Foi uma noite de emoções fortes na casa do "Big Brother 2020". A 17 de maio, e apenas na segunda gala, os concorrentes tiraram as unhas para fora e quase ninguém saiu ileso. Estivéssemos nós a falar de futebol e quase que se justificava aqui a célebre expressão "ripa na rapaqueca", do saudoso Jorge Perestrelo. É que ainda estou a recuperar o ar, meus amigos.

Mas vamos por partes: depois de 15 dias isolados uns dos outros, no formato "Zoom", os 17 concorrentes — não vale muito a pena contar com o Fábio, pois não? — entraram na casa mais famosa do País há uma semana e os abraços e sorrisos da primeira gala já são memórias tão distantes como o facto de a Grécia nos ter roubado o título em 2004 (pronto, vou parar com o futebol).

"Big Brother 2020". Como Vítor pediu Sónia em casamento: "Sabes porque te chamo vida? Porque és a minha vida"
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Na gala deste domingo, foram notórias as divisões na casa, há concorrentes a apontarem o dedo da falsidade uns aos outros e quase que Pedro Soá dava um pêro no Diogo. Digo quase porque ou muito me engano, ou toda a postura do concorrente de Setúbal era muito de "agarrem-me, se não eu vou-me a ele". Aposto que se os amigos tivessem saltado para o agarrar e causar a confusão, ele tinha esperneado como um robalo a ser pescado. Como nada aconteceu, voltou sossegado para o sofá.

Mas também tivemos momentos hilariantes, vislumbrámos a formação de possíveis casais e a confirmação de outro: Sónia foi pedida em casamento pelo seu Vitó, e já avisou que quer Cláudio Ramos na cerimónia e a Voz (perdão, Big Brother) como padrinho. Recorde os piores e melhores momentos da gala deste domingo.

PIORES MOMENTOS

1. Pedro Soá. No geral, e em particular aquele casaco

O concorrente do Montijo, que consegue "destruir qualquer um só com palavras", passou os 15 dias no "Zoom" a queixar-se. Para além de só falar dele próprio, e de garantir que já fez muita coisa, é um líder natural, já viveu em muitos sítios, é super à frente para Portugal (ufa, estou cansada só de me lembrar), também repetia constantemente que não gostava de estar sozinho, que não era ele e o diabo a quatro.

Foi a nomeações, escapou à expulsão e garantiu aos colegas que iam ver um novo Pedro. Pois, não vai dar. Pedro Soá continuou igual a si próprio na semana que passou, insuportável como sempre e com uma mania que vai da Ericeira ao Montijo e volta para trás. Pior: foi o líder desde a semana passada até este domingo, o que só lhe deu mais bazófia. Assumiu-se como um líder de valor, ao contrário de Diogo, que acusa não saber sequer saber o que é liderar pessoas.

Aliás, este foi mesmo o momento da noite, quando Pedro acusa o colega de ser falso, de não o olhar nos olhos (ele reforçou muito esta parte, estou em querer que está magoado por não ter a atenção de Diogo), e o nomeia com toda uma raiva que o fez saltar do sofá, quase como se fosse partir para cima do concorrente de Lisboa. Nota para a postura de Diogo: impávido e sereno. #jáganhou

Conseguimos também perceber que Pedro Soá já se aliou a um grupo na casa, constituído por Jéssica, Pedro Alves, Angélica, Daniel Monteiro e Hélder, e claramente quer liderar esta pequena família maquiavélica, que obviamente combinou as nomeações da noite passada.

Do alto dos seus 44 anos, como repete tantas vezes até à exaustão, diria que podia ter mais cuidado com o que veste e deixar o casaco de couro preto com brilhantes para as adolescentes. E alguém reparou na mensagem nas costas, escrita em imitações rascas de cristais Swarovski? Philadelphia? Philadelphian? Temaki de salmão com queijo filadélfia? Não sei, mas alguém ponha aquilo no fogo.

2. No Dia Internacional da Homofobia, o concorrente homossexual é expulso pelos portugueses, que dão uma segunda oportunidade a quem proferiu comentários homofóbicos

Foi o momento que marcou a semana. Logo na segunda-feira, durante a prova das compras, Hélder estava a falar com Soraia e disse que preferia ser mulherengo "do que ser como...", e olhou para Edmar, numa clara alusão à orientação sexual do concorrente de Londres. O caso ganhou proporções enormes quando o Big Brother expôs a situação à casa toda e atribuiu uma nomeação direta a Hélder, que ficou à mercê da votação dos portugueses, que teriam de decidir se o concorrente de Santa Maria da Feira deveria abandonar a casa devido ao comentário infeliz, ou se seria merecedor de uma segunda oportunidade. Edmar, o concorrente alvo do comentário, também estava em risco de ser expulso, depois de ser nomeado pelos colegas.

É verdade que quase toda a casa saiu em defesa de Hélder, incluíndo Edmar (embora já tenha mudado de opinião), alegando que o que se passou foi uma má escolha de palavras, que tem bom coração, que nada passou de uma brincadeira sem maldade. É também verdade que Hélder e Edmar não estavam em disputa um contra o outro, e que a permanência ou não de Hélder não influenciava em nada a saída de Edmar. E, por último, também podemos afirmar que Edmar não estava feliz dentro da casa, tendo manifestado o desejo de sair várias vezes.

Mas não deixa de ser irónico que no domingo em que se celebra o Dia Internacional da Homofobia, os portugueses tenham votado para deixar Hélder permanecer na casa, e que tenham expulso Edmar. Vamos pensar aqui um bocadinho nisto, está bem? Não obstante, podemos tentar ver o copo meio cheio e perceber que o concorrente de Londres queria mesmo sair, até porque foi mais efusivo nos dois minutos a seguir a saber que tinha sido expulso, do que nas três semanas que esteve no programa. "Não consigo estar dentro desta casa, sem telemóvel, sem nada, que horror", disse Edmar no momento em que soube que ia abandonar o programa.

3. La Familia 2.0

Quando as nomeações começaram, Diogo não teve dúvidas em escolher Pedro Soá, Pedro Alves e Daniel Monteiro, ou o "Trio Odemira", como lhes chamou. A "batata quente" das nomeações passou para Soá, que imediatamente escolheu Diogo, e percebemos que o caldo estava entornado, ficando notória a primeira grande divisão da casa. Para além do trio, também Jéssica, Angélica e Hélder nomearam Diogo (que ainda levou com mais três nomeações, justificadas por uma atitude para com Noélia), sendo estes seis concorrentes muito próximos.

Ficou também claro que existiram nomeações combinadas, dado que os mesmos concorrentes também nomearam Daniel Guerreiro e Soraia, muito próximos um do outro e também de Diogo. Daniel foi acusado de ser falso e de ter tido uma má atitude para com Sónia, embora não esteja claro se foi realmente isso que aconteceu. Soraia "foi à chapa" por ser influenciada, estando também no epicentro de uma confusão com Angélica e Jéssica. Pelos vistos, Angélica acusa-a de ter dito mal de Jéssica nas costas e chama-a de falsa, Soraia salienta que são tudo mentiras.

E assim, meus amigos, temos a versão não muito melhorada da La Familia, expressão nada estranha para os fãs de reality-shows. No entanto, também para quem não tem memória curta, esta ideia de se manipular o jogo, combinar nomeações e tentar expulsar os concorrentes fora do grupinho nunca funcionou muito bem. É verdade que Pedro Soá e companhia conseguiram nomear Diogo, Daniel Guerreiro e Soraia, mas perdido no grupo também está Rui, que acabou por ficar nomeado com tantos votos de quem achava que este não ia receber nenhuma nomeação. E acreditem em mim, é mesmo o pastor que vai de vela.

 4. Titanicgate

No meio da prova do líder, que consistia em saber qual dos concorrentes aguentava mais tempo com os pés enfiados em gelo, o Big Brother decidiu fazer uma questão aos concorrentes. Quem acertasse na pergunta "em que ano foi o Titanic contra um icebergue?" ganhava a prova e, consequentemente, o título de líder da semana e imunidade nas nomeações.

Os palpites foram muitos, sendo o certeiro de Hélder, que ao responder 1912 se sagrou vencedor. Mas o pior (ou será melhor) momento desta prova foi mesmo a resposta de Ana Catharina, que escolheu 1997. Não querida, 1997 foi o ano em que o filme "Titanic" se estreou no cinema. Para mim, a brasileira ainda estava em choque com a galinha morta na bancada e fritou o cérebro.

5. Cláudio Ramos é uma estrela do karaoke. E daí não

O apresentador da TVI esteve mais à vontade nesta segunda gala, brincou com os concorrentes, tentou descobrir paixões e quem já está a jogar, e até cantou. Ou melhor, tentou. Antes de Jéssica entrar no confessionário, e para situar os espectadores quanto ao quase romance da concorrente com Pedro Alves, resolveu entoar alguns (demasiados) versos da canção brasileira "É o Amor", de Zezé Di Camargo & Luciano. Momento cringe número 1.

Cláudio Ramos estava claramente a sentir-se musical neste domingo à noite, e regressou às cantorias a entoar "Garota de Ipanema". Cláudio, a sério, pára. Nós não merecemos isto. O universo pode trazer-te tudo, mais saúde e paz, mas claramente não te trouxe talento para a música.

6. Teresa como comentadora? Fail máximo

Logo no início do programa ficámos a saber que Teresa, a nova concorrente que já estava em quarentena desde a semana passada, iria entrar na casa do Big Brother. Mas antes de se juntar aos colegas, Cláudio Ramos explicou à mãe de Thierry que esta iria ver o programa de uma sala secreta, comentar tudo o que se passou, e escolher quem nomeava no confessionário e em frente aos colegas, bem como ditar o concorrente que não teria de nomear.

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É verdade que Teresa até fez escolhas acertadas quanto a quem nomeou no sofá, criando polémica, mas o resto foi um fail total. Cláudio Ramos bem tentou espremer a concorrente e obrigá-la a comentar a postura de jogo dos colegas, mas Teresa repetia sempre, num tom bastante monocórdico, que não os conhecia, não sabia, não comentava. O apresentador ainda a "picou" e perguntou se já estava a jogar ou apenas a ser cautelosa, mas a concorrente ficou na mesma, qual veado a olhar para faróis.

Apenas um nota humorística para a primeira vez que surge na sala, colada à televisão, não fosse Cláudio Ramos não a ouvir se estivesse sentada no sofá. Parece-me que a Teresa é daquelas que aparece de pescoço cortado nas videochamadas.

Melhores momentos

1. Diogo. Ou o novo rei disto tudo

A noite de domingo teve mais momentos marcantes pela positiva, mas Diogo foi a figura central. Foi acusado pelos elementos da La Familia 2.0 de ser o maior falso da casa, e muitos deles já cantam a expulsão no próximo domingo, mas quer-me parecer que o concorrente de Lisboa vai longe no reality-show, até porque dá 10 a zero a quase todos.

Só a postura totalmente oposta ao estereotipo de concorrente de reality-show que todos temos na cabeça conquistou-me desde os primeiros momentos da gala de ontem, e já se percebeu que Diogo não vai na onda de dinâmica de grupo. Daniel Monteiro entrou na casa depois de ser salvo pelo público, Diogo foi o último a levantar-se a muito custo enquanto o resto dos concorrentes correram para o abraçar. Sónia ficou noiva, Diogo sentado. Teresa entrou na casa, sentado Diogo ficou. Noélia regressou à sala, e Diogo permaneceu tranquilamente a comer uma maçã, mas lá acabou por se levantar. Para abraçar Noélia no meio da euforia? Não, para deitar a maçã fora.

Não teve medo de nomear o Trio Odemira, e mesmo quando Pedro Soá, a explodir de raiva o acusou de ser um intelectual de unhas pintadas, Diogo permaneceu no sofá, impávido e sereno, e ainda gozou o prato. "Era isto que faltava num reality-show", disse a Soá, enquanto este tinha toda uma vontade de partir para cima dele.

É verdade que levou com nove nomeações, mas não creio que Diogo vá sair. Aliás, lembram-se da última "pessoa normal" num programa destes, também ela quase sempre nomeada e atacada pelos colegas? Pois, estamos a falar de Helena Isabel, da "Casa dos Segredos", que se sagrou vencedora do formato. Acho que estamos a viver o mesmo e inauguro aqui a hashtag oficial: #diogoéanovahelena

 2. O estilo de Slávia

Não é a primeira vez que Slávia nos surpreende com peças de roupa diferentes, elegantes e que marcam a diferença neste tipo de programas. Na última gala, a concorrente voltou a marcar o tom pela positiva, com um crop top com mangas balão em estampa africana, umas elegantes e simples calças caqui, e uma maquilhagem cuidada.

Também é verdade que a concorrência não é muita, com muitas das colegas a apostarem sempre em lantejoulas justas ao corpo como um chouriço e rabos de cavalo no topo da cabeça. Na gala passada, Iury levou a tendência bling bling ao extremo, com brilhantes dos pés à cabeça, e estamos na dúvida se está pronta para a Passagem de Ano na Madeira ou para ser o candelabro falante de "A Bela e o Monstro".

3. O pedido de casamento de Sónia

A concorrente do Porto não se cansa de falar do seu Vitó, no quanto encaixam bem um no outro e das saudades que tem do namorado. Mas, durante a semana, já tinha revelado aos colegas que o seu grande sonho era casar. Ora Vitó uniu esforços com o Big Brother e Cláudio Ramos, que até um fato lhe emprestou, ajoelhou-se em frente a Sónia através de um ecrã, e pediu finalmente a companheira em casamento.

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Sónia aceitou de imediato, chorou, riu, colocou o anel no dedo e não se cansou de elogiar o agora noivo. "És tão lindo", repetiu a vendedora umas 20 vezes. Porém, a frase que ficará sempre na memória deste pedido é a explicação de Vítor a Sónia sobre o apelido carinhoso que usa para se referir a ela. "Sabes porque é que te chamo vida?", perguntou Vítor. "Não", respondeu Sónia. "Porque és a minha vida", concluiu o companheiro da concorrente. Uau.

4. A nomeação de Rui a Ana Catharina

No meio da tensão das nomeações, houve um momento que serviu para acalmar os ânimos. Na vez de Rui, o pastor de Vila Real nomear, o concorrente escolheu Ana Catharina. Justificação? "Ela quer convencer toda a gente a ser vegetariana, mas eu gosto muito de comer carne", disse Rui. É assim mesmo. Então agora alguém te ia impedir de comer o teu cabrito assado no forno? Só não prometemos é que a brasileira não tenha um segundo AVC se vir o cabrito na bancada da cozinha.