Os primeiros resultados são promissores: a vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford revelou uma forte resposta imune e parece ser segura, uma vez que mostra causar poucos efeitos secundários. Ainda assim, "há muito trabalho a ser feito", revela Sarah Gilbert, professora e co-autora do estudo da Universidade de Oxford, antes de se poder confirmar que a vacina vai ajudar no combate à pandemia, diz ao jornal "The Independent".
Pelo menos é já um avanço na vacina que em abril deixou grandes expetativas, assim que arrancaram testes com cerca de mil voluntários, entre os 18 e os 55 anos. Na altura, a co-autora do estudo revelou que "se tudo correr perfeitamente”, a vacina estará pronta em setembro, depositando ainda uma confiança na ordem dos 80% de que a vacina seria eficaz.
Essa certeza está agora mais próxima de se confirmar depois dos dados mais recentes divulgados sobre a vacina: "Estamos a observar uma boa resposta imunológica em quase todas as pessoas. O que essa vacina faz particularmente bem é acionar as duas vias do sistema imunológico", disse Adrian Hill, diretor do Instituto Jenner da Universidade de Oxford, em comunicado, de acordo com a SIC Notícias.
Essa resposta imunológica é produzida duplamente em pessoas de 18 a 55 anos de idade, provocando uma resposta de células T dentro de 14 dias após a vacinação e uma resposta de anticorpos após 28 dias, de acordo com o estudo publicado esta segunda-feira, 20 de julho, na conceituada revista cientifica Lancet.
As células T são um tipo de glóbulo branco que ajuda a coordenar o sistema imunológico e é capaz de identificar que células do corpo foram infectadas e destruí-las. Já os anticorpos são pequenas proteínas produzidas pelo sistema imunológico que ficam na superfície dos vírus.
No entanto, o investigador Andrew Pollard reconhece que ainda não é conhecida "a quantidade certa para uma proteção segura", mas é possível "maximizar as respostas com uma segunda dose", explicou à BBC.
Quanto a efeitos secundários, os voluntários não desenvolveram nada grave, ainda que em 70% das pessoas fossem registados sintomas de febre ou dor de cabeça depois de tomar a vacina, chamada de ChAdOx1 nCoV-19. Contudo, os investigadores revelam que esses efeitos podem ser reduzidos com o uso de paracetamol.
A próxima fase de testes à vacina de Oxford vai envolver 10 mil pessoas no Reino Unido, 30 mil nos EUA, 2 mil na África do Sul e 5 mil no Brasil. No entanto, a investigadora Sarah Gilbert nota que é essencial continuar os testes à vacina da Universidade de Oxford, e é preciso "aprender mais sobre o vírus — por exemplo, ainda não sabemos quão forte é a resposta imune que precisamos provocar para proteger efetivamente contra a infecção por Sars-CoV-2 ”.
Perante os novos desenvolvimentos, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, já reagiu, dizendo: "Obviamente, estou esperançoso, estou com os dedos cruzados, mas dizer que estou 100% confiante de que vamos receber uma vacina este ano, ou mesmo no próximo ano, é apenas um exagero", acrescentando ainda no Twitter que "não há garantias, ainda não estamos lá e mais testes serão necessários — mas este é um passo importante na direção certa".