A mãe da pequena Jéssica, 3 anos, assassinada em Setúbal em junho de 2022, falou esta quarta-feira, 5 de junho, em tribunal para tentar explicar o porquê de ter deixado a filha em casa de um casal que conhecia mal, que sabia que estava ligado a drogas e que temia que pudesse matar a filha. Só que os seus argumentos não convenceram o juiz. Até porque houve várias contradições e incongruências no discurso.

Depois de ter dito que não queria prestar declarações, Inês Mateus, mãe de Jéssica, que é arguida e acusada do crime de homicídio por omissão, mudou de opinião e decidiu falar ao tribunal. Numa declaração emotiva e atrapalhada, Inês quis mostrar arrependimento por ter deixado a filha em casa do casal Justo e Tita, conhecidos pelas ligações a bruxarias e tráfico de droga, e ao mesmo tempo reclamar a sua inocência.

"Parece que andaram a jogar à bola com a cabeça". Médico revela autópsia de Jéssica e deixa tribunal em lágrimas
"Parece que andaram a jogar à bola com a cabeça". Médico revela autópsia de Jéssica e deixa tribunal em lágrimas
Ver artigo

A mãe de Jéssica terá deixado a filha em casa do casal, que vivia com mais dois filhos, também eles arguidos e acusados de homicídio, como garantia do pagamento de uma dívida que seria do pai biológico de Jéssica (embora ele já a tenha desmentido em tribunal), que andaria nos 200 euros. "Perguntei-lhes se podia ver a minha filha e disseram-me que tinha de pagar", explicou. De acordo com o que disse ao juiz, Inês não foi à polícia fazer queixa porque tinha medo. "Tinha medo que matassem a menina", afirmou em tribunal.

No dia anterior à morte da filha, Inês ainda a viu, quando foi a casa do casal levar "40 euros para comprarem betadine", como explicou ao juiz. Jéssica estava enrolada numa manta, aparentemente bem. A mulher acabou por ir para casa, primeiro, e depois saiu à noite e foi cantar no karaoke. Inês diz que nessa mesma noite foi ameaçada por Tita e pela sua filha Esmeralda, que lhe reclamavam os 200 euros da dívida.

E foi no dia seguinte que se deu a tragédia. Tita ligou-lhe e disse-lhe para ir buscar a filha. Inês levou a criança que estava inanimada, embora a mãe acreditasse que estava apenas "a dormir". Chegou a casa, deitou-a na cama e só ao fim de 5 horas se apercebeu de que algo de errado se passava, tendo então chamado o INEM.