Primeiro, Donald Trump desvalorizou a doença da COVID-19; depois, acabou infetado e disse estar estável apesar de pessoas conhecedoras da situação revelarem que os níveis de oxigénio no sangue do presidente caíram por duas vezes; agora diz estar imune ao vírus. Problema? Não há garantias quanto à imunidade ao vírus depois da infeção — havendo casos de pessoas infetadas uma segunda vez.

"Parece que estou imune. Talvez durante muito tempo, talvez por pouco." Foram estas as palavras de Trump durante a entrevista que concedeu este domingo, 11 de outubro, à Fox News. "[A imunidade] pode até durar a vida inteira. Na verdade, ninguém sabe. Consegui vencer este horrível vírus da China, passei a todos os testes e estou em ótima forma. Sinto-me fantástico e realmente bem", adiantando ainda que estaria pronto para voltar às suas aparições públicas.

No entanto, na nota publicada na noite de sábado, 10 de outubro, pelo médico da Casa Branca, não há qualquer menção à possível imunidade do presidente. Sean Conley, que acompanhou Trump ao longo do período de recuperação, escreveu apenas que o presidente já não era "um risco de transmissão do vírus para outras pessoas".

Isto significa que não há quaisquer provas de que Donald Trump esteja, de facto, imune ao vírus caso seja exposto a uma fonte de contágio. Na verdade, sabe-se pouco quanto à resposta do sistema imunitário depois de um caso de contágio.

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Há um número consensual de especialistas que acreditam que, depois de infetados, os pacientes passam a ter uma resposta imunitária mais forte ao vírus — mas não há forma de saber se alguém se tornou totalmente imune ao vírus, uma vez que os cientistas ainda não foram capazes de encontrar fatores indicadores de imunidade total. Nesse aspeto, Donald Trump tem razão quando diz que "na verdade, ninguém sabe".

Alguns dos estudos relativamente ao surto do novo coronavírus deixam dúvidas quanto à capacidade de resposta do sistema imunitário depois da infeção, não sendo possível prever quanto tempo a imunidade dura ou porque é que parece variar de pessoa para pessoa. As últimas investigações referem que é possível a imunidade durar alguns meses, embora tenha havido suspeitas de casos de reinfeção de pacientes poucas semanas depois de recuperaram do primeiro caso de contágio.

Após a entrevista, Donald Trump já fez saber que vai regressar à campanha no início da semana começando esta segunda-feira na Flórida, seguindo para Pensilvânia na terça e terminando em Iowa na quarta. Os EUA registam agora mais de 214 mil mortes e mais de 7 milhões de casos de infeção por COVID-19.