Rochelle Nunes, judoca portuguesa de 35 anos, esteve presente no programa da TVI “Dois às 10” para falar sobre a sua experiência nos Jogos Olímpicos de Paris, dos quais foi eliminada na passada sexta-feira, 2 de agosto. A atleta, nascida no Brasil, falou sobre a sensação de representar um País que tão bem a acolheu, e não deixou de falar sobre a morte do irmão de sete anos, que morreu seis meses antes da competição.
“Às vezes, as pessoas não têm noção do quão difícil é abrir mão de coisas para estarmos bem. Eu tive realmente muito apoio, principalmente dentro do meu clube. Tive muito apoio emocional, fiz tratamento psicólogo”, começou por dizer Rochelle Nunes sobre Davi, que morreu em dezembro de 2023. “Dói de falar porque ele realmente era uma criança incrível. Parece um pouco clichê eu dizer isto, mas ninguém está preparado para qualquer perda, e ser uma criança na nossa família foi muito duro”, acrescentou.
Davi morreu de meningite, uma doença causada pela inflamação das meninges, que são as membranas que protegem o cérebro e a medula espinal, de acordo com a CUF. Rochelle, no seu Instagram, já tinha dito que esta será uma “saudade eterna”, e revelou a Cristina Ferreira e Cláudio Ramos que a primeira coisa em que pensou quando foi eliminada dos Jogos foi na promessa que fez ao irmão. “Foi a primeira coisa em que eu pensei quando saí. Pensei que o tinha decepcionado. Eu tinha prometido que ia fazer de tudo para conseguir uma medalha”, revelou a judoca, visivelmente emocionada.
“Foi muito difícil a preparação. Quando eu fiz anos, e eu fiz anos num dos últimos estágios que fizemos de preparação, eu adormeci a chorar porque para mim não fazia sentido eu estar lá fazendo aniversário e ele morreu com sete anos. Eu ia completar 35 e era muito confuso para mim. Ele faleceu com aquela idade e eu nunca mais o iria ver”, confessou. Rochelle Nunes explicou ainda que acordava sempre mais bem disposta, não só para se preparar melhor como para dar mais energia à sua equipa, mas que era tudo uma máscara.
“Quando o meu irmão faleceu, a primeira pergunta que eu fiz a mim mesma foi ‘será que vale a pena tudo isto’? Porque eu ainda me culpo por não ter estado presente com a minha família”, disse a judoca. Como estava em preparação para os Jogos Olímpicos, foram vários os estágios que Rochelle Nunes teve de fazer fora de casa, e isso acabou por assinalar ainda mais a perda do irmão, não tendo ninguém da família por perto para a amparar. No entanto, a atleta também sabe que nada poderia fazer para mudar o rumo da história.
“Ao mesmo tempo eu vou percebendo que não havia nada a fazer. Coisas ruins acontecem com as pessoas o tempo todo, e agora é ficar apegada ao amor que eu sinto por ele”, finalizou Rochelle Nunes. Por agora, o foco é descansar e, mais tarde, começar a preparação para os Jogos Olímpicos de 2028, que terão lugar em Los Angeles.