Julie A., como é identificada pela imprensa, é a vítima mais jovem do COVID-19. Vivia num subúrbio em Paris e morreu na madrugada desta quarta-feira, 25 de março. Começou com uma simples tosse que se prolongou uma semana, e que tentou combater com xarope e vapores. Contudo, no sábado, 21 de março, começou a ter problemas respiratórios e as complicações foram chegando progressivamente.
"Não era nada de grave, mas começou a ficar sem fôlego", disse a mãe, Sabine, à agência de notícias francesa (AFP), citada no jornal "Huffington Post". No dia seguinte Sabine levou a filha a uma clínica privada onde lhe foi diagnosticada uma deficiência respiratória "aceitável" e foi encaminhada para o Hospital Pediátrico Necker, em França. No hospital fez dois testes para o COVID-19 cujo resultado deu negativo.
Ainda assim, sem que nada apontasse para a infeção com o vírus, o caso de Julie começou a complicar-se e acabou por ser transferida para a unidade de cuidados intensivos na terça-feira, 24, e Sabine recorda que a filha lhe disse: "Dói-me o coração".
Nesse mesmo dia tudo aconteceu e de forma rápida. Foi feito mais um teste cujo resultado, positivo, foi inesperado para família que achava que Julie ia ter alta rapidamente. "Não acreditámos. Pensávamos que eles se tinham enganado. E porque é que estes resultados chegaram tão tarde?”, conta, de acordo com o jornal francês.
Mal Sabine soube do resultado voltou para o hospital. Saiu de casa por volta da meia-noite e a meio do caminho recebeu outra chamada do hospital a pedir que fosse rápido, o que fez com que Sabine percebesse que algo grave se passava. Uma hora depois, por volta da 1 hora da madrugada de quinta-feira, 26 de março, Julie já tinha morrido.
É uma das vítimas mais jovens da COVID-19, que já matou mais de 25 mil pessoas, 1 696 em França. Antes de Jolie, uma jovem de 21 anos, também saudável, morreu esta quarta-feira, 25, no Reino Unido, e outra, de 13 anos morreu no Panamá, tal como anunciado esta segunda-feira, 23, pelo Ministério da Saúde do país. No entanto, neste caso, a rapariga registava uma doença cardíaca. No caso de Julie, nada fazia prever o desfecho final, uma vez que até à data não tinha registado nenhum problema de saúde particular.
“Desde o início, fomos informados de que o vírus não afeta os jovens. Acreditávamos nisso, como toda a gente”, disse a irmã mais velha de Julie, Manon, ao jornal francês. No entanto, apesar de jovem, foi vítima de uma forma grave do vírus que é "extremamente raro" em jovens, tal frisou o diretor-geral da Saúde francês, Jérôme Salomon, ao anunciar a morte da jovem de 16 anos na noite de quinta-feira.
O corpo de Julie está na sala mortuária do hospital Necker e, como precaução, a cerimónia que vai acontecer daqui a alguns dias não vai ter mais de dez pessoas: "Tivemos que escolher quem estará presente", revela a irmã de Julie acrescentando que a mesma "não será maquilhada, nem vestida, não podemos", o que não facilita o luto, mas é uma medida de segurança inevitável dadas as circunstância da pandemia.