A Ucrânia amanheceu ao som de explosões, mas foi durante a tarde deste domingo, 3 de abril, que as imagens do atual cenário de Bucha, cidade localizada a cerca de 30 quilómetros de Kiev, começaram a correr mundo. Há registos de homens mortos nas ruas, com as mãos atadas atrás das costas e tiros na nuca, corpos de mulheres nuas e animais abatidos. É a "estrada da morte", dizem os ucranianos, de acordo com a CNN Portugal.

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O primeiro-ministro português, António Costa, já comentou o massacre. "É chocante a brutalidade das imagens que nos chegam de Bucha. Condenamos veementemente estas atrocidades contra civis. Uma barbaridade inaceitável que tem de ser veementemente punida pela justiça internacional", escreveu, este domingo, 3, na sua conta na rede social Twitter.

Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, revelou estar "profundamente chocado com as imagens de civis mortos em Bucha", onde as autoridades ucranianas revelam ter encontrado pelo menos 300 corpos espalhados pela rua ou depositados em valas comuns.

"É essencial que uma investigação independente permita encontrar os responsáveis", acrescentou. Neste sentido, a secretária dos assuntos externos britânicos, Liz Truss, declarou que o Reino Unido "não vai descansar" até que os responsáveis ​​pelas atrocidades na Ucrânia sejam julgados, avança a CNN Portugal.

Rússia descarta culpas, mas Zelensky fala em "genocídio"

Durante uma entrevista ao canal norte-americano CBS, este domingo, 3, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky comentou pela primeira vez a situação. "Sim, isto é um genocídio. A eliminação de toda a nação. Nós temos mais de 100 nacionalidades. Trata-se de destruir e exterminar todas essas nacionalidades", disse.

"O massacre de Bucha foi deliberado. Os russos pretendem eliminar o maior número possível de ucranianos. Devemos detê-los e expulsá-los. Exijo novas sanções devastadoras do G7. Agora", adiantou também o ministro das relações exteriores ucranianas, Dmytro Kuleba, na rede social Twitter.

Rússia nega que as suas tropas tenham assassinado civis na cidade de Bucha e alega ainda que todas as fotografias e vídeos publicados na internet, incluindo os conteúdos divulgados pelo governo ucraniano, não passam de uma "provocação".

"O Ministério da Defesa russo refuta as acusações do regime de Kiev sobre o alegado assassinato de civis na cidade de Bucha", disseram os militares na sua conta oficial do serviço de mensagens Telegram, avança o jornal "Observador".

"Todas as fotografias e todos os vídeos publicados pelo regime de Kiev, que alegadamente atestam algum tipo de 'crime' [cometido] por militares russos na cidade de Bucha, são outra provocação", lê-se.

"Durante o tempo em que estava sob o controlo das forças armadas russas, nenhum morador local sofreu qualquer ação violenta", disse o ministério da defesa russo num outro comunicado, alegando que a imagens são "outra produção do regime de Kiev para os média ocidentais", acrescentou.

Ucrânia acusa ocidente de tentar "não provocar os russos"

"Região de Kiev. Inferno do século 21. Corpos de homens e mulheres, que foram mortos com as mãos amarradas. Os piores crimes do nazismo retornaram à UE", escreveu o conselheiro da presidência ucraniana, Mykhaylo Podolyak.

Na mesma publicação, Podolyak acusa ainda o ocidente de tentar "não provocar os russos" para evitar uma Terceira Guerra Mundial. "Como resultado, o mundo viu um horror indescritível de desumanidade em Bucha, Irpin, Gostomel. Centenas, milhares de pessoas mortas, dilaceradas, violadas, amarradas, violadas novamente e mortas novamente", afirmou

"Vocês ainda vão tentar virar as costas? Organizar outra cimeira para se preocuparem e balançarem a cabeça?", acrescentou, dirigindo-se à alegada inércia do ocidente.