Esta quinta-feira, 9 de maio, milhares protestaram nas ruas de Malmö, na Suécia. Lado a lado com a festa da música, a festa da democracia. Israel, país que está a levar a cabo uma ofensiva em Gaza que já matou 34 mil palestinianos, participou na segunda semifinal da Eurovisão 2024, tendo alcançado o apuramento para a final de 11 de maio.
E se nas ruas da cidade sueca, a liberdade e o direito ao protesto estiveram em vigor, o mesmo não aconteceu dentro da Malmö Arena. Durante a emissão televisiva da atuação de Eden Golan, que pode ser vista abaixo, os sons dos apupos e protestos são apenas ouvidos no início, desaparecendo depois, e voltando apenas na parte do agradecimento final.
Nas redes sociais, vários fãs que estiveram na sala de espectáculos dão conta de que, ao contrário do que se pode ouvir na emissão televisiva, ouve protestos bastante audíveis durante toda a atuação. Há críticas nas redes sociais e vários utilizadores dizem que o som foi manipulado, os microfones do público desligados e que a organização inseriu aplausos falsos durante a atuação de Israel.
Na Malmö Arena, onde todas as bandeiras que não sejam dos países participantes foram proibidas, pelo menos um espectador foi retirado da sala por seguranças após exibir uma bandeira da Palestina.
A televisão pública belga, que é também membro da União Europeia de Radiodifusão e participava nesta segunda semifinal, interrompeu a emissão do espectáculo durante a atuação de Israel, em protesto contra a guerra em Gaza. "Este é um protesto sindical. Condenamos as violações dos direitos humanos cometidas por Israel. Além disso, Israel está a destruir a liberdade de imprensa. É por isso que interrompemos momentaneamente a nossa emissão", pode ler-se.
Letónia, Áustria, Países Baixos, Noruega, Israel, Grécia, Estónia Suíça, Geórgia e Arménia apuraram-se para a final deste sábado, 11. Após o espectáculo, na habitual conferência de imprensa com os 10 finalistas, o moderador fez uma tentativa de limitação à liberdade de imprensa, ao instar Eden Golan a não responder a uma pergunta colocada por um jornalista polaco.
"Já se questionou se, por estar aqui, está a colocar em risco os outros participantes e o público?", questionou o jornalista. Jovan Radomir, apresentador sueco de ascendência sérvia, eleito para moderar as conferências de imprensa da Eurovisão 2024, diz à cantora israelita que "não tem de responder à pergunta" se não quiser. Na sala, ouve-se uma voz a questionar "porque não?".
Eden acabou por responder. "Acho que estamos aqui todos por uma razão apenas e a UER está a tomar todas as medidas de segurança para tornar este um espaço seguro e unido para toda a gente. Acho que é seguro para toda a gente".
A MAGG questionou a organização do festival sobre a alegada manipulação de som na emissão televisiva e também sobre a postura do moderador da conferência de imprensa mas ainda não obteve respostas.
A final do Festival Eurovisão da Canção acontece este sábado, 11, e tem transmissão em direto na RTP1 a partir das 20h. Portugal atua em 18º lugar.