A MAGG tem estado em vários festivais de verão, desde o NOS Alive ao MEO Sudoeste, Sol da Caparica e MEO Marés Vivas. Mais recentemente, estivemos no MEO Kalorama, que decorreu a 31 de agosto, 1 e 2 de setembro. Em qualquer um deles, imprevistos acontecem.
Alguma vez pensou no que faria se fraturasse um osso no recinto? Ou se se sentisse mal no meio da multidão? E se visse alguém a perder os sentidos? Este tipo de situações tem de estar salvaguardada e é por isso que, hoje em dia, são erguidos nestes eventos autênticos hospitais temporários.
No caso do MEO Kalorama, que se instalou no Parque da Bela Vista, em Lisboa, foi a Lusíadas Saúde a marca convidada pela organização para assumir essa área. Ao longo do festival, visitámos as instalações onde é prestado socorro às vítimas e tentámos perceber como tudo funciona.
Para tal, falámos com a médica coordenadora da Unidade de Atendimento Urgente de adultos do Hospital Lusíadas Lisboa, Sofia Lourenço, que nos explicou que tudo começa com "uma avaliação por parte da equipa clínica" para decidir em que zona do recinto se estabelece a estrutura.
"É um trabalho conjunto em que pensamos a nível de acessibilidade. Vamos ao terreno ver as condições do local e percebemos qual é o sítio mais adequado para estarmos. Em função disso, decidimos", adiantou à MAGG. Quanto ao número de profissionais, "depende da dimensão do evento".
Para o MEO Kalorama, o dispositivo foi composto por dois médicos, dois enfermeiros e dois auxiliares em permanência no posto médico, equipas móveis no terreno com duas equipas de suporte avançado de vida, com um médico e enfermeiro cada uma e seis equipas de suporte básico de vida com dois enfermeiros cada uma, disse-nos Sofia Lourenço.
E quanto aos equipamentos disponíveis no posto médico (ou "mini hospital", como lhe chamou a coordenadora da urgência)? "Temos uma experiência do que são este tipo de eventos e tentamos perceber aquilo de que precisamos. Mas, fundamentalmente, tentamos estar preparados para qualquer situação", esclareceu.
Para esta profissional de saúde, o posto médico "está equipado com tudo o que é necessário" e "é exatamente como se o doente estivesse num hospital". Da capacidade de ventilação mecânica ao equipamento de radiologia e de reanimação, está assegurada a "capacidade para estabilizar" e "fazer uma primeira abordagem das vítimas".
"Se for uma vítima mais grave, terá de ser transportada para outro hospital", aponta a médica de 47 anos, referindo que o dispositivo deste hospital provisório inclui ambulâncias. Deste modo, estão previstas todas as situações, das mais às menos graves, para que se sinta tranquilo e desfrute do evento sem medo de lhe faltar a devida assistência.
"Estamos em permanente contacto com a organização central. Há um centro de comando que inclui a Proteção Civil, a equipa de segurança, a polícia. Qualquer acontecimento que haja dentro do espaço, também temos conhecimento", reforça a profissional de saúde que trabalha em urgência há mais de uma década.
Mas, afinal, o que acontece em caso de emergência? Quais são os procedimentos? No caso de não se tratar de algo grave, qualquer pessoa pode dirigir-se diretamente aos profissionais, "que estão espalhados pelo terreno em pontos estratégicos, nomeadamente nos sítios onde estão mais pessoas em cada momento".
Também é possível irem ter diretamente ao centro médico. Caso não se consigam deslocar, podem fazer um telefonema para o número de telemóvel destacado para o efeito e será a equipa mais próxima a ir ao encontro da vítima. "Se for possível, a situação é resolvida no terreno e a pessoa pode continuar a assistir ao festival", diz Sofia Lourenço.
Caso contrário, "é transportada para o centro médico e, se houver necessidade, será levada para um hospital". "Funcionamos durante todo o período de abertura de portas e, depois de as portas fecharem, mantemos uma equipa mais reduzida para apoio ao pessoal de manutenção", refere a coordenadora da urgência.
No primeiro dia do MEO Kalorama, foi prestado auxílio a 56 pessoas. "Foi um dia particularmente calmo. Tivemos várias situações de trauma menor. Não houve uma situação de fratura, não foi registado nenhum evento mais grave", revelou Sofia Lourenço à MAGG.
"Tivemos algumas pessoas com perda de consciência, sobretudo por causa do calor que se fazia sentir, e pequenas feridas e algumas queixas álgicas por estarem muito tempo em pé ou a andar muito", adiantou, ainda. De um modo geral, "as situações são muito variadas".
Podem passar apenas por "simples entorses, situações de trauma ligeiro, lipotimias, perdas de conhecimento na via pública, náuseas, vómitos ou picadas de abelha", sendo que esta última "tem sido frequente este ano". "Aparece de tudo um pouco", segundo a coordenadora da urgência.
Nos festivais de verão, "o que costuma acontecer são situações mais simples" como desmaios e pequenos traumatismos. Mas também ocorrem "situações muito graves", como enfartes, taquicardias, dores precordiais e traumatismos cranianos graves. Mas "num evento em que estão milhares de pessoas, tudo pode acontecer".