Ted Bundy era um homem carismático e aparentemente inofensivo. Talvez por isso nunca ninguém acreditasse que seria capaz de matar mais de 30 mulheres entre 1974 e 1978, num caso que chocou a polícia e grande parte da população dos EUA. Cerca de 41 anos depois, a história voltou a ser recordada num documentário da Netflix. Mas se dúvidas houvesse de que é através deste tipo de produções que a plataforma quer crescer, olhemos para o seu catálogo.

É que antes disso já se tinha estreado a história insólita de uma conspiração que levou Brian Wells, um homem que nunca levantou suspeitas e sempre esteve no lado certo da lei, a assaltar um banco com uma espingarda improvisada e uma bomba presa ao pescoço.

Ao contrário do que possa parecer, a história é-nos mais próxima do que parece e aconteceu em 2003. Mas não foi preciso muito para que o caso ficasse ainda mais complexo.

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É que três minutos depois de o assalto ter sido denunciado às autoridades, a Brigada Anti Bomba chegou ao local e a bomba que Wells tinha presa ao pescoço foi detonada — matando-o instantaneamente e em direto.

A banalização da violência estava (alguma vez deixou de estar?) em voga e milhares de americanos viram um homem morrer enquanto almoçavam. Todos os detalhes desta história serviram de base para o documentário "Génio do Mal", mais um da Netflix.

Mas há mais e todos eles têm uma coisa em comum: histórias insólitas que parecem demasiado estranhas para ser verdade. Mas porque a realidade ultrapassa sempre a ficção, são também os mais interessantes de se ver e de nos agarrar no primeiro instante.

Sobre se estamos cada vez mais viciados em documentários de crime, a psicóloga forense Maria Cunha Louro não tem dúvidas e, à MAGG, lembra que sempre houve um fascínio pelo mundo criminal. A explicação está no facto de, desde sempre, ter existido uma curiosidade quanto ao que motiva comportamentos e reações. "As pessoas querem que o mundo faça sentido e que do caos se restabeleça uma suporta normalidade."

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"A curiosidade do que aconteceu, como aconteceu e a quem aconteceu é uma resposta à interação com os demais que resulta da empatia com os outros." E garante que a curiosidade mórbida faz também parte desta categoria que, embora não saibamos no momento, nos ajuda a lidar com a noção que temos da nossa fragilidade e mortalidade.

Talvez por isso o documentário "Tiger King: Morte, Caos e Loucura", sobre um gerente de um parque de felinos grandes condenado a 22 anos de prisão por encomendar a morte da sua rival, se tenha tornado tão popular nas redes sociais. Mas há outras histórias que, por serem tão estranhas e bizarras, ainda aguardam desfecho.

É o caso de "The Keepers", que se foca no assassinato, ainda hoje por resolver, de uma freira americana. Ou até mesmo "Making A Murderer", sobre um homem que ainda hoje mantém a inocência sobre um crime que diz nunca ter cometido e cujas provas parecem não bater certo com a realidade dos factos.

Mas há mais — como a produção polémica que voltou a trazer à luz as alegações de abuso sexual de menores por parte de Michael Jackson.

Mostramos-lhe os documentários de crime mais bizarros que pode ver se já terminou "Tiger King".