A boleia atrasa-se e lá vamos nós chegar uma hora mais tarde ao destino. Há um problema na linha e o comboio fica parado a meio do País. O autocarro até sai a horas mas não há meio do wi-fi funcionar e temos três horas e meia de A1 pela frente.
Quem faz a viagem entre Lisboa e Porto com frequência vai reconhecer estes dramas do asfalto e é por isso que são cada vez mais as alternativas. A TAP promove a ponte aérea com bilhetes desde 36€, o governo fala de um comboio que faça o trajeto em duas horas e o grupo de Facebook de partilha de boleias entre as duas cidades conta já com quase 64 mil membros.
Este cenário, aliado a vontade de promover uma mobilidade mais sustentável, fez com Ricardo Jorge não tivesse dúvidas na hora de criar uma startup para promover a mobilidade intercidades.
A Yoyoloop começou a ser desenvolvida no final de 2017 e desde setembro do ano passado que anda na estrada. No entanto, é desde o início deste ano que a plataforma de viagens partilhadas tem vindo a notar um crescimento. Atualmente transportam uma média de 70 passageiros por semana e, no total, já ultrapassam as 300 viagens.
Tudo funciona através do site, que existe também na versão mobile, e através do qual o cliente pode marcar uma viagem, entre os destinos disponíveis: Lisboa, Porto, Leiria e Coimbra (brevemente, também estará disponível a viagem Lisboa-Porto). A partir daí é escolher o ponto de recolha, que em Lisboa pode ser Marquês de Pombal, Amoreiras, aeroporto, Colégio Militar/Luz, Saldanha, Santos, universidade Católica, Continente da Amadroa, Entrecampos, Campo Grande, Sete Rios ou Gare do Oriente e no Porto Avenida da Boavista (duas paragens), Casa da Música, NorteShopping, aeroporto, Foz, Maia, Campanhã e Trindade, e as horas. Todos os dias, os seis carros que ligam as duas cidades saem às 6h, 7h, 9h30, 17h e 18h30.
A viagem custa 45€ (uma viagem de Alfa Pendular em classe conforto custa 43,60€), preço que o responsável pela startup justifica com as mordomias de viajar com motorista numa carrinha de estofos em pele. "De manhã podem ir a dormir e à tarde aproveitar para trabalhar, até porque há wi-fi", refere Ricardo Jorge. Há internet, jornais, revistas, águas, fruta e barras de cereais para ajudar a passar as 2h50 de viagem, porque aqui são cumpridos todos os limites de velocidade.