O oeste tem um motivo de atração especial, principalmente no verão: as Berlengas, um pequeno arquipélago composto por três ilhéus — Berlenga Grande, as Estelas e os Farilhões-Forcados — que a partir de abril vai começar a cobrar uma taxa diária de três euros no acesso à área terrestre da ilha da Berlenga.
Em 2019 tinha entrado em vigor a limitação de 550 pessoas por dia com o objetivo de minimizar "os efeitos da visitação sobre os habitats e as espécies em presença" e a nova regra para aceder ao pequeno arquipélago tem em vista usar as receitas na "promoção das medidas de valorização" da ilha classificada como Zona de Proteção Especial para Aves Selvagens e integrada na Rede Natura 2000 e distinguida pela Unesco em 2011 como Reserva Mundial da Biosfera.
Muda o valor da entrada, mas não muda o que se pode conhecer. Vai continuar o mergulho, a canoagem e o clássico restaurante Mar e Sol, que é também o único na ilha a 5,7 milhas do Cabo Carvoeiro, em Peniche.
O que vou pagar a partir de abril
Com a portaria publicada em Diário da República a 5 de janeiro de 2021, a partir de abril todos os turistas vão ter de pagar uma taxa de 3€ por dia e por pessoa para aceder à área terrestre da ilha da Berlenga. Mas há variações no valor.
Para crianças entre os 6 e os 18 anos, o valor fica a metade do bilhete para adulto, ou seja, a 1,50€. A redução de 50% também se aplica aos visitantes a partir dos 65 anos.
Está também prevista uma isenção de taxa, naturalmente, para os residentes sazonais, assim como para trabalhadores de estabelecimentos comerciais na ilha da Berlenga.
A portaria do governo anuncia ainda que a taxa não tem efeito para profissionais autorizados a exercer atividades de pesca ou de animação turística, para quem está alojado na área de intervenção específica do "Bairro dos Pescadores", prestadores de serviços acreditados, operadores de animação turística e de embarcações, investigadores, trabalhadores no âmbito da manutenção de equipamentos e infraestruturas da ilha e representantes das entidades oficiais com jurisdição na Reserva Natural das Berlengas.
Como chegar até à ilha da Berlenga
A frequência é maior no verão, mas há operadores que começam meses antes, em meados de março. A Câmara Municipal de Peniche (CMP) tem uma lista com todos os operadores marítimo-turísticos que partem da Marina de Peniche para a ilha e indica ainda as embarcações que levam mais e menos pessoas.
Para chegar até à ilha, numa viagem que demora cerca de 30 minutos e repete-se em ambos os sentidos várias vezes ao dia, pode recorrer aos serviços da Feeling Berlenga, Berlenga Praia, Berlengoest, Berlenga Experience, Berlenga Tours, Viamar e AOMT — com preços que vão desde os 20€ ida e volta.
Os contactos (telefone e e-mail) de cada operador estão indicados aqui.
Diversão na ilha, desde um sunset ao mergulho
Para passeios de barco com atividades náuticas, há mais opções na mesma lista de operadores da CMP disponíveis para animar a visita às Berlengas. Com a Berlengoest, por exemplo, é possível alugar um barco privado para desfrutar da ilha com um dos ecossistemas marinhos mais ricos em Portugal e com a Acuasuboeste pode explorar isso mais de perto através da prática de mergulho ou snorkelling.
Na Berlenga também é possível visitar as grutas, fazer passeios pedestres e observação da natureza com outros cinco operadores. Quem é adepto de pesca desportiva, pode seguir acompanhado por quem conhece o arquipélago como ninguém.
Diminuindo a dose de aventura, pode descobrir as Berlengas através de uma caminhada, um pedestre ou de percursos interpretativo percorridos de forma independente ou acompanhado de guias das empresas que prestam serviços na ilha.
Encontra todos os contactos nesta lista.
Passar o dia na praia
Quem vai às Berlengas não tem passar o dia de um lado para o outro entre atividades. Pode simplesmente estender a toalha numas das praias — a da Berlenga Grande, da Cova do Sonho e do Forte — e ficar a desfrutar da paisagem de natureza, marcada pela banda sonora das gaivotas que sobrevoam o arquipélago.
Contudo, no caso de ir à praia do Forte, aproveite também para conhecer o Forte de S. João Baptista, um dos principais pontos de interesse da ilha Berlenga. Fora do perímetro encontra-se ainda o Farol Duque de Bragança, o Castelinho e várias formações geológicas, como a Cova do Sonho (onde fica uma das praias) e o Carreiro da Inês.
No fim do passeio e de uns quantos mergulhos, é altura de matar a fome.
Onde comer nas Berlengas?
Aqui não nos vamos alongar muito. Se estiver de visita ao Forte de S. João Baptista e ficar para dormir no hotel, pode almoçar no refeitório que tem todos os dias uma ementa nova. No caso de estar de passagem e não se ter precavido com marmita, tem o restaurante Mar e Sol, que está aberto apenas entre meados de maio e setembro. Comprar umas sandes no minimercado ou apenas águas para os dias de calor também é uma opção.
Mas atenção: tudo isto tem de ser pago em dinheiro, dado que no pequeno arquipélago não há multibanco.
O melhor é seguir as recomendações de preparação da Câmara Municipal de Peniche e "viajar prevenido com os recursos e mantimentos necessários, especialmente se for acampar". É ainda recomendado levar garrafas de água reutilizáveis dado que "não existirem cursos de água doce nem sombras na Berlenga" e não esquecer o "protetor solar e chapéu".
Respeitar a casa de plantas endémicas, recifes e aves marinhas
Sendo o habitat de inúmeras espécies, é importante que seja reduzido o impacto dos mais de 43 mil visitantes que em média pisam a ilha das Berlengas todos os verões. Desde modo, para proteger as populações de aves marinhas reprodutoras e a flora autóctone, existe um código de conduta na Life Berlengas, programa da União Europeia para a gestão sustentável da Zona de Proteção Especial (ZPE) das Berlengas, que deve ser seguido pelos visitantes.
Durante a permanência, mantenha a distância dos animais e não os alimente, não apanhe plantas ou recolha amostras geológicas, circule sempre nos trilhos e respeite a sinalização da Reserva Natural das Berlengas.
No regresso, certifique-se de que todo o lixo foi deitado nos locais para o efeito ou leve-o consigo. Ah, e não leve para a viagem de regresso dúvidas sobre se deve denunciar irregularidades. Se viu algo suspeito, contacte as autoridades locais.