O artigo de Amber Heard para o "The Washington Post", no qual relatou ser vítima de violência doméstica, ainda que sem nunca mencionar o nome do agressor, terá custado a Johnny Depp o papel no sexto filme dos "Piratas das Caraíbas", que se traduzia num contrato de 21,4 milhões de euros. Pelo menos, é esta a teoria de Jack Whigham, agente do ator, que considerou o texto "catastrófico" para a carreira do cliente.

Jack Whigham apresentou-se perante a justiça norte-americana esta segunda-feira, 2 de maio. O agente de Depp inaugurou aquela que é considerada a semana decisiva do julgamento e trouxe novamente à tona o papel do ator de 58 anos na saga "Os Piratas das Caraíbas".

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Em declarações no tribunal de Fairfax, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, explicou que Sean Bailey, o diretor dos filmes da Disney, e Jerry Bruckheimer, o produtor da saga de sucesso, já haviam acordado verbalmente pagar a Depp 21,4 milhões de euros pelo seu papel no sexto filme, conta o "Insider".

Isto, ainda em 2016. No entanto, segundo conta, tudo terá mudado depois de Amber Heard ter escrito um artigo de opinião para o "The Washington Post", em 2018, no qual a atriz insinuava ter sido vítima de abusos físicos e morais às mãos de Johnny Depp, durante o (curto) casamento do casal.

"Com respeito pelo Johnny, [o artigo] foi catastrófico, porque foi um insinuação na primeira pessoa", disse o agente, em declarações no tribunal. "Não foi de um jornalista, nem de um observador, foi de alguém a dizer 'isto aconteceu-me a mim'", acrescentou, alegando ainda que depois do impacto que o texto teve na reputação de Depp, tornou-se "impossível" para o ator conseguir um papel em qualquer filme.

Recorde-se de que, na sequência da publicação deste mesmo artigo assinado por Amber Heard, em 2020, o ator foi forçado a abandonar o próximo capítulo da saga "Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los". E, mais tarde, já em 2021, voltou a acusar a indústria de sabotar a sua carreira depois de a estreia do seu filme "Minamata" ter sido suspensa nos Estados Unidos.

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"Os MGM decidiram 'enterrar o filme' (palavras do diretor Sam Wollman), porque estavam preocupados com a possibilidade de os assuntos pessoais de um dos atores do filme se virem a refletir de forma negativa", lê-se na carta escrita pelo realizador Andrew Levitas e publicada pelo "Deadline", endereçada particularmente aos MGM Studios.

Ainda assim, a advogada de Heard, Elaine Bredehoft, fez questão de mencionar que não existia qualquer registo escrito da oferta da Disney e insinuou ainda que o mau comportamento do ator nas gravações dos restantes filmes da saga contribuiu para que não fosse chamado para o suposto sexto filme.

Neste sentido, Elaine Bredehoft questionou o agente do ator sobre alegadas reticências que Sean Bailey teria, não estando totalmente de acordo com a participação de Depp. Jack Whigham confirmou a veracidade das alegações, mas voltou a frisar que, em 2016, tudo indicava que Depp integraria a produção. Só depois da publicação do artigo é que a equipa teria decidido seguir um novo rumo, avança o jornal "Público".

Espera-se novos desenvolvimentos no caso já esta semana, com todos os olhos postos nas testemunhas que Heard levará a julgamento e, claro, no discurso que terá assim que se sentar no banco dos réus.

Amber Heard despede equipa de relações públicas

Desde o arranque do julgamento que a opinião pública se tem posicionado no lado de Depp. Os título e artigos negativos a respeito de Heard acumulam-se e, esta segunda-feira, 2, surgiu a notícia de que a atriz decidiu cancelar o contrato com a Precision Strategies, uma empresa de relações públicas criada por Stephanie Cutter, antiga chefe de campanha de Barack Obama.

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Segundo avança o "The New York Post", com base numa fonte próxima da atriz, Amber Heard estaria a sentir-se "frustrada com o facto de a sua história não estar a ser contada de forma eficaz". Daqui a diante, passará a ser representada pela Shane Communications, empresa com maior experiência em Hollywood, confirma o jornal "Expresso".

 O que está em causa?

Com a dimensão mediática do caso, com o público a esmiuçar cada comportamento e detalhe de Depp e Heard, dos penteados às gomas, é fácil esquecermo-nos do que está na base de todas as discussões.

O caso já se arrasta desde 2016, mas regressou à ordem do dia no passado mês de abril. O ex-casal acusa-se mutuamente de difamação e violência doméstica. Johnny ​Depp afirma que Amber Heard o difamou quando escreveu o alegado artigo "catastrófico" para o "The Washington Post", em dezembro de 2018, no qual relatou ser vítima de violência doméstica, e, por isso, interpôs uma ação no valor de 50 milhões de dólares (46,3 milhões de euros) por difamação.

No entanto, a atriz alega que o ex-marido e os seus advogados proferiram falsas acusações a seu respeito com o principal objetivo não só de a atacar, mas também destruir a sua carreira. Razão pela qual exige agora uma indemnização de mais de 92 milhões de euros.

Em simultâneo, ambos dizem ter provas de que foram vítimas de violência doméstica durante o período em que estiveram casados, entre 2015 e 2016.