São pelo menos duas as mulheres que estão a acusar um médico de Bragança de entre os anos de 2020 e 2021 ter abusado sexualmente delas, introduzindo-lhes os dedos na vagina sem que houvesse qualquer necessidade ou validação médica para tal. O caso já está na justiça e o médico vai mesmo ter de enfrentar julgamento. A acusação do Ministério Público está pronta e aponta para pelo menos dois casos de abuso sexual cometidos por este médico radiologista de 75 anos que trabalhava em Bragança, noticia o "Correio da Manhã" deste domingo, 5 de março.
Em ambos os casos, o médico foi procurado pelas pacientes para que lhes fossem feita ecografias, prescritas por outros médicos. Só que o médico radiologista foi bem mais longe do que os colegas pediram e inventou mesmo um procedimento clínico para abusar das pacientes. De acordo com a acusação magistral, num dos casos o médico de Bragança fez os raios-X pedidos e, depois, pediu à doente para se deitar numa marquesa, tirar as calças e baixar as cuecas, com o argumento de que queria ver "como estão as hormonas" da mulher. Introduziu então dois dedos na vagina da doente e disse-lhe que se ela sentisse "calores" poderia "libertar-se", lê-se no despacho acusatório. Ainda de acordo com o Ministério Público, que ouviu especialistas nestas matérias, a introdução dos dedos na vagina para avaliar as hormonas é considerado "um ato medicamente inexistente”, lê-se ainda no "CM".
O outro caso não foi muito diferente, mas terá ocorrido já no ano seguinte, em 2021. Então, uma mulher foi fazer raios-X de rotina com este médico em causa, sendo um deles uma ecografia mamária. De acordo com o Ministério Público, o médico terá dito, na altura, à mulher: "Tem aqui umas boas tetas". Depois, e por saber que a paciente tinha miomas no útero, fez o exame vaginal usando a sonda adequada para o efeito, mas, no final, introduziu também os dois dedos na vagina da mulher e terá dito: "Está a sentir? Liberte-se", relata o Ministério Público no despacho. De acordo com uma das médicas desta doente, nenhum destes exames foi pedido por ela, e o toque vaginal era desnecessário.
O médico de 75 anos enfrenta agora a acusação de dois crimes de violação e abusos sexuais.