”Fui o primeiro caso em Portugal a nascer com o intestino morto”. Diogo Marques, do reality show da TVI "Big Brother- A Tempestade", partilhou, no arranque do programa, que, quando nasceu, foi diagnosticado com a doença de Hirschsprung, uma anomalia congénita que afeta os recém-nascidos.

Nasceu com o intestino morto, os pais deixaram-no e a mãe meteu-se na droga. A terrível história de Diogo do "Big Brother"
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O cirurgião pediátrico Rúben Lamas Pinheiro explica à MAGG quais os sintomas desta doença e os possíveis tratamentos. "Caso não haja a passagem do mecónio, que são as primeiras fezes dos bebés, nos primeiros dias de vida, pode sugerir que o intestino não está a funcionar", afirma.

Rúben Lamas Pinheiro
Rúben Lamas Pinheiro créditos: Lusíadas

Mas afinal que tipo de anomalia é? "Significa ausência de células ganglionares que vão fazer com que o intestino tenha movimentos. Na sua ausência, o intestino praticamente não se mexe", acrescenta o clínico.

Depois do diagnóstico, seguem-se os tratamentos. "Passa por retirar esse pedaço do intestino que não funciona, que pode ter variar ao nível do comprimento. Normalmente, é um segmento curto, mas às vezes há casos em que tem de se tirar grandes porções do intestino. Isso é raro", refere o cirurgião pediátrico.

Em Portugal, e segundo Rúben Lamas Pinheiro, não há um grande número de casos. "Não é muito frequente, mas é uma coisa que vai acontecendo. Num hospital central, há dois ou três casos por ano, o que felizmente não é muito".

Os processo de tratamento decorrem, segundo o médico, em três passos. "Primeiro faz-se uma biópsia que não dói, é feita com os bebés acordados. Depois aquilo que se faz é uma primeira cirurgia e essa tem um internamento curto de dois, três dias para se tentar perceber se o bebé não tem as tais células. Depois de definido o nível, aqueles pedaços vão ser analisados. Aí é possível baixar o intestino e tirar aquele pedaço. Em termos de internamento, estamos a falar à volta de cinco dias, uma semana para deixar cicatrizar e controlar a dor. Depois do fim desse período, [o recém-nascido] pode ir para casa."

Porém, após o tratamento, as pessoas que tiveram esta doença podem vir a precisar de acompanhamento. "Se em termos funcionais o intestino estiver bom, [o paciente] pode ter uma vida como qualquer outra pessoa. Se tiver alguma dificuldade, pode necessitar de algum acompanhamento. A grande maioria tem uma boa qualidade de vida. No entanto, ainda há uma franja de doentes que acaba por ter alguma alteração funcional ao nível do intestino que tem algum impacto na qualidade de vida", acrescenta ainda o cirurgião pediátrico Rúben Lamas Pinheiro.