Ocorre com alguma frequência, em muitas mulheres, que não estão nem grávidas nem a amamentar, a libertação de um líquido dos mamilos. Às vezes só percebem quando surge uma mancha no sutiã ou formam-se crostas nos mamilos. E com o espectro do cancro da mama sempre presente, muitas ficam preocupadas.
Susana Marta, ginecologista no Hospital da Luz, no Porto, esclarece que “a maior parte das escorrências mamilares são benignas”. No entanto, afirma também que em “medicina não há sempres nem nuncas”, portanto deve manter-se sempre atenta, uma vez que “pode não ser nenhuma patologia a tratar, mas tem de ser vista”.
Antes de qualquer tipo de suspeita, “deve-se fazer a palpação de toda a mama, das regiões axilares e supraclaviculares, acima da clavícula, para ver se há gânglios palpáveis, e apertar o mamilo para ver se sai algum tipo de escorrência”.
Verificando a saída de um líquido, “pode limpar com um lenço de papel para ver de que cor é”, mas não se assuste, pois a gama de cores vai dos brancos aos verdes, castanhos e amarelos, sendo que estas não são escorrências com as quais se tem de preocupar. Segundo a médica, embora seja sempre necessário atestar a benignidade com um médico, essas secreções serão apenas resultado de alterações hormonais, que podem ser provocadas por stresse ou até pela toma de alguns medicamentos como os antidepressivos.
No caso de ver um líquido vermelho, as dúvidas começam a surgir. Como explica a ginecologista, “as escorrências suspeitas são aquelas que ocorrem unilateralmente, portanto só de uma mama, às vezes só de um poro, e que são de sangue”. Sendo apenas um mamilo, e ainda mais se for de um dos poros do mamilo, há a possibilidade de “esse ducto que vai dar a esse poro ter uma lesão que esteja a provocar essa escorrência”.
Estando sangue envolvido, de acordo com Susana Marta, há a possibilidade de haver uma situação de cancro da mama, por isso esteja atenta aos sintomas: “A retração do mamilo, um nódulo por trás do mamilo, prurido”.
A idade também é um fator a ter em conta, uma vez que, “a partir dos cinquenta anos é mais provável que a existência de líquido esteja relacionado com alguma patologia oncológica”. Assim, “qualquer desses sintomas a partir de determinada idade são de valorizar mais do que em idades mais jovens”.
Embora seja mais raro, “é possível haver escorrência nos homens”. Se for um líquido de sangue “pode estar relacionada com o cancro da mama” — sim, porque os homens também têm cancro da mama — embora não seja tão frequente, no entanto, como a médica explica, “é uma situação que tem de ser sempre investigada”.
Tendo sintomas ou não, líquido com sangue ou não, deve sempre consultar um médico especialista regularmente, não só ao nível da mama, mas da saúde em geral, recomenda a ginecologista.