Se, por um lado, a crise causada pela pandemia tem tido efeitos negativos em vários negócios, obrigados mesmo a fechar, por outro, é uma oportunidade para muitos que têm adiado a mudança de casa. Isto porque os preços médios de arrendamento de imóveis em Portugal já desceram quase 20% face aos valores praticados há um ano e deverão continuar a descer, revela presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) ao "Jornal de Notícias".
“Aconselho a arrendar já a longo prazo, com um desconto de 20% ou 30%, sem risco, em vez de esperar e acabar por ter de aceitar um valor mínimo, porque o alojamento local vai demorar dois ou três anos a recuperar. Os estrangeiros que pagavam as rendas altas não vão voltar tão cedo", revelou Luís Lima, presidente da APEMIP, ao mesmo jornal.
Há uns tempos, rendas de 350€ ou 400€ num T1 no Porto eram incomuns, mas agora esse preço começa a aparecer, diz Luís Lima, justificando que se deve em parte à incerteza gerada pela pandemia e à transferência do alojamento local para o arrendamento de longa duração.
No Porto, só de abril para maio, o valor médio das rendas baixou 4,3%, estando agora nos 997 euros, e Portalegre é o distrito com maior descida nas rendas (-10%) e o mais acessível do país (331€), de acordo com o barómetro de maio do Imovirtual revelado esta segunda-feira, 8 de junho, pelo "JN". Logo depois de Portalegre está Faro (-31%, de 1262€ para 869€) e Évora (-20%, de 654€ para 523€).
No que diz respeito a Lisboa, é uma exceção no barómetro. É que em vez de baixar, o preço médio de arrendamento subiu em plena pandemia, 0,5%, entre abril e maio — de 1.452 euros para 1.459 euros. Numa análise mais geral, as rendas médias em Portugal já desceram 17,7% face a maio do ano passado, passando de 1353€ para 1113€.
Apesar de no interior e no sul do País a tendência para a descida de preço ser mais acentuada, o presidente da APEMIP recomenda uma aposta segura no arrendamento de longa duração. "Na compra e venda também não havia produto para o mercado médio e médio-baixo e este não precisa de baixar preços, precisa de aparecer. Já no segmento alto, acredito que vamos ver descontos de 20%", revela Luís Lima.
"Se as pessoas tiverem paciência, daqui a seis meses o mercado vai nivelar-se e vamos ter oportunidades de negócio muito interessantes", conclui.