"The Last Dance" é um dos documentários mais comentados nas redes sociais, por entusiastas ou não de basquetebol, e está também envolto em polémica devido não só à forma como Michael Jordan é representado ao longo de cada episódio enquanto estrela dos Chicago Bulls, mas também pela forma como vários companheiros são apresentados. Scottie Pippen, Horace Grant e Charles Barkley são dos principais críticos do 23 dos Bulls.

A produção da Netflix, produzida em parceria com o canal de desporto americano ESPN, foca-se no ano de 1998, ainda que recue e avance várias vezes no tempo, para dar a conhecer o último ano da dinastia vencedora dos Chicago Bulls — a equipa que, em oito anos, ganhou seis campeonatos. E ao longo dos dez episódios de "The Last Dance", é dado a conhecer ao espectador o background de todos os jogadores que ajudaram a equipa ao longo de todo o campeonato, sempre na perspetiva de Michael Jordan. No entanto, o desenrolar da história tem sido tudo menos consensual.

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Em parte porque alguns dos seus colegas, aqueles que antes foram considerados irmãos por Jordan, têm vindo a público criticar a forma como eles — até o próprio Michael Jordan — foram representados no documentário.

E as primeiras acusações surgiram por parte de Horance Grant, basquetebolista e colega de Michael Jordan nos Chicago Bulls durante o primeiro tricampeonato. Isto porque em "The Last Dance" Jordan insinua que Grant foi uma das fontes do jornalista Sam Smith para o livro "Jordan Rules" — que explorou alguns dos conflitos internos que existiam dentro do grupo.

Horace Grant negou qualquer envolvimento no livro e adiantou ainda que esta era só mais uma prova de que Michael Jordan era uma pessoa rancorosa. "Isso [a acusação de ser uma das fontes] é mentira. Se o Michael Jordan tiver algum problema, poderemos sempre resolver as coisas com homens: falando", explicou o jogador em entrevista à radio ESPN 1000 de Chicago.

E continuou: "Eu e o Sam sempre fomos grandes amigos e ainda somos. Mas por respeito ao balneário e à equipa, nunca seria capaz de contar coisas pessoais cá para fora. O Sam Smith era um jornalista de investigação e precisava de duas fontes para escrever um livro. Porque é que só eu é que fui acusado?"

Mas Grant não se ficou por aí e conclui que o ataque de Jordan só se poderia dever a rancor. "Só pode ser rancor e ele provou-o nisto que apelidou de documentário. Quando dizes algo sobre ele, ele simplesmente põe-te de lado e tenta destruir o teu caráter. Disse que eu é que era o bufo mas, ainda assim, passados 35 anos, divulgou que no seu primeiro ano nos Bulls entrou no quarto de um dos seus colegas de equipa e viu erva e cocaína. Como é que chamas bufo a alguém e fazes exatamente a mesma coisa?", explicou.

Michael Jordan não reagiu à resposta do ex-colega mas, e segundo terá dito Horace Grant, os dois já não têm uma boa relação. Mas Grant não foi o único a sair ao ataque pela forma como foi caracterizado em "The Last Dance".

Scottie Pippen, considerado o segundo melhor jogador de NBA da altura, e o braço-direito de Michael Jordan, está "furioso" pela forma como foi retratado no documentário. Em causa está o momento em que, no segundo episódio da série, Jordan fala da atitude "egoísta" do colega em ter adiado uma cirurgia que o obrigou a falhar 35 jogos na primeira metade da temporada de ouro dos Chicago Bulls que decorreu entre 1997 e 1998.

"O Scottie errou porque ele podia ter feito a cirurgia logo no final da temporada anterior para que pudesse estar pronto para a seguinte. Mas não. Tentou usar isso como forma para renegociar o seu contrato", explicou Jordan no documentário. De facto, Pippen foi de férias no final de 1997, quando já estava lesionado, e esperou que a época seguinte começasse para ser operado — perdendo metade do campeonato. Jordan considerou que o colega foi desleal e Pippen não terá gostado das palavras do ex-colega, segundo revela a mesma rádio.

Também Charles Barkley, ex-basquetebolista e, antes, um grande amigo de Michael Jordan, lamenta, depois de ter visto o documentário, que a amizade entre os dois se tenha deteriorado drasticamente.

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E a quebra dos laços terá acontecido em meados de 2012 quando Barkley, agora comentador de basquetebol, explicou que enquanto Michael Jordan continuasse a contratar pessoas que fossem incapazes de o criticar ou discordar das suas opiniões, este nunca seria capaz de fazer "um bom trabalho" à frente da equipa Charlotte Bobcats.

Desde então que a relação entre os dois nunca mais foi igual, facto que Barkley lamenta. "O Michael foi como um irmão para mim durante 20 e poucos anos. E sinto-me muito triste que tenha culminado nisto, mas para mim ele continua a ser o melhor jogador de basquetebol de todos os tempos."

"The Last Dance" conta com dez episódios e está disponível em exclusivo na Netflix.