Coimbra é a cidade dos estudantes e do fado, mas também de quem quer tirar uns minutos para ir ao passado, tanto nos sonhos comos nos sabores. É que é nesta cidade que fica um dos mais emblemáticos jardins, o jardim da Quinta das Lágrimas, bem como o quase centenário Café Santa Cruz, que foi em tempos uma igreja paroquial.
Contudo, Coimbra não se faz só de passado, há também um hotel com quartos sem janelas, um outro com menu de almofadas e um café com croissants que até levam bacon no interior. Por alguma razão, Coimbra foi destacada como um dos destinos a explorar em 2021 pela revista "TIME" e não é só pelo Portugal dos Pequenitos que os miúdos tanto adoram.
Dormir, comer e passear é tudo o que pode fazer em Coimbra (e o que também fizemos para lhe mostrar). Quer dizer, quase nos esquecíamos de que pelo meio pode também haver alguma aventura para que não sejam só as pernas a trabalhar durante as férias: o cérebro também vai estar em movimento.
O que é certo é que vai voltar como novo depois de relaxar numa destas unidades hoteleiras.
1. Do antigo ao moderno, ficar em Coimbra nunca é igual
Começamos por falar no hotel Quinta das Lágrimas para que não perca tempo e aproveite a promoção em vigor até esta segunda-feira, 25 de outubro. Ao fazer a reserva no site, terá um desconto de 25% para celebrar os 25 anos da unidade. O quarto de século não podia ser assinalado de melhor forma e tem ainda muito tempo para gozar a promoção: pode marcar a estadia até 23 de dezembro de 2022.
Se for já este inverno, vai poder explorar os 12 hectares de jardins históricos que comportam a fonte dos amores e a fonte das lágrimas, que contam a lenda do amor proibido entre D. Pedro e D. Inês de Castro, a mata e o anfiteatro colina Camões. Já no verão, os jardins ganham mais cor e pode ir até à piscina do hotel, cujo edifício remonta ao século XVIII. Uma noite em outubro custa desde 165,75€ para duas pessoas.
Em vez de caminhar pelo passado, deixe-se levar pelos sonhos no spa do sono, ou melhor, o Hästens Sleep Spa – CBR Boutique Hotel, localizado no coração de Coimbra. Aqui, pode dormir o número de horas recomendadas por dia, entre 7 a 9 horas, ou até mais. É bem capaz de deixar-se levar pelo sono devido ao menu de almofadas Hästens "com mais ou menos volume, maior ou menor densidade, mais ou menos firmeza" e a ajuda da app Restore que disponibiliza áudios que ajudam na hora de dormir. A estadia custa 500€ por quarto e por noite.
No Zero Box Lodge Coimbra também é fácil adormecer, dado que não há quaisquer luzes do exterior a incomodar. Os quartos são inspirados nos alojamentos em cápsula do Japão e tal como esses não têm janelas. Ainda assim, ao contrário da proposta original, estes são bem espaçosos e até têm casa de banho incluída. Uma noite no ZERO Box Lodge Coimbra custa 55€.
2. Comer um croissant com tudo
Logo à chegada a Coimbra, queríamos algo leve e típico, dois conceitos que não combinam muito. Onde é que acabámos? N'O Croisant, na Praça 8 de Maio, daqueles espaços que de fora já cheiram a sítio da moda. Mas este tinha mais uns aromas. Cheirava a simpatia, a croissants, a tostas de abacate (as eternas e que nunca vão passar de moda) e à chuva que molhava o dia em que fizemos esta visita.
Sentámo-nos no piso superior de frente para o centro histórico e a admirar a fachada da Igreja de Santa Cruz, firme e hirta mesmo com os pingos da chuva a cair-lhe em cima. Comida de conforto combina com dias cinzentos e foi isso mesmo que encontrámos neste espaço cujas estrelas são os croissants.
Primeiro vamos falar dos croissants salgados que servem de almoço tal é o tamanho e os recheios bem compostos que vêm dentro da massa folhada e pouco gordurosa. Há croissant de queijo creme com cogumelos (4€), de presunto e queijo fresco (4€), o british, com ovos mexidos, tomate cereja e bacon (4€) e ainda que é mesmo ao estilo americano: o New York, com fiambre, queijo, bacon, tomate cereja e cebola crocante (4,20€).
Para sobremesa, mais um croissant, seja ele de manteiga de amendoim e banana (2,40€), de Kinder Bueno e morangos (o Buenos Aires, 2,40€) ou de chocolate branco, bolacha Oreo e morangos (o Orlando, 2,50€) para terminar de forma mesmo gulosa.
Quem preferir outras opções, há a famosa bruschetta de abacate (4,90€), panqueca de salmão (6€) ou o menu de brunch, com sumo de laranja, iogurte ou panqueca clássica, croissant salgado e (12€).
3. Depois de barriga cheia, um pouco de aventura: escape room
Quando caminhávamos na baixa da cidade depois de instalar-nos na cidade, deparámo-nos com um cartaz que falava num tal de Brain Maze. De imediato abrimos o Google e percebemos que trata-se de um live escape game com quatro pontos principais: uma sala que se tranca depois de entrarmos no jogo; um labirinto de enigmas que só se resolve com pensamento lógico, criatividade e memória visual; 60 minutos para deixar de estar encurralado; e a ajuda de dois a cinco amigos ou colegas de trabalho (aqui está uma ideia de team building) para resolver o mistério.
Tanto pode salvar a Universidade de Coimbra de uma ameaça anónima através do jogo ground zero (55% de taxa de saída), como tentar sair do armário do hostel com decoração em homenagem a D.ª Inês de Castro, um jogo com 30% taxa de saída. Cada jogo custa 50€.
4. Andar pela história e natureza
Já falámos em dormir na Quinta das Lágrimas, mas caso prefira outra opção de alojamento, eis o que deve saber para fazer apenas uma visita ao jardim romântico de Coimbra. Para visitantes, a entrada custa apenas 2,50€ e 1€ para crianças com menos de 15 anos. Depois de ter o bilhete na mão, poderá avançar pelos jardins da Quinta das Lágrimas que remontam ao século XIV e à história do amor entre D.ª Inês de Castro e D. Pedro, Príncipe Herdeiro do Trono Português.
Contudo, este é apenas um pormenor da visita, uma vez que vai também poder encontrar uma coleção de jardins que vão desde o romântico (com espécies raras de árvores), o japonês, localizado num claustro do Hotel, e o medieval, junto ao Cano dos Amores, até à horta orgânica e à mata que se perde de vista, entre as quais andam 20 espécies de pássaros que aparecem ocasionalmente.
Numa das manhãs em que acordámos em Coimbra, decidimos aproveitar o sol que já não aparecia há algum tempo e fomos descobrir o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Havia alguns vestígios do tempo chuvoso no solo enlameado, aspeto de pouca importância quando outro sobressaia: as gotas de água brilhantes sobre as árvores.
A visita a este jardim, que data do ano 1772, é obrigatória e tem de ser feita com tempo para explorar os 13,5 hectares de plantas tropicais, ornamentais, narcisos e outro tipo de vegetação tão densa que quase esconde a capela de São Bento e Bambuzal, no coração da mata. Pertenceu à Ordem de São Bento e terá sido usada como local de oratória por monges beneditinos.
5. Um petisco e um crúzio antes de ir embora
Para não fazer o caminho com fome, sinta um bocadinho da essência de Coimbra e coma um petisco na Maria Portuguesa, que tem outro espaço junto ao rio Mondego, a Maria Rio. Sentámo-nos nos lugares da esplanada correspondentes a este restaurante no Largo da Sé Velha que não tem cá rivalidades com o Café, Restaurante Sé Velha, mesmo ao lado. Ambos partilham o mesmo espaço de esplanada, bem como a mesma simpatia e umas picardias para cá e para lá entre os funcionários de cada estabelecimento e que nos fazem sentir como um conimbricense.
Enquanto o Café, Restaurante Sé Velha é mais para pratos compostos, como o arroz de polvo (11€) que não parava de sair, a Maria Portuguesa é mais para petiscar algo com sabores típicos da gastronomia portuguesa. Optámos por uma tiborna no pão tradicional, com sardinha e pimentos salteados (5,50€). A ementa conta ainda com ovinho no forno com cogumelos e natas (6,50€) e, para os vegetarianos, migas à portuguesa (4,50€) a acompanhar com cogumelo Portobello recheado com legumes (7,50€), por exemplo.
A sobremesa pode pedir na Maria Portuguesa ou esperar até chegar ao Café Santa Cruz (que termina o roteiro onde começámos, na Praça 8 de Maio) e comer os famosos crúzios (1€), um doce regional de Coimbra com base numa receita antiga composta apenas por farinha, manteiga, creme de ovo e amêndoa laminada polvilhada com açúcar.
Coma no local acompanhado de um café (0,90€) — nota final para o facto de termos ficado surpreendidos com os preços em todos os lugares, em especial nos mais turísticos como o Café Santa Cruz — ou levar para casa dentro da caixa inspirada num dos vitrais do Café Santa Cruz e que retrata o que foi em tempos este espaço.
Se for ao final do dia, em vez de pedir logo os crúzios, comece por uma tábua com presunto, enchidos e queijo (13,50€) para acompanhar a sessão de fado ao vivo que acontece todas as noites (com exceção do domingo) até ao final de outubro entre as 18h e as 22h.