A Rússia anunciou um cessar-fogo temporário e parcial para as cidades de Mariupol e Volnovakha com o objetivo de criar corredores humanitários para que os ucranianos possam sair de duas das cidades que têm estado sob domínio russo. Num balanço sobre os ataques até ao décimo de guerra, a ONU avança que já morreram 331 ucranianos e registam-se cerca de 700 feridos.

“Não temos escolha a não ser sair”, disse Vadym Boichenko, o autarca de Mariupol, num comunicado citado pela "Sky News". Boichenko vai abandonar a cidade na manhã deste sábado, 5 de março, assim como os restantes moradores que já podem fazê-lo em segurança.

Guerra na Ucrânia. Canais de notícias aumentam audiências, CMTV desce
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O mundo continua receoso sobre o impacto do ataque à central nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, que foi atacada esta sexta-feira, 4, e está agora sob controlo russo, mas o perigo sobre as centrais nucleares parece não acabar. Existe ainda a possibilidade de ataque à segunda maior central nuclear da Ucrânia, de Yuzhnoukrainsk, em Mykolaiv, no sul do país.

Deixamos os principais pontos sobre o ponto de situação. 

1. Habitantes de Mariupol podem abandonar cidade

A partir das 9 horas em Portugal (10h na Ucrânia) os ucranianos começaram a sair das cidades de Mariupol e Volnovakha após o Ministério da Defesa da Rússia ter anunciado um cessar-fogo temporário e parcial. A decisão acontece depois de terem sido acordados corredores humanitários na última e segunda reunião entre as delegações dos países em guerra, que aconteceu esta quinta-feira, 3.

Mariupol está sob bloqueio e ataque russo há cinco dias por ser um ponto estratégico para a Rússia, dado que é uma cidade portuária, garantindo assim a continuidade territorial entre as forças vindas da Crimeia e as que chegam dos territórios separatistas pró-russos da região de Donbass.

2. Kherson em protesto

Kherson, cidade portuária no território sul da Ucrânia, foi atacada pelos russos há três dias e já falta água, comida e medicamentos. A situação piora cada vez mais e os ucranianos saíram à rua para protestar contra a tentativa russa de "criar a imagem de uma cidade disposta a fazer parte da Rússia", refere a imprensa russa "Euromaidan Press" no Twitter.

3. Putin reforça presença militar

Os russos preparam-se para reforçar militares no terreno, avança uma fonte do governo norte-americano, citada pela CNN Internacional. Sabe-se ainda que a Rússia planeia enviar mais de mil mercenários para a Ucrânia nos próximos dias e semanas.

Os serviços secretos dos EUA dizem ainda que a a estratégia do Kremlin parece passar pelo bombardeamento das cidades até à submissão total, avança a CNN Portugal.

Vladimir Putin também já tinha referido que milícias da Síria, Chechênia e Armênia iam juntar-se aos russos, o que poderá reforçar o poder no ataque à Ucrânia.

5. Ataques às entrais nucleares 

Após o ataque àquela que é a maior central nuclear da Europa, em Zaporíjia, e que desencadeou um incêndio entretanto controlado, a embaixadora americana na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, indica que soldados do Kremlin estarão a cerca de 30 quilómetros da central de Yuzhnoukrainsk, no sul do país.

A central nuclear de Yuzhnoukrainsk é a segunda maior da Ucrânia e a iminência de um novo ataque está a preocupar a ONU. "É um perigo iminente", disse Thomas-Greenfield, que anteriormente tinha dito que "as instalações nucleares não podem fazer parte deste conflito", cita a Fox News.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já apelou a uma resposta imediata por parte da ONU e lembra que o "objetivo é salvar instalações perigosas. O mundo não deve assistir, mas ajudar!", escreveu no Twitter.

6. Crise de refugiados

À medida que a guerra avança, aumenta também o número de refugiados ucranianos que se distribuem pelo mundo. Segundo o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) há, pelo menos, mais de um milhão de refugiados. “Em apenas sete dias assistimos ao êxodo de um milhão de refugiados da Ucrânia para os países vizinhos”, disse Filippo Grandi na rede social Twitter.

Sabe-se ainda que a Rússia acolheu quase 175 mil refugiados, entre os quais mais de 45 mil crianças, avança este sábado, 5, a agência de notícias russa TASS, citada pelo jornal "Expresso".

As regiões que fazem fronteira com a Ucrânia, como a Polónia (que recebeu 106 mil refugiados da Ucrânia nas últimas 24 horas, de acordo com as autoridades polacas) e a Roménia, são os principais destinos dos ucranianos que fogem do seu país.

Também Portugal prepara-se para receber o povo ucraniano, sendo que esta sexta-feira, 4, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, anunciou que "está pronto” o centro de acolhimento de emergência de refugiados ucranianos em Lisboa, instalado num pavilhão desportivo da Polícia Municipal, na freguesia de Campolide.

O turismo também está já a postos para oferecer emprego aos refugiados, há cerca de "40 a 50 mil postos de trabalho" que resultam de uma atual situação de carência de profissionais no setor, segundo a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, ao "Dinheiro Vivo".