Anthony Walker tem 29 anos, é casado e tem três filhos. Vive no Canadá, mas há dias viajou para o sudeste da Polónia, perto da fronteira com a Ucrânia, para combater pelo país sob ataque russo. O  comediante tomou a decisão após ver as imagens da invasão da Rússia e depois de pensar como seria se o mesmo acontecesse onde vive.

"Eu e a minha mulher estávamos a ver as notícias da Ucrânia, as fotos, os vídeos. Era tudo péssimo", disse à BBC. "Pensei: 'Se isto fosse no Canadá, gostaríamos que alguém ajudasse'", continuou, lembrando a "sorte" que tem de ter nascido num país em paz. E foi isso que optou por fazer: ajudar. Mesmo que não tenha qualquer ligação ao país que já vai no sétimo dia de conflito.

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"Não tenho vínculos à Ucrânia. Não sou ucraniano. Sou humano. Acho que essa é uma boa razão para vir aqui", disse à ao canal já perto da fronteira com a Rússia. O comediante não planeia combater, até porque foi considerado clinicamente inapto pelas Forças Armadas canadianas por sofrer de hemofilia (doença que causa problemas de coagulação do sangue).

Pode não ter experiência militar, mas Anthony Walker tem uma enorme vontade de ajudar o povo ucraniano. A ideia do comediante é permanecer na fronteira com a Polónia durante alguns dias, onde tem estado a entregar aos militares o que chega em camiões e a ajudar os refugiados que tentam sair do país sob ataque. "Alguns estão há espera há quatro dias numa fila para passar para este lado da fronteira", disse. "Estão com fome. Com frio. Não é uma boa situação para eles", acrescentou.

Desde que percorreu mais de 8000 quilómetros para ajudar a Ucrânia, Walker tem recebido várias mensagens de pessoas que estão interessadas em voluntariar-se para ajudar ou combater.

Para facilitar o processo, esta segunda-feira, 28 de fevereiro, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, suspendeu temporariamente a exigência de vistos para estrangeiros que pretendam juntar-se ao exército ucraniano, avançou a agência Associated Press, citada pelo "Jornal i". Vários cidadãos americanos e canadianos já estão, entretanto, a caminho da Ucrânia para combater as tropas russas, segundo a Reuters.