"Qual a qualidade das lideranças em Portugal?" é o título e, simultaneamente, o ponto de partida de um estudo de Sara Midões, especialista em liderança positiva e fundadora da Community – e a resposta, aparentemente, não é muito positiva. Isto porque a grande maioria dos colaboradores que participou nesta pesquisa já pensou mudar de trabalho por causa da sua chefia direta e perto de metade decidiu mesmo demitir-se.

O objetivo deste estudo, que conta com 268 respostas válidas, recolhidas entre setembro e dezembro de 2022, é entender "como é percebida a qualidade das lideranças em Portugal, medir o impacto da relação com as lideranças num conjunto de variáveis", de acordo com o site da Community. Além disso, também visa "aferir a perceção dos indivíduos sobre atitudes e práticas positivas e empáticas das suas lideranças diretas", esclarece a plataforma.

Posto isto, uma das questões desta pesquisa incidiu sobre o facto de os inquiridos já terem ponderado "mudar de trabalho/empresa por causa da sua liderança direta" – e o cenário não é o mais animador. É que 81% dos inquiridos confirma que já o fez, dos quais 45% terão decidido mesmo mudar.

Mas a situação inversa também acontece. Ou seja, ficar no mesmo emprego por causa de uma chefia, mesmo havendo uma nova oportunidade de trabalho em cima da mesa, foi já ponderado por 57% dos inquiridos, tendo 45% decidido ficar em virtude do estilo de liderança, apontam os dados.

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"Aos olhos de um colaborador, as lideranças são o principal representante da organização", lê-se no documento da Community, citado pela CNN Portugal, que acrescenta que "desempenham um papel chave na motivação, no envolvimento, na satisfação com o trabalho etc., e por consequência, também na retenção de talento". E há uma qualidade que é indispensável a estas entidades: a empatia.

Entre 15 qualidades possíveis numa liderança, a empatia foi a mais referida como necessária neste estudo, conquistando o voto de mais de 75% dos colaboradores, que consideram que é uma das competências primordiais de um líder. A par disto, 96% da amostra concorda ou concorda totalmente que um líder empático é melhor no seu trabalho e que uma liderança empática e humanizada resulta numa mudança positiva nas equipas.

Depois da empatia, as qualidades mais escolhidas foram a assertividade (48%), a orientação para os objetivos (47%), seguindo-se a autenticidade (44%) e a energia positiva (43%). Estas qualidades contrastam como a boa imagem e a capacidade de persuasão, que se afiguram as menos consideradas por quem participou no estudo, segundo a mesma publicação.

No entanto, ainda existe uma dificuldade dos líderes de se colocaram no lugar do outro, não recorrendo a juízos de valor. "Existe algum estigma sobre o que é a empatia, e que esta envolve sempre concordância e passividade. No entanto, a verdadeira experiência de empatia consegue-se na conexão com as necessidades e as emoções do outro, num esforço de não julgamento e de abertura e de curiosidade, esforço esse que requer uma profunda capacidade de auto observação", explicita o documento.

Perante este cenário, a Community deixa algumas recomendações, que vão de um maior enfoque na intenção de compreensão à realização da escuta ativa como uma prática diária, passando ainda pelo exercício de autorreflexão. A par disto, manter a proximidade e o contacto com os trabalhadores, mostrando interesse sobre a sua vida profissional e pessoal é também uma sugestão de Sara Midões, fundadora da plataforma.