Joana Moreno, psicóloga de 39 anos, foi despedida no dia seguinte a admitir que sofre de depressão e ansiedade, numa reportagem da TVI que foi transmitida a 4 de janeiro. A 22 do mesmo mês, Joana foi entrevistada novamente para falar sobre o seu despedimento.
A empresa onde trabalhava era a VitalAire, especialista no acompanhamento de doenças crónicas no domicílio, que enviou uma nota à TVI, dizendo que “é alheia ao problema exposto” e que “a decisão de cessação do contrato da colaboradora Joana Moreno, que estava em período experimental assenta unicamente na desadequação do trabalhador ao posto de trabalho”.
“Eu não mereço ser despedida, ser discriminada, isto é discriminação. Eu só quero trabalhar e fazer a minha vida. Eu não mereço que me ponham mais doente”, disse Joana, que pretende que a lei seja alterada, para que a VitalAire e outras empresas com estes comportamentos sejam devidamente penalizadas, não voltando a deixar para trás as vítimas de qualquer doença mental.
A psicóloga revela que, quando lhe deram esta oportunidade de trabalho, chorou de alegria por “finamente” poder organizar a sua vida, “ter um futuro”, ter de sair de casa, arranjar-se e “ter objetivos”, criticando o sistema que apregoa a importância da saúde mental, mas que, ao mesmo tempo, falha na hora da verdade.
Uma advogada que falou sobre o caso afirma que “[a depressão] é uma doença completamente desprotegida pela lei, não é entendida ainda como uma verdadeira doença e o nosso Governo nem pensa nas pessoas, portanto esta senhora está mesmo desamparada”.
Joana, na reportagem que terá originado o seu despedimento, a 4 de janeiro de 2023, revela que um dia foi à casa de banho, pegou numa tesoura e começou a cortar o cabelo. “Eu não sei, sinceramente, na altura o que é que eu ia fazer mais”, acrescentou.
Ainda, revelou que, enquanto psicóloga, não se conseguia ajudar a si mesma e que faria toda a diferença se tivesse um propósito diário como sair de casa, arranjar-se, ir trabalhar e receber um salário que lhe permitisse ser independente financeiramente. Joana, à data, era acompanhada por um psiquiatra, tomava antidepressivos e remédios para dormir.