São Paulo, 29 de março de 2008. Uma noite como outra qualquer tornou-se uma das mais macabras da história recente do Brasil. Isabella de Oliveira Nardoni, de apenas 5 anos, foi atirada da janela do sexto andar do prédio onde morava o pai, Alexandre Nardoni, a madrasta, Anna Carolina Jatobá, e os dois filhos do casal (o mais novo com 11 meses e a outra criança com 3 anos).
Alexandre e Anna foram considerados culpados do homicídio da criança pela justiça brasileira, em 2010. O pai, com a agravante de ter parentesco com a vítima, foi condenado a 31 anos, 10 meses e 10 dias de prisão, enquanto a madrasta apanhou uma pena de 26 anos e 8 meses. Nardoni continua preso na Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo, e segundo o jornal brasileiro “Metro”, encontra-se num regime semiaberto, ou seja, pode sair da prisão durante algumas horas para realizar trabalho comunitário.
Depois de ter estado na penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, atualmente Jatobá cumpre a pena em prisão domiciliária, uma vez que há cerca de dois meses conseguiu passar para o regime aberto (que permite saídas durante o dia, para que o condenado possa trabalhar). Está numa luxuosa casa, que pertence ao sogro António Nardoni, pai de Alexandre.
O crime cometido pelo casal foi julgado como homicídio qualificado, mas estes negaram sempre a autoria do mesmo. De acordo com o jornal “Estadão”, o casal chegou a alegar que a menina tinha caído por acidente, e que tinha sido vítima de um suposto ladrão que teria invadido o apartamento. Alexandre Nardoni chegou mesmo a contar uma versão em que teria colocado Isabella a dormir na cama, e voltado para a garagem do prédio para ajudar a esposa a subir com as outras duas crianças. Quando voltou, segundo a versão contada, a filha já teria sido atirada do apartamento.
Estas foram algumas das contradições que existiram por parte do pai e da madrasta, mas a justiça concluiu que, após uma discussão, Anna Carolina asfixiou Isabella, e o pai lançou a filha, ainda com vida, pela janela, pode ler-se no “Estadão”. Foi declarado que o assassinato da criança teve lugar entre as 23h30 e as 23h50, e que as marcas encontradas no pescoço de Isabella coincidiam com as mãos da madrasta. A autópsia concluiu ainda que a menina teria morrido mesmo que não tivesse sido atirada pela janela e que a causa de morte foi foi asfixia seguida de politraumatismo, explica o Splash UOL.
Alexandre Nardoni e Carolina Oliveira, pais de Isabella, estavam separados desde os 11 meses da menina. Alexandre pagava uma pensão mensal a Carolina e tinha direito a duas visitas por mês, ou seja, quinzenalmente.
O documentário da Netflix, disponível desde 17 de agosto, conta a história do assassinato de Isabella. De acordo com a “CNN Brasil”, a produção analisou mais de seis mil páginas de processo, gravou 118 horas de entrevistas e reuniu mais de 5 mil itens de arquivo fotográfico vindo dos meios de comunicação e da família. O objetivo foi recriar a trajetória do crime, desde a chamada feita para os serviços de emergência até ao julgamento do pai e da madrasta, que foram condenados por homicídio qualificado. Novos ângulos e reflexões são mostrados no filme que promete preservar a lembrança de Isabella.
Ana Carolina Oliveira, mãe da menina, dá o seu depoimento no documentário da Netflix. "O meu propósito em aceitar fazer parte desse projeto foi que essa história e tantas outras que não foram contadas não sejam esquecidas", disse, em entrevista ao UOL. A mãe de Isabella voltou a casar-se e tem mais dois filhos, um de 7 e outro de 3 anos.