer (a pessoa tem contas para pagar), ou C) pagarem-me uns muitos milhares de euros (mais uma vez, a pessoa tem contas para pagar).