Estatísticas da OCDE provam que a clamídia é a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum na Europa, com um valor médio de cerca de 187.2 casos por mil habitantes. Em Portugal, dois anos antes, 2,7% da população portuguesa com mais de 18 anos tinha contraído esta infeção, segundo o relatório divulgado pelo Instituto Ricardo Jorge, que envolveu a participação de 4866 pessoas.

O grande problema da doença? Ser assintomática, isto é, não se manifestar com sintomas, o que significa que não dá pistas de que está lá — e consequentemente não é tratada. Os perigos? Com o potencial agravamento da infeção, infertilidade para as mulheres, vulnerabilidade para contrair outras DST ou gravidezes ectópicas (quando o embrião se forma fora do útero).

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Ainda que as boas prática sexuais — que envolvem a utilização de preservativo para a proteção contra DST — seja fundamental, poderá estar a caminho mais uma arma capaz de combater a bactéria que dá pelo nome de Chlamydia trachomatis. É isso: uma vacina que previne a clamídia é uma possibilidade cada vez mais real, uma vez que um ensaio clínico pioneiro pode ter descoberto um tratamento seguro e eficaz, avança o "The Independent".

Na pesquisa, investigadores da Imperial College London e do Statens Serum Institute, de Copenhaga testaram duas formulações da vacina, sendo que cada uma foi dada a 15 mulheres com idades entre os 19 e os 45 anos. Outras cinco mulheres receberam a versão placebo. Todas receberam três injeções no braço ao longo de quatro meses, seguidas de duas doses administradas através de um spray nasal nas semanas seguintes. 

Nos resultados, os investigadores viram que as duas opções eram seguras, mas destacou-se uma das formulações, a escolhida para seguir para a próxima fase de testes.

É, como dizem os especialistas, "um primeiro passo importante" para lidar com a doença,  mais estudos tenham de ser realizados para se determinar se a vacina protege completamente contra a infeção.

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"As descobertas são encorajadoras, uma vez que mostram que a vacina é segura e produz o tipo de resposta imunológica potencialmente capaz de proteger contra a clamídia", disse o professor Robin Shattock, do Imperial College London, citado pelo mesmo jornal inglês. "O próximo passo é levar a vacina para a nova fase de testes, mas até que isso aconteça, não temos a certeza se é verdadeiramente protetora ou não."

Ainda que, como explica o "The Independent", a doença possa ter como cura os antibióticos, no caso de estar num estado avançado, o cenário agrava-se, tornando-se perigosa se não for tratada precocemente: pode ter como consequências a infertilidade (sobretudo nas mulheres), complicações como gravidez ectópica, artrite e aumento da suscetibilidade a outras DST, como o VIH.  Segundo Shattock, é este o perigo da doença: "A principal questão da clamídia são as consequências a longo prazo."

"Um dos problemas que vemos com os atuais esforços para tratar a clamídia é que, apesar de um programa muito grande de rastreamento, teste e tratamento, as pessoas são repetidamente infetadas novamente. Se pudéssemos introduzir uma vacina protetora, poderíamos quebrar esse ciclo. ”

A expectativa, depois dos resultados da investigação, é que a vacina possa ser administrada em simultâneo com a que protege contra o HPV, que tem um efeito protetor contra alguns tipos de cancro, como o do útero, termina o jornal inglês.