Este sábado, 8 de abril, o Twitter ficou em chamas com um vídeo de Dalai Lama. Isto porque, num evento público, que estava a ser transmitido na Voice of America, o serviço de radiofusão internacional norte-americano, que opera em território tibetano, o chefe de Estado e líder espiritual do Tibete fez um pedido inusitado a uma criança.
O vídeo, que se tornou viral nas redes sociais, mostra, num primeiro momento, o Dalai Lama a dar um beijo na boca do menino, quando este se inclinou para prestar homenagem ao monge budista. Depois, o líder espiritual coloca a língua de fora e diz à criança: "Podes chupar a minha língua", ouve-se no vídeo, enquanto se dirige ao menor.
Desde que a polémica irrompeu, Dalai Lama não emitiu nenhum esclarecimento ou resposta ao vídeo, que anda a ser amplamente divulgado nas redes sociais. E os utilizadores do Twitter não estão a ser brandos perante a situação, já que acusaram o monge de "pedofilia", acrescentando que deveria ser preso por este pedido "perturbador".
Apesar da contestação, também há quem considere que se trata de propaganda contra a "santidade de Dalai Lama", como se podem ler em alguns comentários. Ainda assim, a revolta foi tanta que até foi criada uma petição, intitulada "Salvem as crianças de Dalai Lama – vamos parar com o abuso infantil", na plataforma "Change", que conta com mais de 100 assinaturas.
"Admitimos que beijar a bochecha seja normal, mas beijar os lábios ou a língua de um menino em público é definitivamente anormal", escreve o autor da petição. "Considerando o facto de ser um líder religioso, o seu comportamento inadequado pode ser seguido por um grande número de fiéis, aumentando os riscos de abuso sexual e abuso sexual infantil", continua.
Mesmo que, na maioria dos países, não seja muito típico mostrar a língua como modo de saudação, no Tibete esta é uma prática bastante comum. Trata-se de uma tradição que remonta ao século IX, época em que reinava Lang Darma, um imperador pouco aclamado pelas massas, conhecido pela sua língua negra.
Neste país, as pessoas achavam que o rei poderia ter renascido e, para provar que não eram a sua reencarnação, mostravam a língua. Com o passar dos anos, esta prática acabou por se tornar numa saudação tradicional, que agora é encarada como uma forma de respeito, de acordo com a "BBC".