Phnom Penh. Este é o ponto de partida para chegar a Siem Reap, cidade cambojana onde mora o maior e mais impressionante templo do mundo: Angkor Wat. Mas já lá vamos. 

Em Phnom Penh, fiquei alojada no Hostel Onederz, que recomendo. É simples, mas tem tudo aquilo que é preciso, incluindo uma boa localização. Fiz reserva para duas noites, e é suficiente.

A visita a esta cidade é obrigatória para quem, como eu, tem interesse em ficar a saber o máximo possível sobre o Camboja. O Museu do Genocídio Tuol Sleng choca, mas é imperdível nesse sentido. Aqui mergulhei a fundo na história deste país do Sudeste Asiático.

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Entre 1975 e 1979, Pol Pot assumiu a governação do Camboja, ou seja, a liderança do Khmer Vermelho (Partido Comunista do Camboja). Este Museu foi em tempos uma escola, mas deu lugar a uma prisão durante este regime ditatorial. Milhões de inocentes foram aqui violentamente torturados, e depois mortos, nos “killing fields”, que também é possível visitar.

O regime de Pol Pot matou 3 milhões de pessoas em apenas quatro anos. Ou seja, na prática, o Camboja, que em 1975 contava com oito milhões de habitantes, viu-se com apenas 5 milhões de habitantes em 1979. 

Os vietnamitas que se refugiaram aqui por causa da Guerra do Vietname (1955-1975) foram também vítimas do regime, como forma de garantir que a realidade por detrás do mesmo não era exposta além fronteiras. O mesmo quanto aos estrangeiros que por aqui viajavam na altura. 

Esta violência foi geral a qualquer cidadão que o Khmer Vermelho considerasse infiel ao Governo, e incidiu sobre todos os estratos sociais. De tal forma que, nos primeiros anos após o fim da ditatura de Pol Pot, por não haver profissionais de saúde suficientes para assistirem aos cidadãos, os partos aconteciam sobretudo em casa.

Após o fim do regime de Pol Pot, o país reinventou-se. Hoje vivem no Camboja 16 milhões de habitantes, o que deixa bem claro que este é um país jovem. Afinal de contas, este aumento de população impôs-se apenas a partir de 1979.

Chegada a Siem Reap

Fiz a viagem de Phnom Penh para Siem Reap durante a noite, num “night bus”, como é designado aqui - trata-se de um autocarro com camas, onde é possível dormir. Comprei o bilhete pela empresa Giant Ibis Transport e custou à volta de 13,50 euros. A viagem durou seis horas.

Fiquei alojada no Hari Residence & Spa, que tem a melhor localização possível. Fica mesmo no centro da cidade, tem uma decoração maravilhosa, um pequeno-almoço delicioso, e uma piscina onde terminei quase todos os meus dias.

Siem Reap é uma cidade encantadora. É proibido construir edifícios que superem a altura do incontornável Angkor Wat, o que torna a cidade acolhedora. São inúmeras as ruas e ruelas com produtos locais à venda, bem como restaurantes. Os passeios sem horas por aqui deixaram-me com a sensação de estar numa vila, onde impera conforto e tranquilidade. Aqui a vida faz-se bem simples. 

Visita guiada pelos templos: Angkor Wat, Ta Prohm e Bayon

Siem Reap tornou-se conhecida e desejada por constituir, no fundo, a porta de entrada para a principal atração turística do Camboja: Angkor Wat. Inicialmente hindu, e depois budista, este é o maior templo vivo do mundo. 

Angkor Wat remonta ao século XII e faz parte do complexo religioso de Angkor, que inclui mais de seiscentos templos. Estes estendem-se ao longo Parque Arqueológico de Angkor, cuja dimensão ronda os quatrocentos metros quadrados. Este parque é herança do Império Khmer, civilização que dominou grande parte do Sudeste Asiático entre os séculos IX e XV, e que deu origem ao povo cambojano. É, portanto, imenso o seu valor cultural, religioso e simbólico, e ainda a sua relevância a nível arquitetónico, arqueológico e artístico. Não é por acaso que constitui Património da UNESCO. 

A melhor forma de imergir neste universo tão vasto e rico é, sem dúvida, através de um guia turístico. Recorri, por isso, à empresa Journey Cambodia, que já me tinha sido recomendada por amigos. Optei pelo tour de oito horas, cujo bilhete custa 23,50€.

O Sam é o guia turístico que nos acompanhou nesta viagem inesquecível. É fluente em inglês, mas mais importante do que isso, é um apaixonado pela história do seu país, que sabe de cor e salteado. 

O tour que fiz inclui visita a três templos: o incontornável Angkor Wat, o também aclamado Ta Prohm e, por fim, o Bayon. Pronto para entrar em cada um deles?

Angkor Wat

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A principal atração turística do Camboja: Angkor Wat. Inicialmente hindu, e depois budista, este é o maior templo vivo do mundo. Chegámos aqui ainda de madrugada, com o objetivo de vermos o nascer do sol com esta vista.

Às 04h30, o guia veio buscar-nos ao hotel no autocarro da agência, onde já estavam os outros clientes. Ao todo éramos apenas cinco pessoas, o que tornou a experiência melhor ainda, porque acabou por haver mais margem para esclarecer dúvidas e trocar impressões.

Madrugámos, porque a promessa era presenciarmos o nascer do sol com vista para Angkor Wat. Este é o maior e mais bem preservado templo de todo o complexo Angkor e, agora que lá estive, posso garantir que a sua beleza e grandiosidade vão muito além do que qualquer fotografia possa mostrar. 

Angkor Wat surpreende logo à chegada. É especial poder contemplá-lo a partir de fora, sem pressas, enquanto o sol não chega. A espiritualidade deste local fez-se sentir por esta altura. Por causa da COVID-19, os jardins frente ao monumento não estavam cheios de turistas, por isso, entre o silêncio, (ou)viam-se pássaros. E, finalmente, o sol nascia, deixando para segundo plano as nuvens. Tivemos sorte.  

Acedemos de seguida ao interior do monumento. O nosso guia disse logo ao início do tour: “visitar Angkor Wat é muito mais do que contemplar um monumento de pedra; esta experiência é, sim, sobre ficar a conhecer a história por detrás de cada parede de pedra”. No interior do edifício, isto não podia ter ficado mais claro. Aqui concluí, também, que a imponência de Angkor Wat vai muito além daquilo que se vê por fora. São inúmeros os quartos, galerias, corredores, pátios e escadarias — além dos deuses e demónios, esculpidos nas paredes com o maior dos detalhes.

A dimensão e pormenor de tudo aquilo que vi aqui denuncia um trabalho árduo de anos a fio. E o nosso guia confirma isso mesmo: “Angkor Wat levou trinta anos até ser concluído, contou com mais de 300 mil trabalhadores e, ainda, com 5 mil elefantes — essenciais para o carregamento de mercadorias”, explicou. 

Em 1992, a UNESCO declarou Angkor Wat como Património Mundial da Humanidade.

Ta Prohm

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Ta Prohm, que em português significa “Templo da Floresta”, é conhecido pelas árvores centenárias (muitas delas, com mais de 500 anos), cujas raízes não param de crescer. São grandes ao ponto de ocuparem até a própria estrutura dos templos locais. O nosso guia, Sam, é também especialista em fotografia, e tirou-nos esta fotografia “mágica”.

Em dez minutos chegámos à paragem seguinte: Ta Prohm, que em português significa “Templo da Floresta”. Este templo é conhecido pelas árvores centenárias (muitas delas, com mais de 500 anos), cujas raízes não param de crescer. São grandes ao ponto de ocuparem até a própria estrutura dos templos locais. Assim dito, pode parecer confuso, mas as fotografias não deixam margem para dúvidas. 

Este templo ficou também conhecido por ter sido cenário de algumas das cenas do filme "Lara Croft: Tomb Raider," protagonizado pela atriz norte-americana Angelina Jolie, em 2001.

Bayon Temple

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Eu o Nuno no Templo Bayon, que destaca-se pelas muitas torres onde estão esculpidos inúmeros rostos, que nos sorriem com serenidade a partir de qualquer ângulo.

Chegamos por fim ao Templo Bayon, uma das estruturas mais conhecidas, populares e bonitas do Parque Arqueológico de Angkor. É também designado de Templo de Jayavarman, em homenagem ao rei que ordenou a sua construção.

Este templo destaca-se pelas muitas torres onde estão esculpidos inúmeros rostos, que nos sorriem com serenidade a partir de qualquer que seja o ângulo. 

Cada uma destas caras está posicionada de acordo com os diferentes pontos cardeais. Além disso, têm quatro metros de altura e o mesmo sorriso sereno, tal como os olhos fechados. Segundo o nosso guia Sam, representam um profundo estado de paz interior, ou, quiçá, o estado de Nirvana que os budistas devotos procuram alcançar. 

À semelhança do que se verifica em Angkor Wat, também aqui as paredes contam histórias. Mais uma vez, os baixos relevos são muito elaborados e representam, tanto guerras navais e em terra, quanto a construção do próprio templo, e ainda situações de compra e venda nos mercados.

Este é, sem dúvida, mais um templo que merece uma visita demorada.

O tour terminou pelas 12h00 com uma sugestão de restaurante no centro de Siem Reap, onde acabámos por almoçar todos juntos. 

A visita aos templos é, de facto, imperdível, mas esta cidade é especial por muito mais do que isso. Este foi, aliás, dos destinos que mais me custou deixar até agora. Pela hospitalidade e a forma de estar dos locais, que tornam tão prazerosos os passeios por estas ruas. A leveza e simplicidade deste povo é inspiradora e dá que pensar. Sem dúvida, a grandiosidade dos templos que integram o complexo Angkor faz jus às pessoas que conheci aqui.

Na bagagem, levo o desejo de regressar e, aos locais com quem me cruzei, deixo a promessa de que tudo farei nesse sentido.Termino esta publicação com uma novidade que não posso deixar de partilhar com o leitor: a partir de agora, sou afiliada da companhia de seguros IATI.

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