Nos últimos anos, Diogo Ribeiro, nadador do Benfica de apenas 19 anos, tem dado que falar graças ao seu repertório de distinções, que é de meter inveja a gente grande. E, esta segunda-feira, 12 de fevereiro, o atleta voltou a ser tema de conversa por ter atingido mais um marco na sua carreira: sagrou-se campeão do Mundo dos 50 metros mariposa, com 22,97 segundos, nos Mundiais em Doha, no Catar.

Antes, a 24 de julho do ano passado, em Fukuoka, no Japão, o atleta tornou-se vice-campeão mundial dos 50 mariposa. A prova foi renhida e o atleta acabou-a em 22.80 segundos, ficando atrás apenas do italiano Thomas Ceccon (22.68) e à frente do francês Maxime Grousset (22.82).

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O jovem é um verdadeiro fenómeno, título que lhe é atribuído há algum tempo. E as expectativas depositadas na carreira do nadador só aumentam, tendo em conta que está apurado para competir em três distâncias diferentes nos Jogos Olímpicos de 2024, que serão levados a cabo em Paris, França.

Mesmo que a vida lhe tenha pregado algumas rasteiras pelo caminho, Diogo Ribeiro é um caso exemplar do desporto nacional. No rescaldo de umas das mais importantes vitórias da carreira do atleta, descubra seis curiosidades sobre o mesmo.

1. Uma tragédia levou-o à natação

Diogo Ribeiro nasceu em 2004 e é natural de Coimbra – e foi lá que o amor pela natação começou a crescer, ainda mesmo sem saber. Apesar de não ter nenhum familiar com ligações profissionais a esta modalidade, tinha ainda poucos meses de vida quando começou a frequentar aulas de natação.

A irmã, três anos e meio mais velha que o atleta, também a praticava e o jovem começou a acompanhá-la nas idas à piscina. Até que, aos 3 anos, a vontade de explorar melhor aquele desporto o assolou – mas foi só quando passou por um evento trágico que começou a levá-lo a sério, de acordo com "A Bola".

Quando tinha apenas 4 anos, o pai morreu. Para que o menino não perdesse o foco, após a perda desta figura importante na sua vida, a mãe decidiu que mantê-lo ocupado seria o mais prudente. E nada melhor do que utilizar a modalidade de que o filho já gostava como meio para esse fim.

Foi por isso que, a partir dessa idade, o jovem começou a praticar natação quase diariamente. E aquilo que, inicialmente, não passava de um passatempo, acabou por tornar-se a sua carreira, tendo começado a tentar a sua sorte em competições regionais, apenas dois anos depois, aos 6 anos.

2. A tatuagem do ombro é uma homenagem ao pai

diogo ribeiro
créditos: Instagram/@minekasapoglu

No meio de uma carreira em que os êxitos o preenchiam, o vazio que a ausência do pai deixou não é de descurar. No entanto, foi precisamente esta referência que acabou por fazer com que Diogo Ribeiro apostasse todas as fichas na modalidade, tornando-o um prodígio aos olhos de Portugal e do mundo.

Apesar de ter perdido a figura paternal aos 4 anos, Diogo Ribeiro tem o pai sempre presente em si. Como? Bem, basta olhar para o corpo do atleta, porque a resposta está lá cravejada.

Porque queria homenagear o pai, Diogo Ribeiro decidiu fazê-lo de forma permanente, quando ainda era adolescente, de acordo com o "Maisfutebol". É por isso que, no ombro direito do atleta, pode ver uma tatuagem: a estrela de David. E é assim que, dentro ou fora de água, perpetua a memória deste ente querido.

3. Até chegar ao Benfica, nadou sempre por Coimbra

Não passou assim tanto tempo desde que Diogo Ribeiro assinou pelo Benfica, mas ainda não tinha chegado a este grande clube da capital e já estava a trilhar todo um percurso de sucesso. Antes de começar a dar que falar, era Coimbra que, além de se constituir como o seu código-postal, representava dentro das piscinas.

Aos 8 anos, em representação do clube da Fundação Beatriz Santos, começou por participar no Circuito Regional de Cadetes, em Coimbra. Quatro anos depois, foi parar ao Clube Náutico Académico, onde conseguiu alcançar o primeiro pódio regional do seu currículo, treinado por André Vaz. Mas foi no União de Coimbra, ainda sob a alçada do mesmo treinador, que as medalhas começaram a chover e a integrar o seu repertório.

Em 2021, reforçou a natação do Benfica e foi integrado no Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor. No decorrer desta mudança, deixou Coimbra para trás e passou a ser treinado por Alberto Silva, conceituado treinador luso-brasileiro, contratado pela federação portuguesa para este ciclo olímpico.

Em 2022, começou a mostrar (ainda mais) resultados, quando bateu, por duas vezes, os máximos absolutos dos 100 livres, 50 mariposa e 100 mariposa, nos Nacionais de primavera em Coimbra, ou os 50 mariposa nos Jogos do Mediterrâneo Oran-2022 e a prata nos 100 livres, quatro meses depois, avança "A Bola".

4. Um acidente de mota quase lhe trocou as voltas

Depois de vários sucessos e distinções, a vida quase trocou as voltas a Diogo Ribeiro. Isto porque, em julho de 2021, o atleta sofreu um grave acidente de mota, que quase fez com que tivesse de deixar o desporto – prova disso é que disse várias vezes publicamente que achava que a sua carreira tinha acabado.

O acidente aconteceu três dias depois de conquistar a medalha de prata nos 100 metros mariposa, no Campeonato Europeu Júnior de Natação. Diogo Ribeiro, na altura com 16 anos, conduzia uma mota, que terá sido abalroada por um veículo pesado, em Coimbra. Dali, seguiu de INEM para o hospital, onde ficou uma semana internado e ao qual se seguiu um mês de repouso, em casa.

Este acidente fez com que ficasse com hematomas pelo corpo todo, mas isso não foi o pior. O desportista ficou sem parte do dedo indicador da mão direita, fraturou o pé direito e ainda deslocou o ombro desse mesmo lado do corpo – já para não falar da grave queimadura que sofreu no joelho esquerdo.

Ainda assim, conseguiu recuperar totalmente. Depois de muita fisioterapia, que tornou possível o seu regresso aos treinos, Diogo Ribeiro não descansou até estar dentro das piscinas a fazer aquilo que o preenche.

5. Um ano depois do acidente, fez história várias vezes

Um ano depois do trágico acidente, Diogo Ribeiro provou que nem as lesões que sofreu o demoveram. Numa piscina na cidade de Lima, no Perú, em setembro de 2022, rebentou com a escala e sagrou-se campeão mundial júnior dos 50 metros mariposa – algo que lhe valeu o recorde do mundo.

Na altura com 17 anos, ganhou a prova, bem como o título que o nadador russo Andrei Minakov (23,05) mantinha desde outubro de 2020. O atleta cumpriu-a em apenas 22,96 segundos, subtraindo 11 centésimos de segundo ao recorde nacional, que também já era seu, saíndo do anonimato e ficando debaixo dos holofotes dos amantes de desporto.

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No entanto, esta foi só mais uma das conquistas com que o seu repertório conta, sendo que, em agosto desse mesmo ano, aquando dos Europeus Absolutos de Roma, já havia trazido a medalha de bronze nos 50 metros mariposa para casa, outra conquista histórica.

6. A "comida da mamã" é o seu combustível – e a sua cama também

Talento, rigor e paixão são os ingredientes de que qualquer desportista para conseguir vingar numa modalidade. Mas, no que diz respeito a Diogo Ribeiro, parece que não é só aí que a chave do sucesso reside. Pelo contrário, há algo que também pesou na balança: a comida da mãe.

Muitos pratos de massa com grão, carne, ervilhas e cenoura (sim, tudo misturado) foram responsáveis pelas prestações brilhantes do jovem, de acordo com o "Maisfutebol". "Atribuo 100 por cento de importância à comida da mamã. Faz muita diferença porque a alimentação é das coisas mais importantes para competição", continua, em declarações à mesma publicação.

Mas nem só da comida da mãe se fez este talento. Dormir na sua cama, na sua "casinha", como a descreve, também é um dos aspetos enumerados pelo atleta no que toca à contribuição para o seu sucesso.

(artigo originalmente publicado em julho de 2023 e adaptado em fevereiro de 2024)