Uma mulher ficou com a vida destruída aos 27 anos, após um parto que correu mal no Hospital Padre Américo, em Penafiel. Na altura, para retirarem o bebé com mais facilidade, os médicos submeteram a grávida a uma episiotomia, um corte que é feito entre a região vaginal e o ânus, uma incisão relativamente comum mas que, hoje, carece de autorização por parte da grávida. Depois do parto, a vida desta mulher transformou-se por completo, para pior, e o caso acabou na Justiça, revela o "Correio da Manhã" desta segunda-feira, 21 de novembro.

O caso aconteceu a 13 de abril de 2005, mas a situação prolonga-se até aos dias de hoje. Na altura, a mulher deu entrada no Hospital Padre Américo para ter o bebé e tudo parece ter corrido mal no parte. Após a episiotomia, e já na fase de recuperação, houve necessidade de a mulher ter de se sujeitar a uma reconstrução vaginal, por forma a reparar os danos do parto. A partir daí, terá ficado com uma dor pélvica crónica, que a impedem de ter relações sexuais, incontinência de fezes e, devido aos problemas psicológicos e emocionais, chegou mesmo a rejeitar o bebé durante aproximadamente 9 meses. Isto porque atribuía culpa à criança por tudo o que de mal se estava a passar na sua vida, avança ainda o "CM".

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O caso acabou mesmo na Justiça. A mulher processou o hospital e chegou mesmo a ver uma sentença ser-lhe favorável. O tribunal de primeira instância deu-lhe razão e condenou o hospital ao pagamento de uma indemnização de 60 mil euros. Só que um recurso acabou por anular esta sentença e deixou tudo na mesma. A mulher, também ela, recorreu desta decisão e levou o caso ao Supremo Tribunal Administrativo que, agora, confirmou a absolvição do hospital de Penafiel.

Na argumentação, a mulher diz que não autorizou e nem foi informada sobre a episiotomia, e que pediu que o parto fosse feito com epidural, mas que isso não aconteceu.

Depois de todo este processo, e muito porque deixou de conseguir ter relações sexuais, acabou por ver o marido divorciar-se dela. De momento, e após a decisão do Supremo, a mulher não tem mais para onde recorrer e o caso fica assim encerrado.