Vamos entrar já a matar que isto é segunda-feira, acabámos de sair de um fim de semana de confinamento e nem a perspectiva de uma jantarada com os amigos no final da semana nos anima porque #covides. Alguém me explique o que raio passou pela cabeça da produção da TVI para dedicar uma gala praticamente inteira a Rui Pedro, um concorrente que desistiu (perdão, abandonou) do jogo a meio da semana, mas que aparentemente era tão vital para o "Big Brother — A Revolução" que lhe foi dado tanto tempo de antena ao ponto de não existir espaço para receber em estúdio Carlos, o concorrente expulso este domingo, 15 de novembro.
A gala arrancou, como sempre, por volta das 21h40. Até às 23h15, a emissão entrou na casa da Ericeira uma vez, e apenas na Sala de Decisões, onde estavam os três nomeados da noite: Pedro, Joana e Carlos. Teresa Guilherme entrou apenas em direto para falar com Joana, mas apenas num segmento onde estava incluído Rui Pedro — mas já lá vamos.
É verdade que foi "perdido" algum tempo a apresentar os concorrentes disponíveis para uma repescagem do público, uma tática comum em muitos países que transmitem o reality-show, garantiu Teresa Guilherme. Já eu chamo-lhe uma tentativa desesperada de recuperar audiências e colmatar a falta de participantes, dado que devido às desistências e expulsões, os concorrentes ainda em jogo não são suficientes para chegarmos à noite de Passagem de Ano com expulsões todos os domingos.
Assim, Carina, Sandra, Rúben, Michel, Diana, Liliana e Jéssica A. estavam disponíveis para voltar a entrar na casa, sendo que Rui Pedro, Luís, Bruno e André Filipe desistiram ou foram expulsos, não estando assim contemplados no grupo. Ah, e Catarina? Ninguém sabe, provavelmente estava a fazer fotossíntese.
Vamos despachar também este assunto e explicar que, do grupo inicial, apenas Carina, Liliana, Sandra e Jéssica A. se encontram ainda a votos para regressar à Ericeira esta semana. E entra uma, duas, as quatro, duas e meia? Ninguém sabe, e cheira-me que às tantas nem a produção, que está a tentar salvar um navio furado há semanas, a ver a água a entrar por todos os lados.
Rui Pedro abandonou o "Big Brother", mas o programa não o quer deixar ir
Mesmo com estes minutos a recuperar os antigos concorrentes, o que se passou de seguida só deu razão às teorias de que o "Big Brother — A Revolução" precisava de Rui Pedro como de pão para a boca. Depois de semanas a queixar-se que o faziam de vilão, que o pintavam como agressivo, que ia desistir, a gota de água para o empresário de Oliveira do Hospital chegou depois de o Big Brother o sancionar. Confesso que já não sei exatamente porquê, foram tantos os comportamentos elegíveis para dar azo à sanção, desde não colocar microfone a desrespeitar o próprio Big Brother.
Depois da sanção, Rui gritou traição, e chegou mesmo a dizer que tinha combinado uma estratégia com a produção para testar a sua popularidade fora da casa através de uma nomeação — e foi mesmo nomeado, daí eu não perceber a indignação e estar mais confusa que o Mr.Bean em Los Angeles —, teoria que insinuou novamente em direto na gala, mas que não continuou depois de Teresa Guilherme salientar que Rui Pedro não estaria mesmo a sugerir que o Big Brother se aliou ao participante numa estratégia secreta.
Mesmo com todos estes comportamentos, para não falar da postura lamentável para com os colegas (e principalmente colegas mulheres) dentro da casa, Rui Pedro foi recebido em apoteose no estúdio, teve direito a explicar-se perante Teresa Guilherme, ainda alfinetou a apresentadora ao afirmar que era posto em xeque nas galas (Teresa prontificou-se a fazer-lhe ver que as suas interações até eram numa ótica de o alertar) e protagonizou um momento com Joana que me deu vergonha alheia.
O objetivo era colocar Rui e Joana frente a frente, mesmo com imagem, depois de a rapariga estar tão aliviada de o ver porta fora, supostamente para Rui pedir desculpas. Não é que Joana seja santa nenhuma, mas não desejo o bullying (SIM, BULLYING) que a concorrente sofreu às mãos do rei Sol ao meu pior inimigo. Mas pronto, vale tudo pelas audiências.
E vá, pediu. Sim, a palavra desculpa foi proferida. Pena que a seguir tivessem vindo as ordens e quase uma necessidade de lavagem cerebral. "Desculpa, Joana, mas diz às pessoas que eu não fui agressivo. Comprova que eras minha amiga. Diz que eu te fazia massagens e usavas a minha roupa. Garante que eu nunca fiz bullying". É uma interpretação livre, mas foi muito isto que se passou: um pedido de desculpas encapotado com a necessidade de a concorrente branquear os seus comportamentos.
Joana lá o contrariou levemente, dizendo que mesmo depois dos diretos chegou a ser acordada com afirmações acusatórias, mas de um modo geral, acabou por aceitar as desculpas, não entrou no confronto e até disse que queria ser amiga de Rui cá fora. Enfim, tal como Ana Garcia Martins referiu, Joana teve o que queria, que era ver Rui fora da casa, por isso se calhar não esteve para se chatear. Mas bem que se podia ter defendido mais.
Pipoca VS. Rui. O fogo que valeu a gala
Depois do momento com Joana, Teresa Guilherme deu oportunidade a Ana Garcia Martins, A Pipoca Mais Doce, para confrontar Rui Pedro com alguns dos seus comportamentos na casa. Assim, Pipoca referiu que na sua condição de comentadora era bom ter um jogador polémico como Rui dentro da casa, mas que enquanto espectadora não podia estar mais feliz por o ver fora da Ericeira.
Salientou os comportamentos reprováveis que o concorrente manteve dentro da casa, momento em que Rui deixou de se aguentar tanto quanto tinha feito até ao momento, e começou todo um discurso sobre o que é ou não bullying. Apesar de estar à vista de todos, Rui Pedro continua a escudar-se com a lógica de "que vítima de bully é que continua a dar-se bem com o agressor", mesmo com Teresa Guilherme a fazê-lo ver que um comportamento bom não apaga outro reprovável, algo que já tinha referido com os pedidos de desculpa do concorrente.
Ah, esqueci-me de dizer que Rui Pedro também teve oportunidade de falar com a mãe de Zena ao telefone, e desculpar-se novamente em direto, referindo os seus bons valores e costumes. Lembram-se quando estávamos fartos de ouvir Pedro Soá dizer que tinha 46 anos? Esqueçam, isto é pior.
Voltando ao duelo, Ana Garcia Martins foi a voz de uma grande maioria do público, ao apontar o dedo aos comportamentos reprováveis de Rui Pedro, que a certa altura trocou as voltas, e começou a acusar Pipoca de bullying através dos seus comentários à postura de Rui, sem ele conseguir defender-se dentro da casa. A velha lógica de "és comentadora, mas não podes comentar".
Não chegámos a lado nenhum, e muito menos à redenção de Rui Pedro, mas ainda batemos palminhas ao fogo que animou a gala, e conseguimos soltar gargalhadas com dois momentos.
Falamos de quando Teresa Guilherme tentou mediar a discussão e referiu sentir-se o André Abrantes com o dedo no ar, e quando Ana Garcia Martins interrompeu Rui Pedro, depois de este se referir a ela como Pipoca. "Não somos amigos, não pode ser Pipoca. Ana, se faz favor", numa clara referência ao momento em que o participante a alertou para só o poder tratar por Rui.
E da Ericeira, novidades?
Não estou a falar dos outros concorrentes nesta crónica, pois não? Bom, é para ser coerente com a gala, que deu tanta importância aos participantes em jogo como eu às opiniões de terceiros sobre a educação que dou às minhas filhas. Vamos resumir isto, que já se está a fazer tarde, sim?
Tivemos direito a mais um jogo parvo sobre tomadas de posições, ao colocar Pedro contra Andreia e tentar espremer ao máximo o sumo destes concorrentes mais secos que as passas do Réveillon de 1994. Zena foi posta em causa mais uma vez como líder, e Carlos foi expulso, para desgraça e choradeira geral dentro da casa — e com direito a comentário de Rui Pedro.
Os concorrentes conseguiram falar brevemente com amigos e família, Pedro, Renato, Joana e Andreia foram nomeados, e Pedro, mesmo com a opção de se salvar, retirou Renato da chapa para "ganhar um amigo para a vida". Meu Deus, Pedro, estás mais desesperado que o Zézé Camarinha sem inglesas na Oura.
Jéssica F., entretanto nomeada líder num jogo feito às três pancadas, deu a Pedro e Andreia a opção de serem salvos pelo público numa votação flash, e o ilusionista recebeu luz verde dos portugueses, algo que não tenho estudos para compreender.
Jéssica teve de completar o grupo, salvou Sofia da chapa, e acrescentou Zena e André Abrantes ao grelhador. E foi isto. Ah, Carlos vai ser recebido em estúdio, anuncia Teresa Guilherme? "Num bai dar", o Rui Pedro ficou com o tempo todo.