A vida de Marie dava um filme. Esta sexta-feira, em conversa com Virginia López, a influenciadora digital fez um relato impressionante do que foram os últimos anos da sua vida, desde a mudança da aldeia da Estela para Lisboa até à incursão por comunidades que promovem um estilo de vida alternativo onde, relata, consumiu cogumelos alucinogénios.

A jovem de 20 anos começa por explicar que "estava mesmo depressiva" e que, por isso, decidiu ir "para as comunidades". "Eu nunca tinha experimentado drogas e experimentei cogumelos. E eu gostei. Em tantos anos de depressão tinha sido a primeira vez em que não me tinha sentido depressiva e com vontade de viver", conta.

Este período da vida de Marie terá acontecido no Verão de 2021, a avaliar pelas imagens e textos partilhados na rede social Instagram, onde surge em comunas, no meio da Natureza.

Marie conta ainda a Virginia López que ficou "viciada" e que, como tinha conquistado a simpatia de todos, conseguia arranjar este fungo (que funciona como uma droga recreativa) de graça. "Como eles gostavam todos tanto de mim e não sabiam da minha história não tinham noção de que eu estava sempre a tomar. Eu arranjava sempre de graça e estava sempre em cogumelos, sempre, sempre", explica, descrevendo ainda:  "eu estava sempre a abraçar a árvore. Eu sentia mesmo que era uma fada. Era uma cena mesmo estranha. Eu senti amor pela primeira vez, que nunca tinha sentido. E eu adorava! Começava a meditar, a falar com aliens... e sentia-me mesmo feliz", relembra.

No entanto, a jovem reconhece que ter partilhado vídeos quando estava sob o efeito de substâncias não foi uma boa ideia e que chegou a ter "vergonha". "Isso foi muito mau. Era óbvio que eu estava sob [o efeito de substâncias] porque eu começava a partilhar coisas. Depois quando fui para Lisboa senti vergonha de mim mesma", explica. Veja aqui o vídeo. 

"O meu pai foi-me buscar a Espanha à meia noite e tal"

O grande sonho de Marie sempre foi trabalhar na área da televisão. No entanto, antes de se mudar para Lisboa, a jovem teve algumas aventuras semelhantes às descritas acima. Uma delas, que acabou com o pai a ter de a ir buscar a Espanha, aconteceu quando ainda era menor. Marie relata que conheceu uma naturopata que se tornou sua confidente.

Mãe de Marie fala em hiperatividade. "A gente sempre tentou. Só que havia ali qualquer coisa de diferente" 
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"Encontrei essa rapariga e ficámos amigas. Eu disse que queria que ela fosse minha psicóloga mas era só para passar mais tempo com ela. Para poder ter uma amiga. Ela ia para comunidades, festivais e assim. Ela ia no verão e eu fui [com ela] e eu percebi o que era ser livre. Era a mais nova de todas, tinha tipo 16", relembra. Marie conta ainda que aceitou fazer uma viagem de caravana com pessoas dessa comunidade mas que, chegada a Espanha, pediu aos pais para a irem buscar.  "Depois liguei aos meus pais a dizer que queria voltar para casa e o meu pai foi-me buscar a Espanha à meia noite e tal", conta Marie.

Apesar de ter desistido da faculdade, Marie tentou novamente ingressar num curso superior. Nesse período começou a fazer vídeos para o Youtube mas as coisas não correram como esperava. Mudou-se para Lisboa porque, como diz "era a única forma de fugir de casa", e mesmo não tendo entrado na faculdade, confessa que esperava receber propostas de trabalho à conta da sua plataforma. "Eu achava que a minha vida ia mudar, que as pessoas me iam chamar para fazer algum trabalho. Eu sonhava bué", conta.

Não explicando exatamente ao que se refere, Marie diz ainda que se "perdeu bué" em Lisboa. "Fiquei bué triste com o facto de as pessoas não quererem saber de mim. Percebi que não é assim que funciona. As pessoas não te vão chamar para as coisas . Vão fazer coisas contigo mas sem te pagar", conta.

Depois, relembra, começou a frequentar "ambientes que não conhecia", onde o consumo de drogas era hábito. Pelo meio, houve várias mudanças de casa. "A última nem sequer tinha porta". Veja aqui o vídeo.