O filme "Soul", o primeiro da Disney e da Pixar a ter como personagem principal um afro-americano, o artista Joe Gardner, está a gerar polémica em Portugal porque a dobragem foi feita por um ator branco, quebrando com o conceito do filme. Por isso, este sábado, 2 de janeiro, foi lançada uma petição para que seja feita uma nova versão portuguesa do "Soul".
"Reclamamos por uma nova versão Portuguesa do filme 'Soul' da Disney e Pixar, respeitando a intenção original e reconhecendo a importância histórica deste momento. Porque este filme não é apenas mais um filme e o que ele representa importa", diz o texto publicado online com sete assinaturas.
Ana Sofia Martins, Dino D´Santiago, Mamadou Ba, Mayra Andrade, Nástio Mosquito, Pedro Coquenão e Sara Tavares são os nomes das personalidades que não se reveem na versão portuguesa do filme "Soul" e que decidiram avançar com a petição, convidando mais pessoas a juntarem-se.
Um dos autores da petição, o artista Dino D´Santiago, já tinha manifestado, através das redes sociais, o seu desagrado com a versão portuguesa do filme, sabendo que este foi planeado com o maior rigor pela empresa norte-americana Pixar.
"SOUL é um filme que começou a ser desenhado em 2016 e que levou a Pixar num processo muito rigoroso na escolha dos argumentistas, realizadores, equipa técnica e por fim os atores que dariam vida a este que seria um puro manifesto na luta contra a iniquidade existente na indústria do entretenimento", diz numa publicação de Instagram e continua: "Portugal violou por completo o princípio que deu vida a este que para nós seria mais do que um filme de animação".
Agora, juntamente com mais seis nomes ligado à cultura e ao ativismo político antirracista, reivindica uma nova versão portuguesa do filme.
Os autores da petição reconhecem que "não está em causa o habitual bom trabalho em dobragens feitas em Portugal ou a qualidade dos atores da versão portuguesa", mas sim uma questão de respeito por aquilo que o filme representa para a história do cinema.
"O que vamos fazer em 2021 está nas nossas mãos e a avaliação sobre a importância deste cuidado ou da falta dele cabe, antes de mais, a quem não se vê aqui representado. A responsabilidade de não aceitar, não relativizar ou não deixar normalizar é de cada um. O que foi um equívoco e descura na tradução para Portugal pode e deve ser reparado. Não deixamos passar mais uma oportunidade de fazer a coisa certa", continua o texto.
A petição tornada pública este sábado, 2, conta já com um total de 2.277 assinaturas. Para chegar à Assembleia da República, uma petição precisa de reunir, pelo menos, mil assinaturas, de acordo com o site Petição Pública.