O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deverá estar prestes a convidar o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a discursar no Parlamento Europeu, avança o jornal "Público". Marcelo Rebelo de Sousa só precisa da aprovação da Assembleia da República para avançar com o convite proposto pela deputada do PAN, Inês Sousa Real, antes de entrar o novo Parlamento.

Agora que os deputados já estão instalados nas bancadas de São Bento, já é possível avançar com a aprovação do requerimento e, ao que tudo indica, vai mesmo acontecer dado que o PS, com maioria no Parlamento, já mostrou vontade de viabilizar o pedido do PAN. O assunto vai ser discutido já na sessão desta quarta-feira, 6 de abril, na Assembleia da República, agora sob presidência de Augusto Santos Silva.

Massacre em Bucha. Zelensky crítica líderes do Ocidente e UE avalia fim da importação de gás russo
Massacre em Bucha. Zelensky crítica líderes do Ocidente e UE avalia fim da importação de gás russo
Ver artigo

Assim que a intervenção do presidente ucraniano no Parlamento português for aprovada, o presidente da República e o presidente da Assembleia da República vão proceder de imediato ao convite, avança o "Público".

A confirmar-se a participação de Volodymyr Zelensky numa sessão parlamentar em Portugal, será mais uma em que o presidente da Ucrânia fala sobre o País em guerra através de videoconferência. O mesmo já aconteceu no Congresso dos Estados Unidos, na Casa dos Comuns britânica, no Bundestag alemão e, ainda esta terça-feira, 5, no Parlamento espanhol.

O discurso terá ainda mais importância numa altura em que o mundo viu o que as tropas russas fizeram em Bucha. "Cortaram membros, cortaram gargantas. Mulheres foram violadas e mortas em frente às suas crianças. As suas línguas foram puxadas só porque os agressores não os queriam ouvir", descreveu Volodymyr Zelensky num esta terça-feira, 5, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) — sendo que o mesmo poderá ter acontecido noutras cidades ucranianas.

“Portugal deve lançar mão de todos os mecanismos diplomáticos que possam reforçar o seu apoio ao povo ucraniano”, disse Inês Sousa Real ao "Público".

União Europeia já decidiu sanções à Rússia

A União Europeia (UE) já começou a discutir as sanções a aplicar à Rússia, com especial intenção de prejudicar o país após o massacre em Bucha, e algumas das decisões que poderão entrar em vigor foram anunciadas na manhã desta quarta-feira, 6, num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que "medidas sobre o petróleo e mesmo o gás também serão necessárias mais cedo ou mais tarde", falta apenas que os estados membros da UE entrem todos em acordo. “Se não querem ser criminosos, larguem as armas, deixem de lutar, abandonem o campo de batalha. Sei que alguns dos membros do Parlamento Europeu propõem dar asilo aos soldados russos que desobedecerem às ordens. Na minha opinião, esta é uma ideia valiosa que deveria ser explorada”, acrescentou.

No debate no Parlamento Europeu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também interveio e disse que este novo pacote de sanções não será o último. À semelhança do presidente do Conselho Europeu, deixou já em vista um possível boicote aos combustíveis. "Temos de olhar para as receitas que a Rússia obtém do petróleo e dos combustíveis fósseis", afirmou.

Sabe-se ainda que as sanções da UE deverão incluir duas filhas de Vladimir Putin, segundo o "The Wall Street Journal". O jornal não avança que sanções serão essas, mas diz que os Estados Unidos da América deverão anunciar as sanções ainda esta semana.

O que marca o 42.º dia de guerra

Esta quarta-feira, 6 de abril e 42.º dia de guerra, serão abertos mais corredores humanitários, cinco deles na zona de Luhansk, segundo a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk. Contudo, os civis que quiserem sair de Mariupol terão de usar os seus próprios carros, refere a Reuters, citada pelo "Observador".

Durante a madrugada foram registados vários ataques da Rússia, um deles sobre um depósito de combustível e uma fábrica na região de Dnipropetrovsk, no centro da Ucrânia. O bombardeamento causou vítimas, embora ainda não haja um número certo, de acordo com o governador da região, Valentyn Reznichenko.

Também a região de Luhansk, no leste da Ucrânia, foi atacada e pelo menos uma pessoa acabou por morrer e outras cinco ficaram feridas, disse o governador Serhiy Haidai, no Telegram.

No lado da Rússia, os soldados ucranianos atacaram a embaixada russa em Bucareste, capital da Roménia, segundo a Associated Press, citada no "Observador". As imagens do momento mostram que o ataque deu origem a um incêndio.