Adina Valean, comissária europeia dos transportes, diz que quando os voos retomarem será recomendado aos passageiros a utilização de equipamentos de protecção, como máscaras, de forma a conter a propagação da COVID-19. No entanto, naquelas que prevê que sejam as recomendações estipuladas pela Comissão Europeia não há nenhuma que dite às companhias aéreas a criação de um lugar de intervalo entre passageiros, como forma de garantir o distanciamento social porque, explica, economicamente esta regra iria não será viável para as operações.

"Utilizar equipamentos de proteção -- máscaras, em particular -- deve ser uma das condições. É o mínimo que podemos fazer para nos protegermos a nós e aos outros ao pé de nós", disse a comissária, citada pela Agência Lusa.

No entanto, Adina Valean adianta que outro dos conselhos de Bruxelas foi referente a esta questão do distanciamento social entre passageiros, "o que é mais fácil assegurar em aeroportos, em estações e mesmo em autocarros e comboios."

Em causa está uma questão de logística: nestes meios de transporte é exequível criar disposições "com número mais baixo de passageiros, com indicações para as pessoas se sentarem, mantendo alguma distância entre elas, e com maior frequência", explica Valean.

Nos aviões é diferente: “Aqui temos de garantir equilíbrio entre a viabilidade económica de um voo e o número de passageiros e claro que é mais difícil manter grandes distâncias, pelo que é um risco que a pessoa assume, apesar de tudo", disse. "Não recomendo, como norma, manter espaços livres [entre passageiros]”, esclareceu à mesma agência de notícias, na sequência de ter sido questionada sobre a opção de assentos vazios entre passageiros.

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Dentro da indústria há posturas diferentes. "Existem alguns que preferiam ter mais regras para assim restabelecer a confiança das pessoas para voltarem a apanhar um voo, e outros estão mais reticentes, afirmando que apanhar um voo corresponde a um risco aceitável”, nota a comissária.

Por outro lado, há o caso da Ryanair: a companhia low cost já veio dizer que não não retoma  operações com lugares vazios, precisamente, por considerar que economicamente não é viável voar com uma ocupação de 60%. "Eles têm alguma razão", considera Adina Valean.

A comissária dos transportes realça que todos estes pontos serão considerados nas recomendações oficiais sobre o funcionamento dos transportes da Comissão Europeia, cuja divulgação está prevista já para meados de maio.

A ideia é criar um molde comum: “Não estamos a inventar nada de revolucionário, mas todas as recomendações visam clarificar e proporcionar uma adoção comum por todos os Estados-membros para que as pessoas saibam o que esperar quando viajam."

A segurança será o ponto fundamental a ter em conta por Bruxelas, desde o momento de partida da viagem, ainda que as autoridades locais também devam "assegurar que um viajante está o mais seguro possível."

Por fim, não deixa de chamar a atenção para a responsabilidade de cada um: "A responsabilidade não pode ser atribuída a outra pessoa do que ao próprio passageiro, pelo que não podemos transferir essa responsabilidade para as empresas ou para os aeroportos para fornecerem máscaras."

Sobre a segurança dos próprio trabalhadores do setor, Adina Valean termina explicando que estes serão tidos em conta nas orientações da Comissão Europeia, mas destaca o facto de que "cabe às empresas fornecer aos seus funcionários o equipamento de protecção necessário."