De polos engomados, com letras num cor de rosa forte que sobressaía do branco impecável, Rodrigo Ruiz e Tomás Noronha vestiram literalmente a camisola para se sentarem à nossa frente a falar sobre a Dona Rosa, a mesma que traziam assinalada ao peito com as iniciais.

Dona Rosa
créditos: Luís Pereira

Quando era mais novo, Rodrigo, agora com 29 anos, gostava de fazer festas e jantares em casa com amigos quando os meus pais estavam fora. Pode estar já a imaginar aqueles cenários caóticos dos filmes, com copos por todo o lado e tapetes virados do avesso, mas no caso de Rodrigo era totalmente o contrário — até porque nem dava oportunidade para isso: "Os meus amigos ainda não tinham acabado de jantar e eu já estava a arrumar tudo", conta à MAGG.

A "mania" com as limpezas e a arrumação foi herdada da mãe, que sempre gostou de ter tudo impecável em casa. E nem nos jantares de grupo a arrumação tirava férias. "Uma vez, na brincadeira, o Tomás chamou-me Dona Rosa. Quando estávamos a discutir o nome para o negócio, pensámos: ‘Porque não Dona Rosa?. Tem uma história gira, foste tu que me chamaste e hoje em dia ainda há amigos e familiares que continuam a chamar-me'. Portanto, assim ficou", diz Rodrigo, que logo ao lado tinha o cúmplice da brincadeira.

Mas que negócio é este que tem nome da mãe, da avó ou da vizinha que nos dá sempre um simpático "bom dia"? É a primeira app de lavandaria, engomadoria e limpeza a seco em Portugal, cujo objetivo é "tentar que as pessoas voltem a ter tempo disponível para fazer aquilo de que mais gostam, dando-lhes a melhor comodidade possível", refere Tomás, 28 anos, acrescentando que foi entre amigos que identificaram que havia a necessidade de existir um serviço que aliviasse as tarefas domésticas no que diz respeito à roupa.

E a solução encontrada foi o digital, onde através da aplicação Dona Rosa as pessoas podem tratar da roupa sem terem de sair de casa ou levantarem-se do sofá para a lavar e estender.

Da mesa do jantar para as lavandarias

A ideia surgiu numa conversa de amigos em setembro de 2018, mas só um ano depois de muito trabalho e brainstorming, em dezembro de 2019, é que foi lançada a primeira versão beta da aplicação, ou seja, uma versão experimental dirigida a cerca de 50 pessoas. Testada e aprovada, a Dona Rosa avançou então para o público a 29 de janeiro.

"Até agora o feedback tem sido bastante positivo. Tentamos sempre perguntar o que é que as pessoas acharam e já nos deram algumas sugestões que temos tentado seguir", refere Tomás. Rodrigo dá o exemplo de algumas pessoas que gostariam que a aplicação também abrangesse a roupa de bebé, que exige sempre um maior cuidado, algo que pode vir a ser uma aposta no futuro.

Mas não é só na app que está a Dona Rosa. Está também nas redes sociais — Instagram e Facebook — onde dá algumas dicas sobre como tratar melhor da nossa roupa, como arrumá-la melhor ou como dispô-la em casa. "A Dona Rosa no fundo é uma senhora assim um bocadinho mais velha e com mais sabedoria em termos de como tratar da roupa e nós queremos que as pessoas a vejam como uma amiga e uma conselheira", refere Rodrigo.

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Quem trata da roupa?

Rodrigo e Tomás são as caras à frente do projeto e também as únicas dentro da equipa, pelo menos para já. "Neste momento estamos só nós os dois porque queremos estar mais perto de tudo o que são operações e do cliente para podermos otimizar e corrigir coisas que estejam menos bem que os clientes nos apontem", algo que até agora não aconteceu, dado que o feedback tem sido muito positivo, como revela Tomás.

Apesar de terem parceiros em várias áreas de atuação, desde a logística à comunicação, são eles que assumem a responsabilidade do negócio. Só depois de solidificado o projeto é que podem alargar a equipa. "É fazer para aprender a formar", diz Rodrigo, que se sentou à conversa com a MAGG no seu último dia na multinacional onde trabalha.

É que antes de aqui chegarem, Rodrigo e Tomás tinham começado a traçar outro percurso não muito longe deste negócio — não propriamente no que diz respeito à roupa, porque essa fica mesmo a cargo das lavandarias, mas no que toca à gestão.

Rodrigo começou por uma licenciatura em gestão, especializando-se depois em gestão hoteleira, área em que chegou a trabalhar durante três anos antes de ingressar em duas multinacionais. Tomás, também ligado à gestão, fez um mestrado em engenharia e gestão industrial.

Ao contrário de Rodrigo, Tomás há um ano que se dedica a 100% à Dona Rosa, mas sempre trabalhou em áreas de consultoria e melhoria de processos. "Portanto, não fugi muito daquilo que andava a fazer e de que sempre gostei de fazer", diz.

dona rosa
créditos: Luís Pereira

Como funciona a app?

O primeiro passo é fazer o download gratuito da aplicação, disponível para iOS e Android, e registar-se. Logo após o registo, recebe uma mensagem que indica se o código postal que inseriu está abrangido pelo serviço da Dona Rosa.

Isto porque por enquanto só está a operar no concelho de Lisboa (do Restelo ao Parque das Nações), mas o objetivo é expandir para as grandes cidades de Portugal, incluindo o Porto. Se já estiver numa zona por onde passa a Dona Rosa, os passos seguintes na aplicação passam por escolher o serviço.

Começa por consultar o preçário e só depois seleciona as peças que pretende. "Temos peças avulso ou pacotes como o saco de lavar, secar e dobrar (não inclui engomar) que é um saco de sensivelmente seis quilogramas, uma máquina de roupa, e a pessoa pode encher o saco e nos fazemos esse serviço. Temos engomar ou lavar e engomar e ainda a limpeza a seco para roupa de vestir ou roupa de casa", explica Rodrigo Ruiz.

Selecionado o serviço, chega o momento de pagar, seguido do agendamento da recolha e entrega da roupa. É quase como um serviço de entrega de comida, mas em vez de consolar o estômago, consola os nervos de que sofre sempre que não tem tempo para tratar da roupa ou quando o sol decide não aparecer para a secar.

Na Dona Rosa pode fazer o pedido a qualquer hora do dia, e a recolha é feita no dia seguinte. A entrega é feita a partir do terceiro dia após pedir o serviço. Seja para recolher ou entregar, a carrinha em tons rosa circula por Lisboa de segunda-feira a domingo, entre as 16 e as 24 horas, e não precisa de preocupar-se em estar em casa para receber a roupa. Esteja em casa de um amigo ou no trabalho, a Dona Rosa pode dirigir-se até lá.

Quanto a preços, esses variam consoante as peças de roupa que selecionar, começando nos 0,90€, mas o pedido só pode ser feito quando acumular pelo menos 20€ — algo que com as pilhas de roupa lá em casa, não deve ser difícil.