A história de Anne Frank é bem conhecida do grande público. O seu diário, que relata a experiência escondida num esconderijo durante a Segunda Guerra Mundial, tornou-se num retrato puro e genuíno da guerra. Décadas depois, ainda há textos inéditos da jovem que sonhava ser escritora um dia. E estão quase a chegar.

Pela primeira vez na história, vão ser publicadas as cartas que Anne Frank escreveu à sua avó paterna, Alice Frank-Stern, anos antes de ficar escondida num bunker com mais sete pessoas (sendo três delas o pai, a mãe a irmã mais velha, Margot). Segundo o “The Guardian”, as cartas terão sido escritas entre 1936 e 1941 — apenas uns meses antes de ter começado o seu diário, a 12 de junho de 1942.

O conteúdo das missivas é o típico de uma adolescente: reclamações da sua vida quotidiana, incluindo algumas queixas sobre o seu aparelho dentário, algumas discussões com os pais sobre o seu novo corte de cabelo e as preocupações com a roupa. “Vou ter um vestido novo, mas é muito difícil obter tecidos porque são necessários muitos cupões”, escreveu Frank em 1941.

Noutro momento, Anne conta à avó, que na altura viveria na Suíça, que gostaria de voltar a fazer patinagem no gelo mas que para isso seria necessário mais paciência e esperar que a guerra terminasse. “O papá prometeu-me uma viagem à Suíça para ver-vos a todos”, escreve a jovem na mesma ocasião.

Foram descobertas piadas picantes no diário de Anne Frank
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Numa carta escrita nos finais de 1941, Frank descreve um dia passado com duas amigas e um amigo. “Foi muito divertido, não me falta companheirismo no que diz respeito a rapazes”, escreveu. Curiosamente, uma das primeiras entradas do seu diário – que começou a escrever no seu 13.º aniversário – diz respeito a este mesmo tema. Anne Frank escreve que “Maurice Coster é um dos meus admiradores, mas é uma peste”.

A correspondência entre avó e neta é apenas um dos destaques da coleção “Anne Frank: The Collected Works”, que conta com diversas cartas, contos e entradas de diários, entre outros documentos escritos. Para além destes documentos, ainda se juntam à coleção fotografias e ensaios escolares escritos pela mesma.

A avó paterna de Frank morreu em 1953, oito anos depois de as netas terem falecido num campo de concentração. Em setembro de 1945, escreveu uma nota sobre o destino dos seus ente-queridos: “Margot e Anne foram levadas para Belsen uma vez que eram demasiado fracas para trabalhar. Margot apanhou tifo e morreu, Anne sabia que a mãe estava morta e acreditava que o pai estivesse morto também, por isso terá enfraquecido”.