A história não é nova, sendo que até já há um documentário na Netflix sobre o caso, "Homícidio nos EUA: Os vizinhos do lado", no entanto, esta terça-feira, 15 de março, foram divulgadas novas provas sobre o que realmente aconteceu. Pela primeira vez desde a tragédia, foi divulgada uma entrevista (alegadamente confidencial) à amante do assassino, Chris Watts, na qual esta descreve detalhadamente a relação que mantinham e revela todas as mensagens que foram trocadas já depois de este homem matar a própria família.
Depois de ter estrangulado a mulher grávida, Shanann Watts e as duas filhas, Bella, de 4 anos, e Celeste, de 3, Chris Watts continuou a agir como um pai e marido em desespero durante cerca de três dias. Visivelmente emocionado, colaborou nas buscas, falou com vizinhos e chegou mesmo a fazer apelos ao país, enquanto implorava para que 'entregassem' a sua família em segurança.
Em simultâneo, e enquanto tentava eliminar quaisquer provas que o pudessem incriminar, garantia à amante, Nichol Kessinger, que estava inocente. Seja em artigos noticiosos ou até mesmo no documentário produzido por Jenny Popplewell, disponível na Netflix, a amante nunca foi reconhecida como uma personagem de destaque no crime. Agora, todos os olhos estão postos nesta mulher, que revelou todos os detalhes da relação extraconjugal com Watts, numa entrevista exclusiva, divulgada pela própria família de Shanann Watts, através de um canal no Youtube, a 3 de março.
Ao longo deste vídeo de três horas, cuja veracidade é garantida, de forma independente, pela revista "People", Kessinger explica todos os pormenores da relação que partilhava com Watts, do momento em que se conhecerem até ao dia em que este homem lhe garantiu que estava pronto para pedir o divórcio.
"Houve várias discussões sobre a relação [Shanann e Chris]", diz no vídeo. "De vez em quando, falava dos filhos, mas o problema é que nunca foi hostil. Nunca foi agressivo. Nada", acrescenta, com a ressalva de que Chris sempre foi amável na forma como comentava o estado do seu casamento. "Isto não está a resultar", dizia.
"Ainda hoje, depois de tudo o que já descobri, ainda olho para trás e não vejo bandeiras vermelhas [indícios evidentes] na forma como falava da própria família", admite. Sabe-se agora que Shannan, mulher e vítima de Chris, já havia desconfiado da infidelidade do marido — e, dias antes da data da sua morte, chegou mesmo a partilhar com uma amiga as suspeitas de traição, avança a revista "People".
13 de agosto de 2018. Foi esta a data em que Chris Watts estrangulou a mulher, Shanann, na própria casa, no Colorado, nos Estados Unidos. De seguida, acompanhado das suas duas filhas, conduziu até uma área petrolífera onde já tinha trabalhado e enterrou o corpo da mulher. Por fim, sufocou as crianças e lançou os corpos para dentro de dois tanques de petróleo.
Não se sabe qual teria sido o passo seguinte, já que as investigações arrancaram mais cedo do que Watts esperava, depois de um amigo ter notificado as autoridades, assim que se apercebeu da sua ausência. A partir daí, muito se especulou sobre o que teria acontecido. Houve quem apontasse o dedo a Shanann, alegando que teria fugido com as crianças, mas só dias depois de falhar no teste do polígrafo é que Chris se tornou o principal suspeito, conta a mesma publicação.
De acordo com Kessinger, que diz ter tido uma acesa troca de mensagens com Watts, já depois do desaparecimento da família ter sido noticiado, Chris sempre negou o crime. "Eu estava sempre um perguntar-lhe: 'o que é que fizeste?, 'onde é que está a tua família?'", diz.
No entanto, a última troca de mensagens entre os dois foi breve. Nichol Kessinger disse-lhe: 'Se fizeste alguma coisa má, vais arruinar a tua vida e vais arruinar a minha". "Não magoei a minha família, Nicky", foi a última resposta de Chris.
Em março de 2019, já reconhecido como principal suspeito, Chris Watts acabou por confessar os três homicídios. Ainda assim, nunca revelou o que o levou a cometer os crimes. Atualmente, encontra-se numa prisão de alta segurança, a Dodge Correctional Institution, em Wisconsin, nos Estados Unidos.
Cumpre uma pena de prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional. No entanto, mesmo na prisão, é excluído e isolado tanto pelos restantes criminosos como pelos funcionários.
"Ninguém quer ter nada que ver com ele", avança uma fonte à revista "People", citada pelo "The Independent". "Está no nível social mais baixo de toda a prisão. Está em prisão preventiva, porque se estiver perto de outros reclusos, vai estar em perigo. É um excluído e julgado, mesmo entre criminosos."
"É provavelmente o homem mais odiado naquela prisão, porque matou crianças", acrescentou o contacto. "Há uma espécie de hierarquia na cadeia e alguém que magoa ou mata crianças está no fundo."
O documentário sobre o caso, "Homícidio nos EUA: Os vizinhos do lado", encontra-se disponível na Netflix desde 2020.