Desde o verão de 2023 que o Convent Square Hotel Vignette Collection tem recebido hóspedes. Localizado junto à Praça do Rossio, no coração da capital portuguesa, esta unidade hoteleira de quatro estrelas dispõe de 121 quartos — e tem muita história para contar.

Este novo hotel lisboeta nasceu da reabilitação de um edifício histórico de 1242. Veja as imagens
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Com uma piscina interior, um spa e um restaurante de gastronomia portuguesa, o Convent Square Hotel, que pertence à PHC Hotels - Portuguese Hospitality Collection, é uma boa opção para quem quer ficar no centro de Lisboa e não perder tempo em deslocações.

Quando visitámos o hotel, a piscina interior encontrava-se em manutenção, pelo que não pudemos avaliá-la. Fica no quinto andar, assim como toda a área de bem-estar, com a sauna e o ginásio, que funciona todos os dias das 7 às 23 horas.

Um Convento de 1242 que agora é hotel

Esta nova unidade hoteleira resultou da reabilitação do Convento de S. Domingos, um edifício histórico de 1242 que foi mandado construir pelo rei D. Sancho II. "Queremos manter a identidade deste edifício", explicou-nos um dos responsáveis pelo bar, Rúben Mendonça, justificando a existência de frascos e balanças antigas.

É lá que estão também uma sepultura (cujo túmulo foi removido) e escrituras que datam de 1612, assim como pilares que ainda contêm corpos, segundo nos contou. Há paredes que sobreviveram a terramotos e qualquer hóspede pode ver os estragos com os seus próprios olhos.

No Convent Square Hotel, beber um cocktail ou um copo de vinho é quase assistir a uma aula de história das mais interessantes. A tijoleira portuguesa foi preservada em algumas zonas. Durante as construções, encontraram "muitos corpos" e até um "botão Napoleónico".

Pelos andares do hotel estão espalhados alguns dos artefactos que por ali passaram, como terços. Além de um convento, aquele espaço chegou a albergar também um talho e um boticário. Este último serviu de fonte de inspiração para a criação do cardápio do bar.

A elaboração de um novo Capítulo

Os cocktails de autor, feitos com produtos portugueses, têm nomes como "antídoto", "poção", "remédio" e "sedativo". "Pegámos na história e fazemos nós agora parte da história", disse-nos Rúben Mendonça, enquanto abanava o shaker. "Se não estiver bom, não sirvo. Faço tudo de novo", garante, deitando pingas na mão para provar cada criação.

O "elixir", o best-seller, é bastante fresco. Este aperitivo leva gin Beefeater, Italicus, xarope caseiro de alecrim, limão e licor de bergamota (16€). A melhor parte? O gelo traz alecrim dentro — uma técnica que não conhecíamos e que passámos a adorar.

Como digestivo, provámos o "remédio" (e desejámos que todos os remédios tivessem este sabor). No fundo, é a versão do hotel de uma piña colada. Mais alcoólico, leva rum 1888, sumo de abacaxi, xarope caseiro de gengibre, mel, espuma de coco e o "ingrediente secreto": raspas de chocolate. Custa 16€.

O vinho branco fica no frigorífico e, para limpar o palato, é-nos dada uma água aromatizada. "Podemos remover o álcool de cerca de 80% dos cocktails, para os tornarmos mocktails", revelou-nos Rúben Mendonça, sobre as bebidas de assinatura.

É no Capítulo que são servidas as bebidas, o pequeno-almoço e os jantares. Durante anos e anos, eram aqui tidas conversas muito importantes, que tinham como objetivo "decidir o próximo capítulo de Portugal", assim como nos explicou o bartender, que está no projeto desde o início.

Esta é a sala mais conservada do convento. Acobreada e pouco iluminada, conta com colunas de mármore branco e com os tetos abobadados originais. A carta é da autoria do chef Vítor Sobral, que propõe, para couvert, pão de fermentação natural, paté de grão (ou húmus), azeitonas marinadas e queijo de ovelha (7€).

A ementa tem entradas frias, quentes, pratos principais (incluindo vegetarianos) e sobremesas. Decidimos começar com um robalo marinado, citrinos, couve-flor e coentros (12€), que foi um dos pontos altos da refeição. Mas o tártaro de novilho, funcho, alcaparras, trufa e cebolinho (14€) não ficou muito atrás.

Assim que vimos a moqueca de camarão, polvo e arroz de caju torrado (35€) soubemos logo o que pedir. E ainda bem. Servida num tacho cor de laranja, trazia os produtos do mar a "nadarem" num molho espesso e amarelo. Estava tão boa que acabou por ofuscar o outro prato.

A presa de porco preto alentejano assado com vinho tinto e gengibre, espargos salteados e puré de batata e nabo (28€) tinha tudo para brilhar, mas não conseguiu. No fim, já a rebentar pelas costuras, não resistimos ao cítrico e guloso creme brûlée de tangerina (8€).

Uma aula de história disfarçada de turismo

Depois de encher a barriga, dirigimo-nos ao local onde ficava o claustro do convento, que agora funciona como pátio interior, ao ar livre. Além de um poço original, tem sofás, mantas e fogueiras que nos mantêm quentes e chapéus que nos abrigam da chuva. É um local diferente para o convívio.

Esta zona lounge, que também dispõe de oliveiras centenárias que transmitem paz, fica mais animada durante alguns dias da semana. Às quintas-feiras, sextas-feiras e sábados, o claustro conta com um DJ que toca música ao vivo, tanto para hóspedes como para passantes.

Quando o corpo já pedia cama, subimos para o quarto. A casa de banho era surpreendentemente grande e a televisão funcionava como espelho. Não tínhamos varanda e os apontamentos em tom cobre persistiam, assim como nos corredores e em todo o Convent Square Hotel.

O pequeno-almoço é servido das 7h30 às 10 horas. Sim, servido. O Capítulo privilegia um serviço à carta, em vez do de buffet. Para iniciar o dia, são postos na mesa pão, queijo, fiambre, manteiga, compota, fruta laminada, sumo do dia e croissant miniatura.

A partir daqui, e com a ementa na mão, vai poder escolher se lhe apetece, para começar o dia em bom, bacon, salsichas frescas, feijão, legumes salteados, papas de aveia, panquecas ou ovos (mexidos, fritos, Benedict, Royale, Florentine ou omeletes recheadas).

No Convent Square Hotel, o famoso chá das cinco é levado a sério. Esta tradição cumpre-se todos os dias com uma degustação de chá, com infusões quentes e frias. Enquanto bebem, hóspedes (de forma gratuita) e passantes (pelo valor de 6€) podem ouvir a história do convento.

É impossível percorrer os diferentes (e imponentes) espaços do hotel sem pensar no que outrora ali se passou. A estrutura aguenta séculos de acontecimentos, de vivências e, claro, de histórias. E, em redor, há muitos mais capítulos para conhecer, já que algumas das principais atrações turísticas de Lisboa ficam a minutos a pé.

A estadia para dois adultos de 22 a 24 de março (sexta-feira a domingo) num quarto king deluxe com vista para o claustro fica por 584€. Se optar por ficar num quarto king premium, pagará 610€, de acordo com o que revelou a simulação de preços que efetuámos online.

Convent Square Hotel Vignette Collection

Localização: R. Dom Antão de Almada 4, 1100-373 Lisboa
Contactos: 218 295 200 / site / Instagram