Todos os anos, o cancro do colo do útero é a causa de morte de mais de 300 mil mulheres em todo o mundo. Como se este número não fosse alarmante o suficiente, a situação em Portugal deixa-nos no topo da lista de países da Europa Ocidental com a taxa de incidência mais elevada deste tipo de cancro: mil novos casos todos os anos.
A Organização Mundial de Saúde já tinha reforçado, no ano passado, a urgência na atenção que tem que ser dada na erradicação da doença e agora, um estudo publicado esta semana na revista científica "Lancet Oncology", mostra que a ciência pode estar perto desse objetivo.
Se a toma de vacinas aumentar, o cancro do colo do útero pode estar erradicado em 2100. Os médicos acreditam que a vacina, com a qual já se vê efeitos em termos de prevenção, juntamente com as consultas de rotina, pode ajudar a pôr fim à doença num prazo máximo de 80 anos, com alguns países a começar esse processo mais cedo. É o caso da Austrália, mas também de países com mais desenvolvidos como Inglaterra, Finlândia, Estados Unidos e Canadá, que serão capazes conseguir esse feito entre os anos de 2055 e 2059.
A conclusão é de Karen Canfell, do Cancer Council New South Wales, que liderou o estudo e garante que, no caso da Austrália, é possível que este tipo de cancro seja eliminado até 2035, com taxas anuais abaixo dos quatro casos por 100 mil mulheres, nos próximos anos, um nível em que o cancro pode ser considerado efetivamente eliminado.
Já nos países menos desenvolvidos, esse rácio pode manter-se em 14 casos por cada 100 mil mulheres.
Mas todos estes números, lembra a especialista, em declarações ao "The Guardian", só se tornam reais se os países conseguirem aumentar as taxas de participação nos programas de vacinação contra o HPV (vírus do papiloma humano) e nas iniciativas de rastreio do colo do útero.
Se nada for feito, 600 mil mulheres terão cancro do colo do útero em 2020, número que aumenta para 1,3 milhões por ano até 2069, acompanhando assim o aumento da população e o seu envelhecimento. Mas os investigadores acreditam que 13,4 milhões de casos da doença podem ser evitados nos próximos 50 anos com a implementação de alta cobertura de vacinação e triagem a um nível global.