Apesar de ter saído do olhar do público após perder a presidência dos EUA para o democrata Joe Biden, há ainda muito interesse na figura de Donald Trump que, no primeiro semestre deste ano, viu os seus comités políticos a arrecadar cerca de 82 milhões de dólares (69 milhões de euros), elevando o seu total de recursos para 102 milhões de dólares (que, após conversão, situação nos 85 milhões de euros), escreve a Agência Lusa, citada pelo jornal "Expresso".
Os valores em questão são considerados inéditos para um ex-presidente, que cessou funções a 20 de janeiro. É que as doações, embora bastante comuns nas campanhas presidenciais para a organização de comícios, de ações de marketing e de criação de novas estratégias para chegar ao eleitorado, têm por hábito começar a escassear assim que o candidato em questão perde uma eleição e começa a estar longe do olhar do público.
No entanto, sabe-se agora que Trump — que já deixou em aberto a possibilidade de voltar a correr à Casa Branca em 2024 —, gerou mais dinheiro do que as campanhas do Partido Repúblicano pelo Senado e pela Câmara dos Representantes juntas, escreve a mesma publicação.
Mais: o aparente interesse por Donald Trump continua mesmo depois do ex-presidente ter visto as suas contas de Twitter, Facebook e YouTube bloqueadas, após um boicote conjunto das três plataformas, por violação dos termos e condições das empresas em questão após o ataque ao Capitólio, em janeiro deste ano, que o próprio incitou.
O ataque ao Capitólio que o próprio Donald Trump incitou
Nos momentos anteriores à invasão, que tinha como objetivo sabotar a transição de poder para Joe Biden durante a certificação dos votos do Colégio Eleitoral pelo congresso americano, Donald Trump discursou para os seus apoiantes com passagens inflamatórias que terão servido como catalisador para o que se seguiu.
"Depois disto [do discurso], vamos caminhar até ao Capitólio para aplaudir os senadores corajosos. E provavelmente não aplaudiremos alguns deles. Porque nunca conseguiremos conquistar de novo o nosso país com fraqueza. Temos de mostrar força e temos de ser fortes. Nunca vamos desistir. Nunca se desiste quando há roubo envolvido [referindo-se às alegações, infundadas, de fraude nas eleições]", disse.
O estrago estava feito. Algum do público acedeu ao pedido e invadiu o Capitólio. Nunca a democracia dos EUA tinha sido atacada desta forma.
No momento em que os senadores e membros da Câmara dos Representantes se preparavam para voltar a reunir, milhares de apoiantes de Donald Trump — que tinham passado o dia na capital — invadiram o edifício. Em poucos minutos, vidros partidos, tiros disparados e a desordem no coração de um país. Os vídeos captados por cidadãos no local, mostram a polícia a abrir o gradeamento para os manifestantes entrarem.
No total, 14 agentes da polícia ficaram feridos, quatro pessoas morreram e mais de 70 foram detidas, algumas por violaram o decreto de recolher obrigatório que fora acionado como resposta à violência, outras por estarem armadas sem apresentarem licença de porte de arma.
À medida que o caos se desenrolou no edifício do Capitólio, Donald Trump apelou à calma daqueles que tinha atiçado, mas continuou a insistir na tese de que as eleições presidenciais tinham sido alvo de fraude.
O ex-presidente nunca apresentou provas para sustentar a alegação.