A nossa geração está a cometer um erro crasso ao achar que os outros é que precisam de nós: enganamo-nos.

Vamos lá ver se me explico. É verdade que somos multifacetados e que temos uma série de novas ferramentas que nos ajudam a acreditar que conquistamos o mundo à distância de um clique, mas se deixarmos para trás o fator humano, o respeito, a lealdade e as histórias de que fomos feitos, perdemos tudo.

E anda-me a fazer uma certa impressão aquilo em que nos estamos a tornar aos poucos, temos egos construídos em cima de nada, somos talentos de “lana caprina”.

Há uns dias disseram-me: “Eu? Trabalhar noutra área? Viver num quarto? Oh rapariguita, já vivi muito, vai lá tu para essas vidas, prefiro estar desempregado”. Como sou pouco de ficar calada, rapidamente lhe respondi que frequentemente sirvo às mesas e que isso não é, nem nunca será
nenhum deslustre, que se algum dia precisar de alugar um quarto assim o farei e que mais vergonhoso do que viver num quarto é estar à sombra do estado, porque é “preferível assim”.

Acordem! preferível é darmos ao pedal, fazermo-nos à pista, trabalharmos o mais possível nas mais diversas áreas e fundamentalmente aprendermos com quem tem tudo para nos ensinar, sejam eles os nossos pais, avós ou os nossos colegas de trabalho.

É verdade que a nossa geração quer marcar uma posição assertiva, que se tivermos de ir para o outro lado do mundo em prol de melhores condições, temos garra, coragem e força para o fazer, mas é importante que não nos tornemos arrogantes e prepotentes, é pouco elegante e só nos fica mal.

Não nos podemos esquecer em momento algum de onde viemos, de que a roda já foi inventada e que o nosso saber a alguém o devemos. O nosso esforço não se pode, nem se deve medir em dinheiro, audiência ou favores.

Lembrem-se: a vida é feita de esforços continuados, trabalhem mesmo que ninguém vos veja e um dia terão os vossos sonhos realizados.