David Carrick, 48 anos, é um ex-polícia do Metropolitan Police Service, em Londres, e serviu no Comando de Proteção Parlamentar e Diplomática, declarou-se culpado de 49 crimes para com 12 vítimas, ao longo de duas décadas, e já admitiu 24 acusações de violação. Os crimes aconteceram entre 2003 e 2020 e a maioria ocorreu em Hertfordshire, onde morava. Foi suspenso da atividade profissional quando foi preso em outubro de 2021, depois da denúncia de uma das vítimas.

O ex-polícia conheceu algumas vítimas em sites de encontros como o Tinder e o Badoo, e usou o seu estatuto enquanto agente da autoridade para ganhar a confiança destas mulheres. Utilizava o uniforme e muitas das vezes tinha consigo uma arma para intimidar as vítimas. Segundo a “BBC”, terá dito às mulheres que estas eram suas escravas e que nunca acreditariam nelas se tentassem denunciar os abusos.

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Controlava as mulheres quanto ao que vestiam, comiam e onde dormiam. Proibiu muitas delas de falarem com outros homens e algumas chegaram a ser impedidas de ver os próprios filhos. Há relatos de que o polícia deixava as mulheres sem comer, obrigava-as a limparem-lhe a casa nuas e chegou a urinar para cima de algumas.

Admitiu esta segunda-feira, 16, no tribunal Southwark Crown, quatro acusações de violação, sequestro e agressão sexual para com uma mulher de 40 anos em 2003. Agora, segundo revela a "BBC", sabe-se que Carrick já se tinha declarado culpado relativamente a 43 acusações, incluindo 20 acusações de violação, em dezembro de 2022. Admitiu ter violado violentamente nove mulheres, durante meses ou anos, sendo que as mulheres ficaram fisicamente feridas.

Numa série de ocasiões, forçou uma das vítimas a entrar num pequeno armário debaixo das escadas da sua casa. “Já vi casotas de cão maiores”, comentou o detetive e inspetor chefe, Iain Moor, sobre o local onde Carrick mantinha a vítima.

"Ele investiu tempo no desenvolvimento de relações com mulheres para sustentar o seu apetite pela degradação e controlo. A natureza coerciva dos abusos enfraqueceu as suas vítimas da forma mais destrutiva", disse Iain Moor, que conduziu a investigação sobre Carrick pela polícia de Hertfordshire, citado pelo "The Guardian".

Entre 2000 e 2021 já tinha sido denunciado nove vezes por alegados ataques e confrontos com mulheres, mas nunca foi tomada qualquer medida, uma vez que as mulheres se recusaram a fazer uma denúncia formal ou deixaram de cooperar com as investigações, avançou a mesma publicação.

“Deveríamos ter identificado o seu padrão de comportamento abusivo e, como não o fizemos, perdemos oportunidades de removê-lo da organização”, disse a comissária assistente Barbara Gray, líder do Metropolitan Police Service, à BBC. “Lamentamos sinceramente que ter mantido o seu cargo como polícia possa ter prolongado o sofrimento das vítimas”, acrescentou.