A TAP foi condenada pelo tribunal de Sintra a pagar uma indemnização de 25 mil euros a um piloto que passou quase cinco anos sem exercer, embora continuasse a receber o ordenado, de acordo com o "Público", que acrescenta que a companhia violou o dever de ocupação efetiva do trabalhador. Este piloto, que o tribunal quer que volte a voar, era conhecido pelas suas brincadeiras e atitudes inusitadas, pelo que as histórias têm vindo a público.
O comandante entrou na TAP em 2000 depois de uma passagem pela Força Aérea. Um dos episódios mais controversos aconteceu no verão de 2008, quando, durante um voo de Munique a Lisboa, apresentou a tripulação de forma pouco convencional: "como se de um concurso se tratasse", diz uma cliente da TAP, citada pela mesma publicação.
Contudo, este ter-se-á esquecido do nome de um dos membros da tripulação e admitiu-o. "E bom, há um membro da tripulação cujo nome não me recordo, mas vou tentar saber, peço imensa desculpa, mas ele é novo", recordou a passageira da companhia. Contudo, estas não eram as únicas brincadeiras dos quais ele era protagonista – e houve algumas que até podiam ter posto em causa a segurança de quem levava a bordo.
Por exemplo, noutro voo, envolveu-se num conflito com um co-piloto, depois de ter feito manobras pouco recomendáveis. "Mandou o outro calar-se: 'Ó companheiro, caladinho até lá abaixo, aqui quem toma as decisões sou eu, entendeste?'", relatou outra testemunha, citada pelo "Público". Este incidente fez com que levasse suspensão de cinco dias e perdesse o salário, mas não se ficou por aqui (e, depois de outro incidente no ano seguinte, foi obrigado a voar como co-piloto durante dois anos).
Em 2014, o piloto foi protagonista de outro episódio problemático durante uma descolagem em São Francisco, nos Estados Unidos, durante a qual se fazia sentir um vento forte. Ou seja, por causa deste fenómeno meteorológico, desentendeu-se novamente com outros co-pilotos em relação à melhor forma de lidar com a situação. E a TAP, desta vez, quis que tivesse acompanhamento.
A companhia aérea acabou instaurar um plano de acompanhamento psicológico de 40 horas, coordenado pelo respetivo gabinete de apoio da empresa. "No seguimento do plano de recuperação do comandante, informo que a formação terminou e que penso estarem revertidos os comportamentos impulsivos e extemporâneos que já demonstrou. Não vejo grande mais-valia de ele não estar a trabalhar (...)", lê-se na missiva do departamento. Contudo, a companhia terá decidido mantê-lo afastado.
Entretanto, a TAP alegou que o piloto tinha perdido a capacidade técnica necessária para comandar as aeronaves, uma decisão que foi contestada pelo tribunal. O juiz que analisou o caso considerou a decisão da companhia aérea uma "bomba atómica" para o trabalhador e destacou que "não é justificável que o piloto esteja desde outubro de 2019 ausente da escala". Agora, para além da indemnização, a empresa poderá enfrentar uma coima da Autoridade para as Condições do Trabalho.