Fevereiro é o mês mais curto do ano, que tem a difícil tarefa de se seguir a janeiro, tão interminável. Mas para além do Carnaval, há outra data especial para celebrar que, curiosamente, também nos pode fazer passar por palhaços. Sim, estamos a falar do Dia dos Namorados, e que atire a primeira pedra quem nunca ficou à espera de grandes planos do companheiro/a e não passou disso mesmo — da espera.
É que o mundo divide-se em dois tipos de pessoas: as que adoram a data (ou até podem dizer que não ligam, mas estão sempre à espera de qualquer coisa) e as que abominam o 14 de fevereiro. Logo, o que é que acontece a um casal em que uma das partes está mais do que pronta para celebrar o São Valentim com tudo a que tem direito, desde a lingerie ao jantar romântico, e o outro elemento do casal não podia estar mais a leste das setas do Cupido? Drama, discussões ou apenas apatia?
De acordo com Catarina Graça, psicóloga clínica, tem tudo que ver com a dinâmica do casal e com estas três palavras mágicas: gestão de expectativas. "É inegável que esta data causa muita pressão, parece que existe a ideia de que é suposto ou obrigatório para um casal fazer alguma coisa. Mas também é verdade que o factor expectativa, sendo defraudado, pode gerar problemas."
Tal como a especialista diz à MAGG, se de um lado temos um dos elementos na expectativa que o outro o surpreenda, o não existir qualquer plano pode levar a questões maiores, principalmente se a relação for recente. "No início de uma relação temos mais tendência a duvidar do laço que nos une ao outro. É também uma altura em que se está mais atento às coisas que o outro gosta, às surpresas, aos mimos. E, com uma data tão ligada ao amor como esta, caso uma das partes esteja à espera de um gesto e nada acontecer, a pessoa que tinha a expectativa pode começar a pensar que algo se passa na relação, que a outra pessoa não gosta assim tanto dela", refere Catarina Graça.
Na verdade, e como a psicóloga clínica faz questão de salientar, do outro lado pode apenas estar uma pessoa que não liga à data ou que "não tem necessidade de mostrar amor dessa forma", mas é inegável que, principalmente numa relação nova, pode ser "problemático". "É uma fase em que se está sempre à procura de provas de amor, marcada por inseguranças e expectativas."
A solução é simples: comunicar
Como em tudo na vida, "a falar é que a gente se entende", já diziam as nossas avós. E no caso de o Dia dos Namorados causar problemas, a comunicação é algo chave para resolver tudo. "Há muitos casais com sérias dificuldades de comunicação. E neste cenário do Dia dos Namorados, se a falta de planos gerou um problema, há que falar sobre o que aconteceu, que nada tem que ver com a falta de amor, estando tudo bem com o casal, claro", refere Catarina Graça, que salienta que a comunicação, no que diz respeito a esta data em específico, será ainda mais importante se acontecer antes.
"Comunicar sobre a data atempadamente — até porque é um bocadinho difícil ignorá-la com o peso do marketing que tem — pode ser útil. Perceber quais são as expectativas, o que acrescenta e simboliza para a relação e decidirem, em casal, se gostam da data ou se querem ir ou não atrás da pressão. Decidir também em conjunto o que querem fazer, sem pressões, para se saber o que esperar", complementa a psicóloga clínica.
É louco pelo Dia dos Namorados? Não fique à espera e faça acontecer
Caso goste mesmo da data e sinto que o seu parceiro/a não é o maior fã, pode sempre deixar de estar à espera de grandes iniciativas e optar por preparar um programa, desde que respeite também os gostos do seu companheiro/a. Até porque até a pessoa menos dada a romantismos não vai dizer que não a um programa a dois, mais especial, mesmo que seja no conforto de casa.
"A história das almas gémeas e de sermos iguais em tudo não acontece. O mais normal é as pessoas terem gostos diferentes. Mas, num casal, ter a perícia de encaixar as divergências e fazer cedências é muito importante, bem como o gosto em agradar ao parceiro", refere Catarina Graça, que sugere que a pessoa mais dada a celebrações românticas prepare algo simples, que vá ao encontro dos gostos do companheiro/a, mas que não deixe de ser algo que assinala a efeméride de que tanto gosta.
"Quem sabe, no ano seguinte, não possam conversar sobre a outra pessoa tomar a iniciativa? Num ano faz um, no seguinte, o outro. Mas há que ter cuidado, obviamente, com as imposições. É uma questão de comunicar, gerirem, tentarem chegar a um meio termo que agrade às duas partes", conclui a psicóloga clínica.