Com a crescente preocupação com os rendimentos e com as despesas, e numa altura em que a taxa de inflação continua a aumentar, os portugueses desesperam, fazendo contas à vida. Mesmo com o anúncio do primeiro-ministro, António Costa, de um novo pacote de medidas que prometem aliviar a crescente inflação, são cada vez mais precisas dicas de poupança.

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A especialista em finanças pessoais, Bárbara Barroso, apresentou algumas táticas para diminuir o consumo em três áreas: habitação, alimentação e transportes.

Bárbara Barroso é especialista em finanças pessoais, coach financeira e empresária. Fundadora do MoneyLab, foi eleita pelo Canal História a Nº1 na área das Finanças em Portugal.

Habitação

Na habitação, Bárbara Barroso sugere uma "renegociação". "O que podem fazer é procurar renegociar. Quer o spread, quer a margem de lucro do banco, quer a taxa que se adiciona à taxa de mercado", refere a especialista em finanças pessoais. Além disso, o cidadão "pode procurar renegociar os seguros de vida e outros seguros associados ao crédito à habitação" de forma a "reduzir a fatura da casa".

Dentro desta área, e na categoria do pagamento das tarifas energéticas, a mesma renegociação pode acontecer na eletricidade e no gás. "Agora vai ser permitido às famílias irem para o mercado regulado e tudo aponta que essa transição do mercado liberalizado para um mercado regulado vai permitir às famílias alguma poupança", afirma ainda Bárbara Barroso. Porém, a especialista ainda acrescenta que a despesa final vai variar "conforme o consumo de cada casa".

Alimentação

Quando o assunto é alimentação, deve haver um ajusto de consumo, tanto fora de casa (encomendar comida ou comer em restaurantes) como no supermercado. "Podemos comprar marcas brancas. Muitos portugueses já adotaram [essa medida] inclusivamente noutros períodos de crise", afirma Bárbara Barroso.

Para além desta dica, há uma que se deve adotar antes de ir ao supermercado: fazer um planeamento das refeições com base naquilo que cada família tem na sua despensa. "Faça um inventário daquilo que tem na despensa e organize a mesma de modo a pôr os produtos com os prazos mais curtos à frente", acrescenta ainda. Este planeamento prévio evita a compra de produtos repetidos. "Porque muitas vezes não nos recordamos [que já os temos]".

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Promoções podem ajudar, mas também podem ser uma ilusão de poupança. "É importante começarmos, sempre que vamos às compras, a olhar para o preço por quilo, o preço por litro, o preço por unidade. Não nos podemos esquecer que há técnicas de marketing que podem ser utilizadas para escoar stocks. Aquela embalagem grande que está em promoção não é mais barata do que a mais pequena", refere Bárbara Barroso.

Os cupões ou os cartões que conseguem descontos nos supermercados são uma boa opção, segundo a especialista em finanças pessoais. "Usar os cupões ajuda sempre as famílias a pouparem, sabendo que são formas de nos manterem no mesmo supermercado e voltar sempre ao mesmo".

Transportes

Sobre os transportes, cada pessoa deve passar do transporte próprio para transportes públicos, se for possível. "Fora das grandes cidades a oferta não é a mesma, mas [deve-se] procurar reduzir a utilização do carro", aconselha a especialista.

Para quem tem carro próprio, há uma maneira de reduzir as despesas em deslocações. Pode "haver uma partilha". "Por exemplo, ir para o trabalho com colegas, dividindo depois as despesas também permite reduzir essa fatura", revela Bárbara Barroso.

Planeamento

"Essa é uma das boas práticas do planeamento e gestão financeira", afirma a especialista. "Pensamos 'não consigo poupar mais', mas quando nós vamos analisar ao cêntimo, [sabemos] onde está a ir o nosso dinheiro. Se calhar não fazemos ideia aquilo que gastamos em determinadas despesas e é ali que está uma poupança que nós fazemos". 

Por exemplo, na questão do levantamento de dinheiro nas caixas de multibanco, deve ser feito o registo da quantia retirada da conta. "Se levantar 20 euros deve ficar com o registo do levantamento. Depois de fazer uma divisão para onde foram esses 20 euros. Se foi num café, se foi para um lanche, para um almoço, num táxi, que é para nós conseguirmos fazer uma avaliação mais a fundo", explica.

Dentro do controlo do orçamento, cada pessoa deve estar atenta às aplicações 'freemium' [junção das palavras 'free', grátis, e 'premium', versão paga]. Neste modo, o serviço é oferecido gratuitamente, mas, passado um tempo, é descontada uma certa quantia em dinheiro. "Sempre que há uma aplicação freemium, o meu conselho é colocar um alerta no telemóvel dois dias antes para decidir se vale a pena cancelar".