Em 2015, Bill Gates já fazia a previsão de que iriam surgir novos surtos virais nos anos seguintes. Agora, e depois de também acertar na previsão de que a vacina da Pfizer seria a primeira a estar pronta, o magnata da tecnologia e cofundador da Microsoft diz que "os próximos quatro a seis meses podem ser os piores da pandemia". Fica a dúvida sobre se acerta, mas Bill Gates tem argumentos para esta projeção.
Baseia-se nos dados do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), que preveem mais 200 mil mortes neste período. "Infelizmente é assim, mas se seguirmos as medidas de proteção, como usar máscara e manter distanciamento físico, poderemos evitar uma boa parte destas mortes", aconselhou numa entrevista ao jornalista Jake Tapper da CNN, mas não descarta que "a curto prazo, as notícias são más".
Segundo o magnata, nos Estados Unidos, onde diariamente se registam mais de três mil mortes por COVID-19, é preciso "fazer melhor", mas, ao mesmo tempo, o país não se pode esquecer de que esta é uma luta global. "É uma questão humanitária", diz, reconhecendo que apesar de os EUA terem contribuído em muito para a vacina, não podem exigir prioridade no acesso.
"Queremos que a economia mundial continue. Queremos minimizar as mortes. A tecnologia base da vacina é de uma empresa alemã (BioNTech) e bloquear a cooperação internacional será um erro na gestão da pandemia", acrescentou.
Contudo, quando chegar a sua altura de ser vacinado, Bill Gates reconhece: "Quando chegar a minha vez — não vou ceder —, vou tomar a vacina publicamente, porque acho que tem benefícios para todas as pessoas. Ficaremos protegidos e não andaremos a transmitir a doença", disse.
Vacina com critérios de igualdade de distribuição
Depois de admitir que não vai hesitar quando puder tomar a vacina, Bill Gates disse que os critérios de acesso deviam ser definidos pelas necessidades médicas e não pela riqueza, no caso dos EUA, onde esta segunda-feira começa uma larga campanha de vacinação contra a COVID-19.
Apesar de ter apoiado financeiramente o desenvolvimento das vacinas, através da fundação criada por ele e pela mulher, Belinda Gates, o cofundador da Microsoft diz que a solução para o fim da pandemia não está nas vacinas. "Sabemos que a situação um dia acaba, mas ninguém quer que aqueles que ama sejam os últimos a morrer por covid".
Sugere, por isso, a solução mais básica: "Evitar a transmissão da doença". A única forma de o conseguir é seguir as regras e usar a máscara, que "não tem qualquer desvantagem", afirma Gates.
Quanto aos EUA, que estão em transição de presidente após Joe Biden ter ganho as eleições a Donald Trump, Bill Gates vê esta mudança como algo positivo.
"Estou satisfeito com as pessoas e com as prioridades que o presidente eleito, Biden, e a sua equipa estão a definir para enfrentar o problema", defendeu, argumento que a nova equipa está disposta a reconhecer quando "as coisas não estão bem e a transmitir mensagens difíceis, principalmente sobre se os próximos quatro a seis meses se avizinham como os piores da pandemia", termina.